Beijo de Xarém
426. Beijo de Xarém, um beijo de praia. Regional como o prato que lhe dá o nome. Afinal resume-se em levar ao lume farinha de milho, azeite, toucinho, bivalves do mar, água, sal e um cheirinho de coentros. Só que aqui o lume é representado pela figura do Macho Latino do Algarve, bem no Sul da paisagem portuguesa, dos quais são exemplos "Trê-Bêces", "Zézé Camarinha" e "Carlos Dias". A farinha de milho interpreta o papel das areias das praias quentes da região, sendo que a água e o sal são sinónimos do mar que as banha e refrescam. O toucinho, pouco abundante na receita, ocupa o lugar dos machos de serviço. Os bivalves são a representação evidente da língua e do falo dos ilustres marialvas. O cheirinho a coentro caracteriza bem o ar naïf dos protagonistas e o azeite afigura o bronzeado e o cabelo penteado a gel dos atuantes. O beijo de xarém pode, se tomado à letra, ser, portanto, um beijo a recusar… mas, levado ao mais puro dos sentidos, nada mais é que um ingénuo, alegre, confiante e estival beijo de garanhão, num dia de calor, à beira mar.