Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
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105. Beijo Egípcio, dado de perfil, sob a tutela do rei dos deuses do Egito fundido com o deus do Sol, Ámon-Rá. Um beijar de olhos quase fechados, num rasgar que apenas nos deixa ver contornes, apelando aos outros sentidos, onde o olfato ganha força, o tato, dimensão e o paladar significado. Beijo entregue a 38 graus à sombra, num calor que vem de dentro, mas que nos refresca e bem dispõe, qual oásis, no meio da densa areia do nosso imenso, infindável e piramidal quotidiano. Um ato que se arquiva no sarcófago sagrado da memória, para sempre mumificado com fragrâncias de oxalá, suspiros de souvenir e contactos recriados em cada recordar. Beijo de abrigo onde ganhamos a energia necessária para prosseguir antes de continuarmos essa viagem única a que chamamos vida.
98. Beijo de Diamante, reluzente no brilho e no glamour que transmite qual joia sem preço numa montra Cartier na mais cara das ourivesarias. Importado de Paris com a assinatura inimitável de um mestre ourives de renome internacional. Um beijo transparente, cristalino, inigualável na sinceridade das intenções com que é enviado. Puro pela soberba integridade que lhe é inerente e pela honestidade ímpar com que é transmitido. Sempre inflexível quanto à nobreza do ato e felicidade da dádiva deliciosamente exclusiva, e, afinal, belo porque único e irrepetível como nenhum outro.
19.Beijo Animado, excitado, entusiasmado, quer pelo toque que se perde na pele quer pelo aflorar dos lábios que nos lembram humores tropicais num ambiente onde o desejo de ambos incentiva o ato. Porém, sempre animado, na senda positiva de um feliz acontecer, porque beijar alguém com sentimento não é um mero beijo dado ocasionalmente em cumprimento, não é rotina, praxe ou uma qualquer conduta de menor ou maior educação, mas sim, antes de tudo o mais, é o cumprir da fome que nos vem do ser, o saciar da vontade que nos invade a alma, o aplacar da arritmia com que bate o coração e o cumprir de uma jornada que, chegando ao fim, nos trás a chave para um novo olhar.