Estéril 28/11
"ESTÉRIL"
Ali! Reparai nela, ó Salvador,
Ali, naquela casa, nesse canto,
Coberta daquele feio, negro manto,
Pertinho da lareira, num torpor...
Ali está ela... Oh! Vede-a Senhor,
Tão jovem... tem na face o triste pranto
Escondendo-lhe a beleza e o encanto,
Descobrindo-lhe as rugas de temor!...
Essas marcas fatais de vil tormento,
De espera vã... de eterno sofrimento,
Num rosto por si só, superior arte.
Ó Senhor... do Divino Vosso Brilho,
Dai à pobre mulher ínfima parte,
Fazei com que o seu ventre gere um filho!
Haragano, O Etéreo in Cristal de Areia