III
"AMAR"
Amar, amar e só amar alguém;
Amar, por toda a vida, eternamente;
Amar, quem só nos ama, loucamente,
Amar, como Florbela... usar também
Por mote um de seus versos, que diz bem:
"Eu quero amar, amar, perdidamente,"
No futuro, passado, no presente,
Amar como eu nunca amei ninguém...
Amar quem nesse amor se adora e ama,
Em chamas de alegria e de calor,
Amar, por quem meu corpo arde, chama;
Chama que arde e dura por amor...
Amar, amar, amar, essa ternura,
Essa mulher que sonho ser loucura...
Haragano, O Etéreo in Terra De Vénus
(Gil Saraiva)
VI
"NAVEGAR"
Na frescura da derme acetinada
Se reflectem odores de sangue quente...
Reveste-lhe esse corpo a alma ardente,
Que no brilho do olhar se vê espelhada...
Génese de uma vida, de uma estrada,
Que apenas é trilhada por quem sente
O ser selvagem, por detrás da mente,
Que no sorriso parece tudo e nada...
É morno o toque, doce o paladar,
Fervente o cerne, corpo já sem mágoa,
Que parece nesta hora ir navegar
Em taças de luar, em rios d' água,
Onde apenas navega uma certeza:
A chama que o amor mantém acesa!...
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
XII
“DESPEDIDA”
No Hotel Portaló o ser se reparte
Qual afago, festa ou cafuné,
De chalé em chalé
Cultura é baluarte
Que à natureza se mistura
Com engenho…
Quem chega,
Chega a um mundo à parte;
Quem parte
Não esquece o desempenho
De quem
O acolheu naquele hotel,
De quem
Lhe deu guarida,
Deu quartel,
Deu nova vida…
Portaló não é porta,
É como um véu,
Passar por ele só importa
Para quem quer ficar perto do céu…
Quem parte
Leva natura e arte
Quem chega
Tem saudades quando parte…
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
"TIMIDEZ"
Vai ao anoitecer haver luar...
Das nuvens nós faremos fértil cama
E servirão cometas, cauda em chama,
Para lençóis tecermos com vagar...
Vai ao entardecer ferver o ar,
Na orvalhada terra cozer lama,
E vai a própria vida arder de fama
Ao sentir duas almas gémeas, par,
Prontas pra se fundirem num só grito...
Vai ao anoitecer tecer a Lua
Mantas de estrelas, capas de infinito,
Só pra cobrir a tua forma nua...
Vai o entardecer nascer cortês
Rendido ao teu sorriso e timidez!...
Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)
"ESTRELA"
Na noite hiper-estrelada procurei
Sob o brilho do Verão, à Lua Cheia,
A estrela mais brilhante da cadeia...
Mas desse cintilar todo encontrei
Apenas uns reflexos, mera grei,
Coisas pequenas como a Cassiopeia,
Sem alma, sem chama ou epopeia...
Na noite hiper-estrelada eu tentei
Achar o diamante mais perfeito,
Um tal que me aplacasse a agonia
Da saudade inflamada no meu peito...
Na noite hiper-estrelada fez-se dia,
Ao encontrar a Estrela, amor, enfim,
Brilhando nos teus olhos para mim!...
Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)
"NAVEGAR"
Na frescura da derme acetinada
Se reflectem odores de sangue quente...
Reveste-lhe esse corpo a alma ardente,
Que no brilho do olhar se vê espelhada...
Génese de uma vida, de uma estrada,
Que apenas é trilhada por quem sente
O ser selvagem, por detrás da mente,
Que no sorrir parece tudo e nada...
É morno o toque, doce o paladar,
Fervente o cerne, corpo já sem mágoa,
Que parece nesta hora ir navegar
Em taças de luar, em rios de água,
Onde apenas navega uma certeza:
A chama que o amor mantém acesa!...
Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)
"ARDO" A dor que doi assim qual fogo ardente, Que nos consome em chamas mil, devora A pouco e pouco a alma e se demora Nos consumindo o ser, o sermos gente... A dor que doi assim me faz demente, Qual tocha humana que arde a toda a hora... E em labaredas choro meu ser agora, Lágrimas inflamadas em torrente... Eu choro a dor que doi, a dor profunda, De te perder de mim, de ficar só, Mas estas chamas fazem mais que dó, Me tornam a existência vagabunda! Qual tocha humana eu ardo num momento, Que a dor que doi assim não leva o vento... Haragano, O Etéreo in Século XXI