Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
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Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
71. Beijo Certeiro, dado sem tabus ou sem receios, destemidamente, com frontalidade, alegria, vida e paixão. Um daqueles que se dá com confiança, com a noção exata do que se quer e do que se espera, porque julgamos saber que a face a que se destina será por certo uma graciosa anfitriã. Para o darmos a alguém, e enquanto ato voluntário, temos de ter a certeza de que, do outro lado, existem pelo menos sinais de empatia e afeição. Este pode tornar-se num beijo surpreendente de conquista atingindo uma dimensão única de verdade. Tudo num caminho evolutivo que se avalia como sem regresso. Só assim se provoca a fusão de almas, o inflamar dos corpos, a plenitude dos seres, a busca do apocalipse dos sentidos, a divina glória do êxtase na vulcânica explosão de mil orgasmos...
69. Beijo Cego, aquele que se dá quando se confia plenamente no destinatário do dito cujo. Quem o recebe tem de merecer a nossa confiança, empatia, amizade e muito possivelmente uma muito boa dose do nosso carinho. Aqui, exige-se o fechar dos olhos num depositar mútuo de certezas numa total ousadia, sintonia, dedicação e ternura. Beijo cego, de olhos fechados, significando que ambos estarão muito perto daquilo que se pensa ser possivelmente o beijo perfeito, cúmplice na partilha, destemido na entrega e completamente invisual porque absolutamente crente, totalmente conseguido e finalmente triunfante.
39. Beijo de Aurora, surgindo suave como o advento calmo de uma madrugada de verão. Chegando sem pressas entre o movimento inicial de uns lábios e terminando descontraidamente na superfície da derme de um rosto, com naturalidade, de uma forma simples e singela, com a mesma leveza com que, por um qualquer motivo agradável, geramos um sorriso ou executamos um cordial cumprimento de cabeça. Sim, porque, no íntimo, apenas queremos transmitir empatia e, lá no fundo, deixar um pouco do que somos na memória de quem e a quem entregamos placidamente o nosso terno beijo no amanhecer.
35. Beijo Artístico, onde a forma e o enquadramento ganham vida envolvidos em vários detalhes tais como a humidade dos lábios, o calor da pele da recetora, o luxo gasto no tempo para o preparar, os odores suaves sentidos na afinidade dos Phs, o ambiente pormenorizadamente criado envolvendo a escolha do local, a luz do dia, as fragrâncias selecionadas de maneira a inebriar o meio, o vestuário usado disfarçando detalhes menos convidativos, a exclusividade da escolha, a arte de transmitir o sorriso bem-disposto de uma amizade com futuro, de um conhecimento que se inicia, de uma partilha que se deseja, de um sonho que se quer sentir real, vivido e alcançado. Toda esta preparação requer vontade, desejo, sinceridade e empatia, não apenas de quem oferece o beijo como, principalmente, de quem o acolhe. No final está tudo no que ambos os olhares disserem nesse instante em que as almas não sabem mentir…