Beijo Zéfiro
432. Beijo Zéfiro, poderia dizer-se, igualmente, beijo Favónio, em homenagem ao deus romano que simbolizava os ventos favoráveis. Porém, Zéfiro, o deus da mitologia grega dos ventos de Oeste é bem mais apelativo. É ele o criador dos ventos de brisa, filho de Aurora e Astreu. O seu sopro era de tal forma fecundo, principalmente com o chegar da primavera, que emprenhava com ele as éguas da Lusitânia. Esta terra onde hoje é Portugal. Tornava assim os cavalos nascidos na região os mais velozes de toda a civilização então conhecida. Ora, este deus, que vivia na Trácia, que fazia fronteira com a Macedónia, era um benfazejo e o verdadeiro mensageiro da primavera, comandando plantas e animais. Um beijo Zéfiro é, portanto, um beijo fecundo, que vem por bem e que chega na estação do acasalamento, com intentos de futuro, terminando num rosto como a brisa morna de uma manhã clara, na boca com repentes de provir, no ventre com votos de gravidez e propagação.