Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
"EU ESPERO" . . Penso sozinho, eu sei, Na solidão... E o silêncio, nas sombras, Não me ajuda... Apenas faz crescer Minha paixão... Apenas me corroi E me tortura Em processos de mágoas E loucura!... . E como se agrava a minha dor... Em mil momentos de pavor... Pois quanto mais eu penso, Mais eu sei, O quanto me doi E me magoa, Ter na solidão a voz amiga Ou um riso cínico de intriga!... . Onde estará o meu amor? Será que me deseja Ou que me insulta? E pensará em mim A flor oculta? Porque será que amar Também é dor...? . Talvez se sinta só, Para além das estrelas, Através de imaginária ponte... Através da linha do horizonte Vem com as ondas do mar, Vem para amar... . Espuma de raiva incontida De querer e me não ter, Mas de ser vida... Mas de ser Ser... . Ela sabe, ao certo, Que a desejo... Me conhece bem Em cada beijo... Ai! Como posso eu Viver sem ela...? . Eu quero o meu amor aqui, Comigo... Brilhando com o brilho De uma estrela!... . Sinto algures alguém... Sinto um respirar na escuridão... E sinto mesmo Sem sentir ninguém Porque oiço bater um coração, No silêncio dos limbos Que não vejo, No escuro vagabundo Onde desejo, Qual Haragano, Um Etéreo ser, Sem forma definida... . Eu a verei até, Talvez, quem sabe, Um outro Inverno... . E esperarei de pé, Mesmo que a força acabe, Na calote cristálica, glaciar, No frio gelado de tão externo... . Se tiver de aguardar... Aguardarei... Aguardarei por meu amor eterno!... . Como um raio de Sol ela será... Tão radiante O gelo fundirá... Nada esconderá o seu semblante!... . Viajar pela noite viajarei... Guiando-me pela luz sem ter sinais... A luz do seu amor, do meu amor, A luz dos nossos ideais!... . E agora, por fim, nada mais digo... Sei... sou... desejo... quero... Eu sei meu amor o que consigo: "-Amor acredita... Amor... eu espero!..." . . Haragano, O Etéreo in Nos Caminhos da Flor
"ETERNIDADE" . . Quando na Praia Grande Um jovem passa, Num surfar que abraça, Sem que abrande, A praia, o mar, O horizonte... . Quando a prancha é ponte, E de fugida, Entre espuma é hino, Pelas vagas da vida, Sem destino... . Quando na curva navega Sobre as ondas, Livre de entrega, Sem fios, sondas, Rumo ao céu divino... . Quando ao mar arranca Pelas águas, Um rufar, qual tambor Em desatino... . Quando, ao Sol que desce, A prancha desliza intemporal, Enquanto o perigo cresce, De forma injusta E desigual: . Eu... vejo no surfista A despedida: Na forma de uma vaga... Em agitar fatal... Me recordando, Um momento de partida Em que a espuma É teu rosto Em lágrimas de sal!... . Não! Não posso mais sentir Tamanha dor... . Meu corpo quero fundir Com teu amor, E, mais que a saudade Que em meu ser hoje treme, Eu quero a força Da vaga que geme, O azul marinho Da longevidade, Eu quero, amor, Contigo a eternidade!!! . . Haragano, O Etéreo in Nos Caminhos da Flor
"ETERNA ROCHA" . . A flor do jardim olhou para mim... Eu, um Vagabundo Dos Limbos, Da net; Senhor da Bruma, da noite; Haragano, O Etéreo... Lenda urbana de quem nunca Ninguém ouviu falar... . Passava perto, a caminho da vida, E a flor do jardim olhou para mim... . As pétalas penteadas pela brisa, O tronco hirto e firme pela certeza, As folhas como braços abertos Em minha direcção... . "- É contigo que eu quero partilhar A minha essência... Aqui, numa cama de pétalas, Sob um céu de luar... . Vem! Terás contigo o perfume da noite, O sorriso das estrelas, A plácida tranquilidade da Serra Perante a eterna vigília da Lua... . Vem! Ocupa o meu jardim, sê meu Senhor, O Senhor da Serra da Lua, Dono do meu amar, do meu amor..." . Olhei a flor do jardim... Ainda suspirava na ansia da resposta... . Olhei a flor, ali, ao sol exposta, Branca e pura como a pura neve, Silvestre e livre como a liberdade, Doce e bela como a natureza... . Sorri... Oh como eu sorri... Sorri de orgulho daquele olhar florido Em mim poisado, De vaidade infinita por me sentir O desejo profundo de uma flor E respondi: . "- Flor, eu sou um Vagabundo Dos Limbos, Da net; Senhor da Bruma, da noite; Haragano, O Etéreo, Lenda urbana de quem nunca Ninguém ouviu falar, Buscava perdido o caminho da vida, Em confusão, e... afinal... Tudo é tão mais simples... . Serei teu e serás minha Se o orvalho da madrugada Eu poder ser em tua sede, Alimentando-te a raiz e o existir... . Serei, enfim, o solo onde te firmas, Servo da terra onde és jardim... . Não te quero eu perder, Dá-me o teu etéreo existir Na eternidade, Transmuta-me na Serra da Lua... . Que a minha voz seja agora A do vento que sopra de Ocidente, A saliva o mar Que desagua no meu corpo E meus passos as pegadas do futuro Que um qualquer dinossauro Marcou na eterna rocha..." . . Haragano, O Etéreo in Nos Caminhos da Flor
"BIUNIVOCAMENTE..." . . Tu és o aroma Que meus passos Adoram percorrer, O sorriso que ilumina O fundo da minha alma, A vida pela qual Eu acabo por descobrir Que tudo valeu a pena... . Mais do que a flor És a essência, A coerência, A relação adequada Entre o sentir Que te transmito Pelo conhecimento do que és E o amor que me difundes No cerne desse mundo Que te constitui... . A essência... A verdade... A pureza dos princípios, A lógica ordenada De nossos olhares, A ordem afrodisíaca De uma linguagem mista, Linguísticamente pura, Absolutamente articulada, Interactiva... . Onde o discurso de incoerente Desagua em ideias Plenas de subjectividade, De nuances incompreensíveis, Em que tudo se resume Àquilo que o coração Chama de Amor... . Tu és o aroma, O texto sagrado De uma religião paranormal Porque transcendente da razão... . Tu és o acontecimento, A situação e mais ainda, A equívoca equação Que não se anula Mas se traduz no intimo Deste teu interlocutor... . A falta de univocidade Pode transformar nossas palavras Num lugar indefinido Que nenhum de nós Consegue controlar... . Mas controlar para quê? Importa sim sentir... Sim... sentir... . O aroma Que meus passos adoram percorrer, O discurso de ideias Plenas de subjectividade, O texto sagrado De uma religião paranormal, A equívoca equação Que não se anula, O lugar indefinido, Sem norma, sem razão, Sem leis, sem regras, Em que biunivocamente Nos amamos!... . . Haragano, O Etéreo in Nos Caminhos Da Flor
"ABAIXO ASSINADO" . . Pelo sorriso Dos teus olhos... . Pelo prazer Dos teus lábios... . Pela suavidade Da tua pele... . Pelo odor Do teu ser... . Pela felicidade Da tua presença... . Pelo amor mais profundo... . Eu, Abaixo assinado, Declaro que te amo, Com toda a força Dos elementos E com o poder Do universo Que me constitui, Para sempre!... . . Haragano, O Etéreo in Nos Caminhos Da Flor
"A PALAVRA" . . O bar ao fundo... O motivo era a espera, Uma espera com fim anunciado: Ela não devia demorar! . Na sala cheia Ninguém dava por mim, Naquele canto destinado A ilustres desconhecidos, Como eu, aliás... A multidão falava de quotidiano, Falava de tudo, Mesmo sem muito conseguir acrescentar... . Na minha mente Uma só palavra parecia bailar Entre a ponta da língua E a garganta seca da cerveja Já extinta no copo da imperial, Havia algum tempo... . O bar ao fundo... Uma só palavra... E ela que tardava... . Pela milionésima primeira vez Consultei o relógio, Era verdade: Os segundos continuavam a passar No ritmo incontrolável Do Tempo... . Levantei o olhar... Ela sorriu para mim Uma vez mais, Como mil e uma vezes o fizera Anteriormente... . E a palavra ganhou forma de novo, E o Tempo parou, E o bar pareceu vazio, E a garganta húmida Ganhou voz e lançou a palavra, Pela milionésima segunda vez, Pela ponta da língua: . Amo-te! . . Haragano, O Etéreo in Nos Caminhos Da Flor
"MENSAGEM" . . Mensagem que me conforte Só p'la mão de um cauteleiro, Que vende fortuna e sorte A quem a comprar, certeiro. . , Haragano, o Etéreo in Baladas de Embalar
"FADO DA MOODY'S" . . Portugal estava no lixo, Foi a Moody's que o pôs lá, Qual maçã podre, com bicho, É pra deitar fora já! . É pra deitar fora já, Depois de séculos de História, Nem importa quem cá está, Pois tramar o tuga é glória. . Isto está mesmo a pedir, Ai, Uma arma de dois canos Cerrados que é pra partir A cara aos "amaricanos". . Mas quem eles acham que somos? Portugal deu a palavra, Temos honra no que fomos, Não somos da sua lavra... . Abutre é aquele que explora O mais pobre ou o mais fraco, Cheira o sangue e não demora A deixar tudo num caco! . Isto está mesmo a pedir, Ai, Uma arma de dois canos Cerrados que é pra partir A cara aos "amaricanos". . A Europa que se una, À nossa volta na luta, Que forme connosco a tuna, Gritando: "filhos da dita!" . Gritando: "Filhos da dita, Novos mundos deu ao mundo Este povo que acredita Conseguir sair do fundo..." . Isto está mesmo a pedir, Ai, Uma arma de dois canos Cerrados que é pra partir A cara aos "amaricanos". . Dois terços do mar na Europa É do nosso Portugal, Não sujeitamos a OPA O nosso país natal! . Se houve um entendimento, Com a Troika do dinheiro, Não nos "lixem" no momento Deixa-nos provar primeiro! .
Isto está mesmo a pedir, Ai, Uma arma de dois canos Cerrados que é pra partir A cara aos "amaricanos". . , Haragano, o Etéreo in Baladas de Embalar
Balada dos Montes Quentes . . À noite sonhei contigo, Sonhei um sonho de amor, Vi em teu peito um abrigo, Nele sequei meu fulgor... . Senti a pele macia, Sob a dureza dos cumes, Senti que todo eu ardia Num epicentro de lumes... . Passei a língua molhada Sobre essa derme aquecida, Esqueci de tudo, de nada, E renasci para a vida... . À noite sonhei contigo, Sonhei um sonho de amor, Vi em teu peito um abrigo, Nele sequei meu fulgor... . Trinquei de leve, com jeito, A carne fofa, encantada, E essa trinca em teu peito Deixou-me a calça molhada... . Logo envolvi os meus lábios, A doce alvura cercando, Beijos que, não sendo sábios, Lá aprenderam amando... . À noite sonhei contigo, Sonhei um sonho de amor, Vi em teu peito um abrigo, Nele sequei meu fulgor... . Suguei-te doido, perdido, Mamei sem sede de leite, De novo fui atrevido, Senti nas calças o azeite... . Fervia já, todo eu, Nessas montanhas montado, Tocando no que era teu E me sentindo tocado... . À noite sonhei contigo, Sonhei um sonho de amor, Vi em teu peito um abrigo, Nele sequei meu fulgor... . E as minhas mãos deslizaram, Sobre os pecados mortais, E, essa carne apertaram, Entre os meus e os teus ais... . E já a roupa tiravas, Nesse sonho que sonhei, Logo quando te entregavas, Por azar, eu acordei... . À noite sonhei contigo, Sonhei um sonho de amor, Vi em teu peito um abrigo, Nele sequei meu fulgor... . E os seios, de almofada, Eram só penas de pato, Na fronha que, enfeitiçada, Quase conseguiu um acto... . Simples pano de algodão, De um palácio fez cabana, Mente quem diz, sem razão, Que o algodão não engana... . .
"AO INFINITO" . . Para se distinguir as formas Importa focalizar o conjunto No seu todo... . Para se conhecer a alma Importa saber ler o ser Na sua essência... . A premência do aperfeiçoamento Gera o maravilhoso campo Do existir com sentimento... . Queremos ser perfeitos Para alguém... Que nunca nós! . Se a arte é longa E a vida é breve... . Se o espírito é força Que a matéria move... . Se o corpo é existir E a alma é ser... . Se a dor é berro... E o amor é grito... . Quero que me falhe Nunca a fala Para poder dar voz ao coração, Que por ti berra e grita ao infinito: . "- Vem arte eterna de ser e de emoção... Tu és o amor que em mim resvala, Palavra de ordem que pode até chorar Mas que não... jamais... nunca se cala!" . . Haragano, O Etéreo in Baladas de Embalar