X
“OS CHALÉS”
Como peças de um grande dominó
Os chalés vestem a encosta
Do Morro de S. Paulo: É Portaló…
Se do Pessoa eu vejo bem o porto
Nos outros se tem igual conforto…
Temos Zélia Gatai, Voltaire
E Jorge Amado,
José de Alencar, Júlio Verne,
José Saramago…
Temos Marguerite Duras
E emoções
Seja em Machado de Assis,
Luís de Camões,
Nas aventuras
De Alexandre Dumas,
Joaquim Ubaldo Ribeiro
Ou Eça de Queirós
Por entre as brumas…
Castro Alves tem também telheiro,
E nem os miseráveis são refugo
Pois que aqui tem também,
Seu chalé, o Vítor Hugo…
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
IX
“EPOPEIA”
Neste hotel de nome Portaló,
Somos como a aranha em sua teia,
Somos o guardião de uma baleia
Num quarto baptizado Moby Dick…
Só importa a quem cá fique
Instalado na encosta,
Saber daquilo que gosta,
Porque aqui não há despique…
No Morro de S. Paulo,
Em Portaló,
Ilha de Tinharé,
Terra de verde e pó,
Banhada de fé,
De azul, de céu e de águas,
Onde o passado em tempos
Lavou mágoas,
Por entre aromas tropicais
E de café,
Olhando paisagens geniais
Escutando um violão,
Um oboé,
Tudo floresce em cada grão de areia
Para gravar em nós esta epopeia…
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
VII
“AS ÁGUAS”
Bebem-se caipirinhas
E sorrisos,
Piropos, adivinhas, muitos risos…
Nas águas da cascata
Da piscina e das praias,
Tudo ao calor resiste e se desnata
Nos biquínis, nas minissaias,
Na chuva que ao cair é catarata
E que minutos depois já se esqueceu
Porque apenas nos lavou o eu…
Ah! Isto sim, é vida!
Águas benditas mais do que água benta,
Que nos fazem esquecer uma partida
Que embora longe já nos atormenta…
Que toquem oboés,
Que dobrem sinos,
Que do velho Sinai desça Moisés,
Que se dance o samba, cantem hinos,
Mesmo após o poente glorioso
Fazer nascer a lua prateada,
Pois tudo aqui é bom, é tudo gozo,
Tudo nos traz a alma embriagada
Neste Portaló feito virtude
Onde cada momento é plenitude…
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
V
“HARMONIA”
Aqui,
Neste hotel me sinto estranho,
Aqui,
Nada é pequeno nem tacanho,
Aqui,
Eu vivo paz, me sinto em casa,
Aqui,
Posso voar sem grão na asa….
Por entre árvores de fruto e palmeiras,
Por entre arbustos, por entre trepadeiras,
Passam correndo répteis velozes,
Lagartos, entre o verde e o castanho,
Fugindo sem tempo para poses,
Com medo de nós pelo tamanho
Ou pelo gargalhar das nossas vozes…
Por todo o lado
Vibra, quase com ardor, a empatia,
O sonho aqui está acordado
E a saudade é meta para um dia…
Tudo aqui é natureza na essência,
Aves, flores, gentes e magia,
Tudo aqui é puro, é existência,
Porque aqui se respira a harmonia…
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)