Beijo de Primeiro Beijo
308. Beijo de Primeiro Beijo. Primeiro aquela sensação que nos enrola o estomago e nos seca a garganta, o nervoso absoluto da experiência ainda por testar, os suores frios que parecem nascer inexplicavelmente aqui e acolá. Beijo de primeiro beijo em que o coração desata a correr desalmadamente sem, contudo, sair do mesmo sítio. O beijo em que os olhares que se encontram e desencontram numa dança atrapalhada, tímida, mas desejada. Beijo em que os corpos se aproximam sem saber bem como, com braços que se embaraçam no seu próprio laço e rostos que respiram ofegantes naquele momento estático. Beijo, em que tudo parece andar à roda. Beijo em que as bocas se tocam, os lábios que se cruzam, o frenesim vulcânico que nos percorre as veias, o sentir que o mundo faz muito mais sentido do que o que alguma vez tínhamos pensado. Beijo de primeiro beijo, aquele em que as línguas que falam uma linguagem só delas, livremente, para, no auge apocalítico de um tornado de emoções e sensações, se descobrir que a vida é bela e, finalmente, regressarmos a nós num sorriso que abrange o universo.