Registos da Memória - Brasil - Pipa - II - A Praia do Amor
Brasil - Pipa – II – Praia do Amor - Foto de autor, direitos reservados)
Registos da Memória
II
Brasil – Pipa
Praia do Amor
A tabuleta não engana. A Praia do Amor fica na direção indicada e é um pequeno refúgio de areia entre rochas, a condizer com a própria tabuleta. Para lá chegar, como não podia deixar de ser, é preciso ir imbuído do verdadeiro espírito do amor e ainda ter alguma elasticidade nas pernas e equilíbrio, pois a descida faz-se por um caminho de rochas que obrigam a algum cuidado (que aumenta com a idade).
É claro que os jovens galgam a encosta com uma perna às costas e descem-na com a outra, mas este grupo etário não vai só atrás do amor, vai a ser conduzido pelas garras da paixão e o cheiro a erotismo mais ou menos descarado, dependendo dos ímpetos, de que pode vir a desfrutar nalguns dos recantos da dita praia. O mar é agitado por ali, embora não sendo perigoso, vem banhado pela espuma das ondas excitadas com a chegada à Praia do Amor. Um bar de apoio e alguns chapéus-de-sol para sombra, em tons de amarelo torrado, de verde bem vivo e um ou outro azul, completam o ar tropical, nordestino e “caliente” desta praia.
Os mais velhos protegem-se dos raios mais fortes do sol, sentados nas cadeiras brancas que o bar põe à disposição, protegidos pelos guarda-sóis. Porém, a água é o reino das pranchas de bodyboard e de surf, onde os heróis desafiam Neptuno, para gáudio das meninas que assistem da praia. Por toda a parte se sentem as hormonas que parecem despertas pelo nome sugestivo da praia. Quem não se puser a espreitar cada recanto, junto às rochas, poderá ficar na dúvida quanto ao porquê do nome praia do amor, agora se tiver atenção, já precisa de algum calo para não ruborescer. É tudo isto que a tabuleta indica na sua simplicidade despretensiosa, quase que desprendida do verdadeiro significado do amor. Afinal, o amor fica para aquele lado…
Gil Saraiva