Poemas de um Haragano: Terra de Vénus – Mar Salgado
XXVIII
"MAR SALGADO"
Olho pra mim e não me reconheço;
Perdi brilho e sorriso no olhar;
Ganhei rugas de dor em cada esgar
E sei que já não sou nem quem pareço...
Duvido se de facto te mereço;
E sinto o teu olhar se evaporar
Submisso ao raciocínio singular
De que não sou quem q’rias no começo...
Julgo que a nossa marcha terminou,
Dizes que divergimos nos caminhos,
Juras que troquei rosas por espinhos,
Pensas saber que nada mais sobrou...
Olho pra mim e não me sinto amado;
E parto em meu olhar... um mar salgado!...
Haragano, O Etéreo in Terra de Vénus
(Gil Saraiva)