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Desabafos de um Vagabundo

Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU! Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite

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Beijo de Corte

082 - corte.jpg

83. Beijo de Corte, poderia ser este um beijo de vénia, de charme ou à Luís XV, mas embora ele possa ter toda essa força incluída, aqui importa mais o sentido do próprio do fazer a corte, do engalanar-se de rodeios e insinuações para se valorizar. Tudo à volta tem de ser criado de modo a dar-lhe grandeza e interesse, beleza e carisma, desejo e subtileza. Afinal interessa que a dama escolhida se sinta atraída pelo ambiente, pelo cavalheiro e pelo próprio beijo de um modo tão irresistível que a corte se torne eficaz levando a donzela a sentir-se rainha, o cavalheiro a imaginar-se nobre e o beijo a tornar-se épico.

 

Beijo de Charme

072 - charme.jpg

73. Beijo de Charme, tradicionalmente depositado, bem à moda antiga, nas costas da mão direita da dama a quem se destina. Obedece ainda ao movimento do fletir das costas do cavalheiro, em gesto de vénia e se bem executado, os olhos deste nunca perdem o olhar da donzela. Assim ele vai medindo interessadamente o impacto da dádiva entregue. Porém existe uma outra forma, mais moderna, de o realizar. Aqui o cavalheiro, vestido a preceito, segura na mão da menina e, em vez de a beijar, encosta-a ao seu peito obrigando à proximidade dos corpos, permitindo a mistura dos odores de cada um. Depois deposita levemente um beijo demorado, porque um segundo nisto quase parece uma eternidade, em cada face da sua companheira, ou, às vezes, ao de leve nos lábios, trocando no final um olhar de fechar de pálpebras com os olhos em brilho cintilante. Beijo de charme, dado com elegância, realizado com pudor, inventando uma malandrice latente, mas contida na espera óbvia de uma rendição.

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