Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
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245. Beijo em Menina feita Mulher. Qual Maria da Fonte, de arma em punho, exigindo dos homens a devida indemnização pelos longos milénios de subserviência forçada. Qual Cleópatra, despertando para a existência, fazendo de imperadores romanos servos do seu erotismo divino. Beijo em menina, que num beijo se desperta para o resto da vida com a agilidade da gazela. Beijo que gera a entrega nada molificada, mas sim ávida de quem, ao sair do ninho, se lança aos perigos do futuro num primeiro voo feito de risco e assombro. Beijo em menina que nasceu para ser mulher.
45. Beijo em Bandeja dourada, servido na mais soberba prataria por se tratar de um beijo que honra o Dia Internacional da Mulher. Um beijo de agradecimento, de reconhecimento, de homenagem, de admiração ou de amor, seja ele ornado de hortelã e alfazema, acompanhado por mimos aos cachos, com molhos de cumplicidade e temperos de alegria, seja servido em cru, sobre o brilho da prata dourada que é como ferrugem se comparado à luz que a dama emana. Mulher feita menina, a quem se entrega a vassalagem mínima devida por séculos de luta, pela companhia e pela esperança transmitida em cada olhar. Beijo em bandeja dourada pelo sorriso radioso dessa boca feita Sol onde os meus olhos se eclipsam.
O outro dia Foi o dia internacional da Mulher, Mas...? Então... e hoje...? E os outros trezentos E sessenta e quatro dias De quem são?
Um eu sei... Onde há peru ou leitão... É Natal, dia do Rei, Do Papa ou do sacristão... . Outro ainda eu conheço, É terça de Carnaval, Tem também um da Criança E outro dos Namorados...
Mas que nos importa afinal Esses dias de lembrança, Seja dia de Finados Ou dum longo tempo Pascal?
E o dia do ladrão? Da alegria? Da velha? Da fome ou da tradição?... Ninguém me diz quando são?
O dia internacional da Mulher... Mas que coisa que inventaram, Um dia que aproveitaram Para enganar quem quiser... Exploram e chamam fraco Ao sexo feminino... Mas é bébé? É menino? Não! É medo... Eu sei, É medo que fique forte... Dão-lhe um dia, fazem corte, E até dele criam lei... Mas que grande hipocrisia, Dos senhores da valentia...
O outro dia Foi o dia internacional da Mulher, Mas...? Então... e hoje...? E os outros trezentos E sessenta e quatro dias De quem são?
São daqueles A quem um seio materno Deu vigor, amor, dedicação... São daqueles por quem Esse ser terno Sentiu dor, fome, Raiva, humilhação...
Nos outros dias do ano, Nos dias do dia a dia, Eu vejo a panela ao lume, A casa passada a pano, A rotina do costume: Roupa cosida, lavada, Comida bem preparada, Casa pronta, chão esfregado, E o soalho encerado... Mais o trabalho lá fora, Pago por meio ordenado, Se quiser, ou vai embora...
Nos outros dia do ano Sexo fraco é pra manter, Assim manda o soberano, Porque assim é que é viver... Ter que ser mãe E ser escrava, Fazer tudo E calar só, Andar descalça na lava E depois limpar o pó... E não esquecer o marido, Pois o pobre homem, coitado, Deve estar aborrecido, Se deve sentir cansado, Porque cansa ser servido E dar ordens bem sentado...
O outro dia Foi o dia internacional da Mulher, Mas...? Então... e hoje...? E os outros trezentos E sessenta e quatro dias De quem são?
Não importa Mulheres do mundo inteiro, Digam: Não! No Paquistão, Ou no mais simples outeiro...
Desse dia da mulher Façam um dia de luta! Porque há-de a mulher ser puta E o homem garanhão? Nesse dia da mulher Façam vigílias e luto Contra o Patriarca bruto, Neste mundo de tabus e repressões... Digam bem alto, gritando: "- Chega de humilhações!"
Que esse dia da mulher Seja apenas mais um dia Para as que já conquistaram O que mundo lhes devia... Porém, Para a maioria É o dia da revolta, Não de festa, Mas de garra, De uma garra que se solta Para acabar a fanfarra, Para impor a igualdade, Pra conquistar: Liberdade!
O outro dia Foi o dia internacional da Mulher, Mas...? Então... e hoje...? E os outros trezentos E sessenta e quatro dias De quem são?
Um eu sei... Onde há peru ou leitão... É Natal, dia do Rei, Do Papa ou do sacristão...
Outro ainda eu conheço, É terça de Carnaval, Tem também um da Criança E outro dos Namorados...
Mas que nos importa afinal Esses dias de lembrança, Seja dia de Finados Ou dum longo tempo Pascal?
E o dia do ladrão? Da alegria? Da velha? Da fome ou da tradição?... Ninguém me diz quando são?
O dia internacional da Mulher... Mas que coisa que inventaram, Um dia que aproveitaram Para enganar quem quiser... Exploram e chamam fraco Ao sexo feminino... Mas é bébé? É menino? Não! É medo... Eu sei, É medo que fique forte... Dão-lhe um dia, fazem corte, E até dele criam lei... Mas que grande hipocrisia, Dos senhores da valentia...
O outro dia Foi o dia internacional da Mulher, Mas...? Então... e hoje...? E os outros trezentos E sessenta e quatro dias De quem são?
São daqueles A quem um seio materno Deu vigor, amor, dedicação... São daqueles por quem Esse ser terno Sentiu dor, fome, Raiva, humilhação...
Nos outros dias do ano, Nos dias do dia a dia, Eu vejo a panela ao lume, A casa passada a pano, A rotina do costume: Roupa cosida, lavada, Comida bem preparada, Casa pronta, chão esfregado, E o soalho encerado... Mais o trabalho lá fora, Pago por meio ordenado, Se quiser, ou vai embora...
Nos outros dia do ano Sexo fraco é pra manter, Assim manda o soberano, Porque assim é que é viver... Ter que ser mãe E ser escrava, Fazer tudo E calar só, Andar descalça na lava E depois limpar o pó... E não esquecer o marido, Pois o pobre homem, coitado, Deve estar aborrecido, Se deve sentir cansado, Porque cansa ser servido E dar ordens bem sentado...
O outro dia Foi o dia internacional da Mulher, Mas...? Então... e hoje...? E os outros trezentos E sessenta e quatro dias De quem são?
Não importa Mulheres do mundo inteiro, Digam: Não! No Paquistão, Ou no mais simples outeiro...
Desse dia da mulher Façam um dia de luta! Porque há-de a mulher ser puta E o homem garanhão? Nesse dia da mulher Façam vigílias e luto Contra o Patriarca bruto, Neste mundo de tabus e repressões... Digam bem alto, gritando: "- Chega de humilhações!"
Que esse dia da mulher Seja apenas mais um dia Para as que já conquistaram O que mundo lhes devia... Porém, Para a maioria É o dia da revolta, Não de festa, Mas de garra, De uma garra que se solta Para acabar a fanfarra, Para impor a igualdade, Pra conquistar: Liberdade!
No mundo existe um ser, quase irreal, Ao qual foi dado o nome de Mulher...
E é tão bonito ouvir dizer Mulher...
Mulher Ou o berço mais perfeito, Mais subtil, A fonte de toda a Humanidade, Aquela luz que brilha Dia e noite A todos quantos lhe chamaram Mãe!
E é tão bonito ouvir dizer Mulher...
Mulher, Nogueira que os anos reduziram A mobília de luxo, Estilizada, De porte antigo, Austero e imortal; Ou em mesa de sala, Gasta, enegrecida, Onde outras gerações contam segredos Aos nós ou aos ouvidos da Avó...
E é tão bonito ouvir dizer Mulher...
Mulher Ou vida que cresceu e que floriu Sob o olhar da águia e do falcão; Até que ganhou asas... liberdade; Até olhar pra trás e num sorriso Dizer que já foi nossa a nossa Filha!
E é tão bonito ouvir dizer Mulher...
Mulher Ou alma ou coração; que terno... Tão piedoso... O cofre-forte, O banco da saudade, A gema cristalina em mais pureza, O símbolo mais casto da justiça, O sinónimo exacto para um Anjo!
E é tão bonito ouvir dizer Mulher...
Mulher Ou espada reluzente, tão certeira, Tantas vezes fria que foi neve, Mordaz, esperta, vingativa, Uma artimanha feita de truques, Trevas e tristezas, reflectindo no espelho Lucifer!
E é tão bonito ouvir dizer Mulher...
Mulher Ou miragem de outros Tempos Neste Tempo; A gota de água que ao cair deleita A terra que a recebe saciada; A estrela mais notável porque bela, O termo mais correcto pra Beleza...
E é tão bonito ouvir dizer Mulher...
Mulher, Tambor, apocalipse de emoções, Ritmo frenético dos homens, o gosto, Aquele sabor a sal tão doce... Os dias que nem têm uma hora Pra quem olha pra ti e grita: "Amor"; Pra quem nasce pra ti e quem, um dia, Já dentro do teu corpo diz Mulher!
E tu Simplesmente sorris, Porque é bonito ouvir dizer Mulher...