Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
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17. Beijo de Amor, mais do que dádiva esta é uma ação de total cumplicidade entre os que se amam. Aqui se enquadra a rendição mútua, a entrega voluntária de cada um ao outro, a criação de um elo comum, exclusivo e sentido, porque emanado pelo sentimento mais nobre da dimensão humana. Trata-se de uma partilha onde se troca privacidade por companhia, efémero por permanente, curto por longo, num espaço temporal que se quer aceso e apaixonado por muitos e muitos anos na senda de um deleite que imprime melodia ao coração, harmonia à vida, sonho à eternidade…
16. Beijo Amante, sentir primeiro a pele se arrepiar num frenesim lascivo, de desejo feito carne, sensual em cada toque de mãos, de pele na pele, de corpos se fundindo sem porquê apenas porque a atração é via de um mundo mais perfeito, mais bonito, mais além, com sentimentos cristalinos, justificados pela pureza explicita a que, num só olhar, traduzimos por amor ou bem maior. Depois… depois sentir pelos lábios nos lábios, pela boca na boca, na troca desgovernada de fluidos, gestos e gemidos, cada sentido despertar eletrizante para a vida numa vontade louca que nem explicar sabemos de beijar… Ah, isso é mais que essência, que o todo, isso é viver no deleite supremo de um beijo amante entre amantes.
14. Beijo de Amanhecer, na saída da noite, das sombras, do escuro, na senda de um dia de luz, de cor, de vida, que, por isso mesmo, gera um beijar que nasce dos contrastes do quotidiano que se quer ativo, esperto e no espírito das alegrias de nos sentirmos bem na companhia de quem se quis ou desejou. É o beijar primeiro antes do reboliço ainda não iniciado, sabe a torradas quentes e a café de odores intensos, físicos e naturais, sente-se em crescendo ao som de músicas e palavras distantes saídas de um rádio que não se cansa de nos tentar fazer acordar para mais uma nova realidade em recomeço, e tem, todos os dias, o condão de nos lembrar porque vale bem a pena estar vivo neste perpétuo acontecer.
12. Beijo de Alma, porque há beijos que nem precisam de ser dados para se sentirem bem na essência do nosso interior mais profundo, porque é algo que nos vem do âmago com a intensidade que adur a palavra amor consegue traduzir, com a força que apenas o verbo querer é capaz de transportar, com a certeza que unicamente a verdade sabe transmitir, com a ganância que só pode ser gerada pelo desejo genuíno, rico de sentir, efervescente no molde mas relaxado na execução. Beijo de alma porque poucos o sentem, mas menos ainda os recebem...
11. Beijo de Algodão Doce, mesmo daquele tipo nuvem que deixa tudo e todos muito besuntados, o melhor exemplo de um ato inocente, um dar e receber por carinho apenas, por mimo, sem esperar contrapartidas que não sejam as previamente implícitas na entrega. Este é o beijo que mais rapidamente nos transporta, com uma facilidade quase que instantânea, para a infância em os beijos eram todos assim, exceção feita aos que tínhamos que dar aquelas velhotas mazinhas que depois nos apertavam as bochechas e nos chamavam de bonitinhos com a mais distinta lata. Beijo de algodão doce, um beijo de alegria, de feira tradicional, de música no ar e muito gargalhada, por entre aquela nuvem lambuzada, apenas porque sabe tão bem…
10. Beijo de Alegria, demonstrando claramente o que nos vai no âmago, o que, nesta circunstância, se trata de uma evidente ação de felicidade, de contentamento, seja pelo rever ou pelo encontro de alguém, seja pela mera satisfação do momento ou até pela celebração de uma qualquer efeméride que importa não esquecer pelas boas sensações que nos transmite. É um beijo entregue comummente com uma forte componente de carinho, de ternura ou de entusiasmo, quer este seja originado por uma situação de amizade ou por um instante de amor.
9. Beijo de Agradecimento, simples como o reconhecimento evidente do qual ele é pagamento singelo, apenas com valor de simbolismo e gratidão que se pretende demonstrar inequivocamente a alguém que nos fez bem. Não importa o que se agradece. Seja favor, companhia, ajuda, socorro, apoio económico ou emocional, ou seja, lá o que for, sentimo-nos favorecidos no auxílio desinteressado de quem nos deu a mão. Beijo de Agradecimento dá-se por merecimento, recebe-se por altruísmo.
8. Beijo Agora, podia ter sido ontem, ou poderá ser amanhã, afinal o que importa é que o beijo exista, cumpra a sua função e, sempre que for possível, dele se guarde uma boa recordação; porém, normalmente, os beijos são de um momento e não podem ser dados retroativamente nem mesmo preparados para um qualquer depois, porque beijar é coisa de instante, é como vela acesa que apagada existe até que o curto pavio seja ateado no próprio ato; só nessa altura, nesse segundo, podemos avaliar-lhe a luz, a intensidade, o desejo, a paixão ou o amor que nos revela. É a altura certa para se poder dizer bem alto beijo agora ou nunca…
7. Beijo de Afinismo, que, como o de amor, é procurado igualmente pelos dois intervenientes, é o beijo das almas gémeas, raras de encontrar, mas perfeito na entrega, inqualificável na intensidade, indescritível nas sensações provocadas, impossível de imitar por quem não sente a afinidade, a atração, o magnetismo proveniente da total harmonia entre dois seres, humanos na forma, nos atos, na aparência, transcendentes na cumplicidade, na partilha, na escolha de um caminho único porque outra maneira não existe de ambos poderem sobreviver. Beijo afinista, entregue de peito aberto, recebido de mão estendida.
6. Beijo Afinfado ou beijo de ação, aquele que se dá com genuinidade sã, porque se quer dar, com a determinação esclarecida e sentida de quem, tal como acontece desde tempos imemoriais entre os humanos, pretende deixar vincada a saudade sentida, a alegria de um reencontro, o prazer da companhia gerada pelo destinatário ou destinatária, ou seja, um beijo puro, bonito, alegre, mesmo feliz, que quase roça os que se dão nos contos de fadas mas que, ao mesmo tempo, não deixa de ser absolutamente real, determinado, desejado e pleno.