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Desabafos de um Vagabundo

Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU! Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite

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Registos da Memória - Brasil - Pipa - I - A Rocha da Pipa

Brasil Pipa 01.JPG

(Brasil - Pipa – I – A Rocha da Pipa - Foto de autor, direitos reservados)   

Registos da Memória

I

Brasil – Pipa

A Rocha da Pipa

 

Tendo, dois anos antes, visitado Pipa de passagem, regressei ao Nordeste do Brasil e, desta vez, focado em Pipa. Trata-se de um destino turístico de classe média, ou média-baixa, em que a imaginação e alma fazem mais pela terra, do que o progresso e a tecnologia. Todo o meio urbano lembra uma favela reciclada e vestida com roupagens de vila antiga, dedicada à praia e ao turismo. Os investimentos fracassados ombreiam, lado a lado, com os que, por sorte ou solidez de investimento vingaram e prosperam.

Cedo descobri de onde vinha o nome da estância balnear. Porém, metade dos residentes não sabe o porquê, o que para um lusitano parece estranho. Ora, na baia onde Pipa recebe o Atlântico há uma pequena rocha cilíndrica, com mais de quinhentos anos de história, mesmo na ponta do cabo. É essa rocha (dizem-me que já foi maior e mais circular) que dá o nome à estância. Pipa chama-se Pipa, porque, por altura dos descobrimentos, à chegada à pequena baía, os marinheiros portugueses acharam que a rocha se assemelhava a uma pipa. Encontrado o nome de forma tão natural, não houve capitão ou comandante com coragem para escolher outro (normalmente com nome de santo católico ou, pelo menos, de índole religiosa).

Gaviões, águias e urubus, guardam, segundo reza a lenda, a afamada pipa (conforme pude inclusivamente fotografar), porque, algures ali perto, se esconde, há centenas de anos, um tesouro imenso, fruto dos primeiros saques feitos na região. Teve de ser escondido pois o mar revolto não deixou as embarcações saírem da baía e zarparem oceano adentro depois dos roubos. A fortuna enterrada teria sido coberta por uma carapaça de uma tartaruga gigante que servira de alimento aos oficiais encarregues da missão.

Diz ainda a lenda que o espírito da tartaruga fez com que os humanos se esquecessem do local exato do tesouro, como castigo pelo saque e pela morte da centenária tartaruga. Segundo os velhos anciãos, enquanto a carapaça cobrir o tesouro, ele jamais será encontrado…

Gil Saraiva

 

 

 

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