Poemas de um Haragano: Livro XX - Navegar
"NAVEGAR"
Na frescura da derme acetinada
Se reflectem odores de sangue quente...
Reveste-lhe esse corpo a alma ardente,
Que no brilho do olhar se vê espelhada...
Génese de uma vida, de uma estrada,
Que apenas é trilhada por quem sente
O ser selvagem, por detrás da mente,
Que no sorrir parece tudo e nada...
É morno o toque, doce o paladar,
Fervente o cerne, corpo já sem mágoa,
Que parece nesta hora ir navegar
Em taças de luar, em rios de água,
Onde apenas navega uma certeza:
A chama que o amor mantém acesa!...
Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)