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"FLOR COLHIDA..."
Ter no sentir o brilho do poente,
Ter o olhar profundo, inconformado,
Que mais parece ser o resultado
Do espelho que da alma é transparente...
Ter no sorriso a luz de um branco quente,
Num cativar exclusivo, arrebatado,
Que tem de simpatia e de pecado
Tanto como de vida e de inocente...
E ser sereia e mar na Internet
Ou flor crescendo em bruto na colina...
Ter tudo, enfim, e ser adrenalina
De quem num só olhar se compromete...
Ser simples como a flor que, ao ser colhida,
Descobre quem por ela dá a vida...
Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)
"LUAR DE SONHOS"
Chegou hoje branca a noite de luar
Com farrapos de sonhos no horizonte
Envolvendo a serra, monte a monte,
Humedecendo as almas de invulgar
Ambiente de oculto secular...
Chegou hoje branca a noite em alva fonte,
Entre luz e mistério sendo a ponte,
Que a Lua não nos diz como alcançar...
Chegou hoje branca a noite... quase trágica,
Translúcida de seres e sentimentos...
Chegou hoje branca a noite e por momentos
Raiou, em sensual passo de mágica,
Poisando branca em teus olhos tristonhos
E os transformando num luar de sonhos...
Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)
“ROSA DO RIO”
Um dia, numa noite, sem esperar,
Ai, a mais bela flor, eu encontrei...
Como uma rosa, digna só de um rei,
Era como veludo ao desfolhar
Sem, no entanto, preciso ser tocar...
Gotas de orvalho nela vislumbrei,
Com um brilho que descrever não sei,
E que então me fizeram deslumbrar...
Mas rosa a flor não era propriamente,
Descia à beira rio sem ter raiz,
Doava a tudo luz de tão feliz
Procurando aventura na corrente...
Era uma flor livre, era um sentimento,
Flor radical, pintura de um momento...
Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)
"D. QUIXOTE"
Um sorriso do olhar... simples, mais nada...
Fazer parar o tempo nessa hora,
Saber morrer de amores, pla vida fora,
Apenas plo teu ar de apaixonada...
E, então, te ver brilhar, de alma encantada,
Nesse crepuscular que a serra adora...
Sentir-te, à luz da vela acesa, agora,
A cintilar de vida, porque amada
Te sentes hoje, pra sempre, meu amor,
Vida, que me cativa e prende enfim...
Ah! Como é bom ser teu e ter em mim
Tudo o que sou, pra dar-me em mais furor...
E se me és Dulcineia, verso, mote:
Faz, por amor, de mim teu D. Quixote!...
Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)
"ARDE"
Arde por teus cabelos o meu ser,
No fogo que deles vem me perco eu...
Arde comigo o sonho sem Morfeu
Nos braços me ter feito adormecer...
Arde, tão lentamente, o meu viver,
Parece durar mais que um jubileu...
Arde deste desejo de ser teu,
De esperança, de loucura, de te ter...
Arde na noite já a terminar,
Luz, que a distância não separa, é...!
Coração, vida, riso, alma, maré,
Ardem juntos num simples relembrar...
Arde no fogo tudo... é divinal...
Arde por ti a aurora boreal!...
Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)
"ALÉM DA MORTE..."
Eu amo-te, Ah!... Como eu te amo vida,
Luz, alma gémea, em mim redescoberta,
Tu és o rosto azul, na sala aberta,
Ao Sol que da janela, de fugida,
Te torna mundo, terra agradecida,
Por seres nascente, fonte, na deserta
Planície de mim, por ti desperta,
Qual Primavera solta, ao ar florida!...
Eu te amo, meu amor, flor encantada,
Perfume que o meu ser à força quer,
Deusa que Deus, um dia, fez mulher,
Para tornar minha alma apaixonada!
Tu és a minha estrela, a minha sorte,
E neste verso, minha... além da Morte!
Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)
"Vida"
Pegar numa palavra sem sentido,
Fazer dela poesia, forma, rosto,
Torná-la expressão ou algo imposto
E dar-lhe a melodia, o ar vivido
Das outras com passado já perdido...
Conotar com prazer ou com desgosto
Essa palavra nova, ainda em mosto,
E dar-lhe um coração vivo, garrido...
Fazer dela senhora... mais: Rainha!...
Palavra das palavras, a maior!
Vida: Pode ser uma adivinha,
Um sonho, um riso, um grito ou um condor...
Seja o que for, Vida é sempre minha:
Amada, vida, dor... ou meu amor...
Haragano, O Etéreo in Terra de Vénus
(Gil Saraiva)
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