Poemas de um Haragano: Terra de Vénus – Ardo
XXVI
"ARDO"
A dor que dói assim qual fogo ardente,
Que nos consome em chamas mil, devora
A pouco e pouco a alma, e se demora
Nos consumindo o ser, o sermos gente...
A dor que dói assim me faz demente,
Qual tocha humana que arde a toda a hora...
E em labaredas choro meu ser agora,
Lágrimas inflamadas em torrente...
Eu choro a dor que dói, a dor profunda,
De te perder de mim, de ficar só,
Mas estas chamas fazem mais que dó,
Me tornam a existência vagabunda!
Qual tocha humana eu ardo sem momento,
Que a dor que dói assim não leva o vento...
Haragano, O Etéreo in Terra de Vénus
(Gil Saraiva)