XI
"LILÁS"
Cor mais linda, pintura de açucenas,
Ali, na noite escura, és recordar
Na boca sensual que quer amar...
Uma voz rouca... só... sorrindo apenas...
Imagens simples, férteis e pequenas,
Mas tudo traduzido em um olhar...
Frenética loucura de um gostar
Jamais um mar será de águas amenas...
Um rio de cor, reflexos de sentir,
Um só lençol de seiva, uma choupana,
Que pode um coração fazer explodir
Ao som de um samba sob a luz cigana...
Cor mais linda, que uns lábios faz mordaz,
És por amor, ternura, a cor lilás...
Haragano, O Etéreo in Terra de Vénus
(Gil Saraiva)
IX
“EPOPEIA”
Neste hotel de nome Portaló,
Somos como a aranha em sua teia,
Somos o guardião de uma baleia
Num quarto baptizado Moby Dick…
Só importa a quem cá fique
Instalado na encosta,
Saber daquilo que gosta,
Porque aqui não há despique…
No Morro de S. Paulo,
Em Portaló,
Ilha de Tinharé,
Terra de verde e pó,
Banhada de fé,
De azul, de céu e de águas,
Onde o passado em tempos
Lavou mágoas,
Por entre aromas tropicais
E de café,
Olhando paisagens geniais
Escutando um violão,
Um oboé,
Tudo floresce em cada grão de areia
Para gravar em nós esta epopeia…
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
VII
“AS ÁGUAS”
Bebem-se caipirinhas
E sorrisos,
Piropos, adivinhas, muitos risos…
Nas águas da cascata
Da piscina e das praias,
Tudo ao calor resiste e se desnata
Nos biquínis, nas minissaias,
Na chuva que ao cair é catarata
E que minutos depois já se esqueceu
Porque apenas nos lavou o eu…
Ah! Isto sim, é vida!
Águas benditas mais do que água benta,
Que nos fazem esquecer uma partida
Que embora longe já nos atormenta…
Que toquem oboés,
Que dobrem sinos,
Que do velho Sinai desça Moisés,
Que se dance o samba, cantem hinos,
Mesmo após o poente glorioso
Fazer nascer a lua prateada,
Pois tudo aqui é bom, é tudo gozo,
Tudo nos traz a alma embriagada
Neste Portaló feito virtude
Onde cada momento é plenitude…
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
VI
“A VIGÍLIA”
O sonho parece não ter fim…
Criando praiazinhas graciosas
O mar banha os despontares de areia,
Com flores de espuma, qual jardim,
Regado a gotas de oceano, preciosas,
Pérolas de mar na maré cheia…
De forma suave, harmoniosa,
Chegam as águas fluidas à muralha,
E a meiga ondulação vai radiosa
Penteando as pedras sem batalha,
Numa paz cúmplice que enleia
As margens por onde serpenteia…
Na piscina do hotel a queda de água
Trauteia indolente a voz da vida,
Sem sinas, tristeza ou sequer mágoa,
Apenas porque a vida lhe é querida…
Ao fundo um colorido bar molhado,
Servido por morena no sorrir garrida,
Refresca, por dentro e fora,
O mais acalorado convidado,
P’ra quem as cervejinhas, canapés
Ajudam a ficar mais relaxado,
Sobre a vigília plácida dos chalés….
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
"QUEM..."
Ah! Quem nos olhos trás a Primavera...?
Quem no sorriso tem a branca neve...?
Quem dança como pena, ao vento, leve...?
Quem pode ser humana e ser tão fera...?
Quem faz parar o mundo quando espera...?
A quem a poesia tudo deve...?
Por quem se torna a vida uma hora breve...?
Pra quem nasceu tão meiga esta quimera...?
E quem tem a frescura de uma brisa?
Quem tem traços mais brandos que aguarela?
Quem faz ferver as águas do Tamisa?
É quem o alto Olimpo inveja ao vê-la...
Não se compara a Héstia ou Artemisa...
És tu... que brilhas mais do que uma estrela!
Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)
"LILÁS"
Cor mais linda, pintura de açucenas,
Ali, na noite escura, és recordar
Na boca sensual que quer amar...
Uma voz rouca... só... sorrindo apenas...
Imagens simples, férteis e pequenas,
Mas tudo traduzido em um olhar...
Frenética loucura de um gostar
Jamais um mar será de águas amenas...
Um rio de cor, reflexos de sentir,
Um só lençol de seiva, uma choupana,
Que pode um coração fazer explodir
Ao som de um samba sob a luz cigana...
Cor mais linda, que uns lábios faz mordaz,
És por amor, ternura, a cor lilás...
Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)