Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
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101. Beijo Doce como a cana-de-açúcar que nos oferece o milagre guloso desse pó que nos turva o olhar e nos invade alegremente as papilas gustativas. Salgado como a vaga da praia-mar que vem forte em direção à areia com a intenção última de a deixar húmida e sedenta de vida, mas por isso mesmo doce de novo. Terno como o brilho de um luar que chega do alto e nos transporta para paraísos de negro ou azul-escuro raiados da platina de uma Lua Cheia de encanto, romance e beleza. Feliz como um qualquer amanhecer de verdadeira primavera sob o cantar das aves que, pelo bater das asas, aplaudem esse beijo que parecendo néctar é simplesmente doce.
21. Beijo de Ano Novo, antes de mais trata-se de um ato feliz, de partilha de uma passagem entre o que acaba para um novo ciclo que se inicia. Será sempre um beijo entregue entre borbulhas de champanhe, ao som de foguetes eclodindo pelos céus distribuindo figuras, imagens e cores garridas que tornam humilde o mais imponente arco-íris. A dado instante, por entre toda a gente que festeja, procuramos com o olhar ávido a quem queremos bem, brindamos, cumprimos os rituais e trocamos um beijo intenso, seguro, absoluto e decidido como poucos outros, é o mais perfeito rito de cumplicidade, de entrega e de certeza, sendo igualmente perfeito quer na amizade como no amor. Beijo a dois, entre mil, beijo de Ano Novo.
Na rua, Perto à praia, Uma menina chora a sua ferida, Caiu da bicicleta Ainda há pouco...
E a tromba de água Se aproxima...
A onda voa pelas ruas Tentando alcançar a Morte... A rapariguinha já fugiu... Mas eu... Eu saio à rua deserta E a Morte chama por mim...
Eu enfrento a Morte Com a minha morte; Mas a Vida... Essa, não me compreende; Pois ela me amava... Estou feliz!...
Matei a raiva; Estrangulei o medo; Assassinei o ódio; Afoguei tudo o que há em mim...
E a pedra da calçada Perguntou-me: "- Porquê? Qual a razão para não viver?"
Eu, Olhando um horizonte Sem tréguas e sem esperanças, Respondi: "- Eu enfrento a Morte Com a minha morte..."
Mas a Vida... Essa.... Continua sem me compreender; Pois ela me amava... Estou feliz!...
Matei a compreensão; Guilhotinei o amor; Apaguei a ternura; Maltratei a sorte; Matei tudo o que havia em mim...
Mas os animais... Os marginais... Esses entenderam; Pois são seres mal vivos... Como eu fui...
As pedras... Essas... Ahhhh!... Nunca viveram... Como poderão elas desejar morrer?...
Só! Eu enfrento a Morte Com a minha morte... Mas a Vida... Essa... Jamais me compreende... Pois ela me amava; Talvez.... Talvez saiba quando morrer!... Estou feliz!