Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
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120. Beijo Espião, ou à espião, dado na senda romântica dos filmes do 007, o tal James, James Bond, na versão Sean Connery, onde o charme de quem beija se funde com a deliciosa ternura de quem recebe, num ambiente de paraíso indescritível, mas normalmente acompanhado de mar azul transparente e calmo, areia dourada, fina e macia. Um beijar onde ambos se enleiam protegidos pela sombra de palmeiras ou coqueiros enquanto um Sol ameaça fugir bem para lá da linha do horizonte. Entregue na horizontal pelos corpos enrolados numa espreguiçadeira de pano-cru, tendo de um lado uma mesinha de apoio, com as tradicionais bebidas tropicais enfeitadas de sombrinhas e rodelas de fruta carnuda, a fazer lembrar os lábios da dama com quem ansiamos fundir finalmente os nossos.
86. Beijo Cristalino como a gota de orvalho que seca a sede ao cato do deserto. Uma expressão que não me canso de usar pela força de vida que a imagem transmite, homenageando o grande Guerra Junqueiro. Porém, num beijo de elevada pureza, o realce tem de passar pela luz e brilho que o cristal aqui imprime. Seja um cristal de Murano, famoso pela arte e qualidade artesanal com que os italianos na ilha de Murano, ao largo de Veneza, fazem as suas peças, consideradas autenticas obras de joalharia e cristal, seja ainda um Bacará, sinónimo de status e opulência, charme e sofisticação, seja um Atlantis, símbolo de ressonância que se propaga no espaço dando aquela sensação de infinito, do brilho, da transparência e da luminosidade com que se chega ao belo. Beijo cristalino porque a perfeição é eterna.
83. Beijo de Corte, poderia ser este um beijo de vénia, de charme ou à Luís XV, mas embora ele possa ter toda essa força incluída, aqui importa mais o sentido do próprio do fazer a corte, do engalanar-se de rodeios e insinuações para se valorizar. Tudo à volta tem de ser criado de modo a dar-lhe grandeza e interesse, beleza e carisma, desejo e subtileza. Afinal interessa que a dama escolhida se sinta atraída pelo ambiente, pelo cavalheiro e pelo próprio beijo de um modo tão irresistível que a corte se torne eficaz levando a donzela a sentir-se rainha, o cavalheiro a imaginar-se nobre e o beijo a tornar-se épico.
76. Beijo de Classe, um daqueles que tem mil maneiras de se entregar, mas que exige sempre a mesma conduta. Primeiro: nobreza na apresentação, obrigando a que o vestir emane bem-estar, confiança e charme. Segundo: requinte na entrega, usando as mais pequenas subtilezas como se de um jogo de emoções e fascínio se tratasse. Terceiro: sedução no porte e nos movimentos exalando aromas suaves de uma colónia requintada ou de um "aftershave" de marca bem masculina. Quarto: suavidade no depositar dos lábios, como se a seda e o cetim tivessem sido inventados para estar juntos e inflamarem corpos nessa união. Por fim, dedicação em cada olhar, gesto ou atitude porque a classe torna única a mulher assim beijada.
73. Beijo de Charme, tradicionalmente depositado, bem à moda antiga, nas costas da mão direita da dama a quem se destina. Obedece ainda ao movimento do fletir das costas do cavalheiro, em gesto de vénia e se bem executado, os olhos deste nunca perdem o olhar da donzela. Assim ele vai medindo interessadamente o impacto da dádiva entregue. Porém existe uma outra forma, mais moderna, de o realizar. Aqui o cavalheiro, vestido a preceito, segura na mão da menina e, em vez de a beijar, encosta-a ao seu peito obrigando à proximidade dos corpos, permitindo a mistura dos odores de cada um. Depois deposita levemente um beijo demorado, porque um segundo nisto quase parece uma eternidade, em cada face da sua companheira, ou, às vezes, ao de leve nos lábios, trocando no final um olhar de fechar de pálpebras com os olhos em brilho cintilante. Beijo de charme, dado com elegância, realizado com pudor, inventando uma malandrice latente, mas contida na espera óbvia de uma rendição.