Beijo Rubro
341. Beijo Rubro como as amoras do campo, quase roxas de cor pela concentração dos pigmentos. Um beijo russo, enquanto sobremesa que serve como entrada, ou na boca à Camarada Brejnev, no entanto calmo, como calma nos poderá parecer, à distância, a superfície do Sol. Beijo delicioso, como o sorriso da criança que sorri sem saber porquê, ou, sabendo, esconde o rubescer que se lhe poderia aflorar à pele, para que o sorriso se mantenha assim fácil e inofensivo. Por fim, beijo intenso como um vulcão que após milénios de inércia resolve demonstrar que tem força, poder, vigor e capacidade de ainda se fazer ouvir ou afirmar. Beijo rubro no nervosismo oculto em cada entrega, que se passa por pálido como Lua Cheia, que, por trás, esconde um Sol em eclipse total.