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Desabafos de um Vagabundo

Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU! Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite

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Beijo Envergonhado

112 - envergonhado.jpg

113. Beijo Envergonhado dado de forma embaraçada, suavemente, no rosto de quem se quer bem, não sem antes se ter passado por um processo de extrema complexidade… Primeiro no desenvolvimento da ideia (porque a vontade, esse desejo interior de beijar, seria por certo forte desde o primeiro momento). Depois a aproximação gradual, lenta (e quase que em pânico constante de se poder cometer um erro), à pessoa escolhida. Por fim o segundo em que o beijo é desferido (sim, porque por receio a duração será obviamente curta, quase curta demais para ser sentido por quem o recebe), naquela face suave que o acolhe, sem que nunca a recetora sequer possa imaginar como tal feito foi épico e glorioso. Um beijo entregue timidamente, envergonhado, de um modo ténue, como quem colhe uma flor silvestre, num passeio pelo campo na beira de um caminho, e a entrega, de braço estendido cobrindo o rosto, à dama que lhe roubou o coração.

Beijo de Corte

082 - corte.jpg

83. Beijo de Corte, poderia ser este um beijo de vénia, de charme ou à Luís XV, mas embora ele possa ter toda essa força incluída, aqui importa mais o sentido do próprio do fazer a corte, do engalanar-se de rodeios e insinuações para se valorizar. Tudo à volta tem de ser criado de modo a dar-lhe grandeza e interesse, beleza e carisma, desejo e subtileza. Afinal interessa que a dama escolhida se sinta atraída pelo ambiente, pelo cavalheiro e pelo próprio beijo de um modo tão irresistível que a corte se torne eficaz levando a donzela a sentir-se rainha, o cavalheiro a imaginar-se nobre e o beijo a tornar-se épico.

 

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