Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
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114. Beijo Envolvente, desenvolvido numa cena de genuína sedução, numa atmosfera carregada de fantasia e rococós própria dos momentos de ultrarromantismo, em que tudo se parece conjugar como que saído de um molde cativante, imprimindo um cunho caraterístico ao local, às circunstâncias e ao tempo. Numa palavra, o cenário revela-se perfeito. Nos olhares sente-se a atração dos corpos, dos rostos e dos gostos. Inesperadamente ela sabe aquilo que a atrai nele e, como que por um inexplicável ímpeto, ele descobre tudo o que ela tem de encantador. Só então o beijo acontece. Lânguido no começar, emotivo depois do primeiro toque, vivido em plena devoção no decurso da ação, envolvente na transcendência do transporte das mentes para as sensações tépidas dos lábios, que se humedecem mutuamente, enquanto ambos se sentem conduzidos para mundos julgados impossíveis. Beijo envolvente que nascendo de um quase nada, sem um como ou um porquê, sem racionalismos ou filosofias, apenas ao serviço das cativações próprias do sentir, desagua em cenas feitas de beijar, por entre sombras vacilantes de velas, que parcas luzes emanam, entre olores lúbricos e palatos feitos quinta-essência, numa foz impetuosa lotada dos mais finos nutrientes de um amar.
89. Beijo Dançado, qual tango pleno que rasga uma sala na intensidade e beleza do ritmo. Dado com o jeito embalado de um samba que se mistura sensualmente com uma lambada de sangue latino porque se quer bem dado, bem sentido e bem emotivo. Entregue finalmente com um cheirinho de valsa, porque elegante, sério e cativante, de passo certo porque honesto e integro. Enfim, um beijo que nos embala numa dança sempre diferente, ao som de ritmos que apelam à ação dos corpos em exercícios de sensualidade que só se atingem dançado. Onde os movimentos dão ao beijar a cadência única daquilo que um dia se recordará como inolvidável.
64. Beijo de Caranguejo, o mais cativante de todos os beijos do Zodíaco e tudo porque não há imitações para este nativo estival. Por definição o Câncer é acolhedor, compreensivo e lutador sempre que o afeto está em jogo ou sempre que alguém se torna um objetivo. Assim são também os seus beijos, afáveis, complacentes, combativos e carinhosos, contudo absolutamente focados e dirigidos num único sentido, numa só via. Nunca servirá qualquer um, apenas aquele alguém específico e não outro qualquer. Quando alcançado o beijo torna-se íntimo, molhado, irrecusável e familiar. Beijo de Caranguejo, um beijo de laços, de união, lento e meigo, privado e exclusivo, onde se declara em palavras ou atos o carinho ou o amor, por isso deveras fascinante, atraente e muito sedutor, sempre na senda do mais puro romantismo.
58. Beijo de Caça, aquele que se inventa quer na selva urbana do quotidiano quer na ruralidade livre e genuína do campo ou dos bosques de um interior misterioso, envolvente e cativante. É, por definição, um beijo predador, longe da anuência romântica dos beijos palacianos. A vítima, qual corça intimidada pela presença viril do caçador, não experimenta o medo normal das presas da caça real, mas sente o frenesim do estomago como se estivesse para abdicar da pureza singela dos seus lábios. Beijo de caça, másculo na transmissão, firme na toma, apaixonado e sensitivo no ato, envolvente na entrega mútua e misteriosamente perigoso pelas circunstâncias apimentadas de adrenalina rubra no hipnótico ambiente em que "consentidamente" se partilha.