Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
O bar ao fundo... O motivo era a espera, Uma espera com fim anunciado: Ela não devia demorar!
Na sala cheia Ninguém dava por mim, Naquele canto destinado A ilustres desconhecidos, Como eu, aliás... A multidão falava de quotidiano, Falava de tudo, Mesmo sem muito conseguir acrescentar...
Na minha mente Uma só palavra parecia bailar Entre a ponta da língua E a garganta seca da cerveja Já extinta no copo da imperial, Havia algum tempo...
O bar ao fundo... Uma só palavra... E ela que tardava...
Pela milionésima primeira vez Consultei o relógio, Era verdade: Os segundos continuavam a passar No ritmo incontrolável Do Tempo...
Levantei o olhar... Ela sorriu para mim Uma vez mais, Como mil e uma vezes o fizera Anteriormente...
E a palavra ganhou forma de novo, E o Tempo parou, E o bar pareceu vazio, E a garganta húmida Ganhou voz e lançou a palavra, Pela milionésima segunda vez, Pela ponta da língua:
Chegou hoje ao fim o livro de poesia “Achas de um Vagabundo”. Uma viagem de alguém que apenas tem a internet como interlocutor dos alentos e desalentos da alma e do espírito. Um Haragano que não passa de um sinónimo de um cavalo selvagem, que dificilmente se consegue domar ou de um vadio, um vagabundo que se perde pela bruma da internet, quais limbos sem forma ou definição correcta, numa busca sem significado ou entendimento, pelos caminhos do éter onde, aqui e ali, vai sendo escutado por almas que, de passagem, lhe oferecem escassos momentos de atenção. Por isso ele é o Senhor da Bruma, o Vagabundo dos Limbos, o Haragano, O Etéreo, uma lenda urbana de quem nunca ninguém ouviu falar.
Achas de um Vagabundo, apresenta os poemas: “Adormecer…”, “Alguém”, “Aqui…”, “Ela…”, “Haragano, O Etéreo”, “Felicidade”, “Já se vai…”, “Música”, “Não por mim…”, “Nasce”, “Possa ser eu!”, “Quem…”, “Sexto Sentido”, “Toca-me…”, “Um Copo” e “Um Poema”, numa apresentação da personagem intima do Senhor da Bruma, um ser cuja importância se esgota nele próprio. Longe da sociedade consumista, que gere o mundo, e na qual não se quer ou não se consegue integrar.
A vaidade dos nomes que escolheu nas suas peregrinações virtuais pouco mais reflectem que o isolamento a que se sente votado, quase condenado, pelas circunstâncias que a vida lhe foi oferecendo. O presente blog põe fim às outras publicações do autor na internet onde, desde 1994, publicou pensamentos, crónicas, ideias, livros e poesias. Por este canto do Éter ficarão resumidas as suas palavras e pensamentos, excepto as que por circunstâncias dos tempos não faz sentido aqui reeditar.
Um poema Nada tem de silencioso, Mágico ou natural, É sim um grito mudo Do amago de quem escreve Para a essência de quem lê...
Se for ouvido é música divina, É arte, É voz...
Mas se na valeta Do esquecimento Ele cair Então O poeta morreu uma vez mais, Mas não sem antes sofrer muito Para além do suportável Pelo comum dos mortais...
Quantos de nós, Muito além desse sentido, A que chamamos de audição, Escutamos realmente o grito mudo?
Quantos de nós ouvimos No marasmo do nosso cotidiano Um só poema?
"-Depende..." Dirão os mais sensíveis... "-Eu acho que sim!" Afirmarão os convencidos Pelas lições que a vida Lhes foi dando... "-Eu escuto..." Dirás tu Com medo da tua própria voz...
Um poema Nada tem de silencioso, Mágico ou natural, É sim um grito mudo Do amago de quem escreve Para a essência de quem lê...
Um copo de cerveja e um cigarro... E a música apalpando toda a gente... Um copo de cerveja e um cigarro... E gente sentindo o corpo quente...
Um corpo que deseja e mais um charro... E o álcool subindo calmamente... Um corpo que deseja e mais um charro... E outro corpo aquecendo lentamente...
Um litro se despeja zarpa o carro... E o leito se aproxima ardentemente... Um litro se despeja, zarpa o carro... E zarpa o sangue no corpo da gente...
Um fogo que se inveja, coze o barro E unindo dois corpos fortemente: É movimento, ritmo, ternura, É febre, suspiros e loucura; É infinito num tempo finito, No segundo louco da expansão...
Um grito se solta e é bizarro... É suor, saliva e sucos de emoção... Um grito se solta, coze o barro No exacto momento da fusão!...
É já... ainda não... e mais... agora!... É vem... amor... é dia dos sentidos, É noite, ardor, é dentro e fora, É grito que se quebra em mil gemidos!...