Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
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111. Beijo Entregue em qualquer circunstância, ambiente ou idade. Pode ser dado nas noites frias de inverno onde o calor de uma face quente tem no conforto ameno um refúgio seguro. Pode chegar em pleno outono dum passeio tardio, por entre tapetes de plátanos e árvores coradas pelas vestes seminuas que por ora envergam e onde o encostar dos lábios a um rosto tem semelhanças de aconchego e de abrigo. Pode nascer numa manhã chilreante de primavera, por entre os matizes verdes dos jardins pincelados de mil cores pelas flores que acolhem insetos e aves num convite explicito à polinização, em que beijar alguém nos faz sonhar com futuros dias de felicidade. Pode desaguar em pleno verão, à sombra de uma sombrinha, toldo ou guarda-sol, com uma bebida refrescante numa mão e um sorriso no semblante, em que o beijo desferido transpira desejo, anseia colo e inventa loucuras. Afinal apenas importa, seja onde for, seja como for, que o beijo entregue cumpra o ciclo, transfira o sentimento, apague o desejo e se instale triunfante no seio vulcânico dos corações que por ele batem a vida inteira.
77. Beijo de Clave de Sol, dado sem Dó, sem fuga para a Ré, por Mi inventado, sem mais Fá… sem mais fá… sem mais fados, em dia de Sol que não vem de Lá e entregue a Si. Distribuído entre sorrisos musicais que cantam canções que falam de flores, de primavera, de mãos dadas e entrelaçadas como raízes de árvore em terra firme, sob a vigilância atenta das andorinhas, guardiãs de ninhos e paladinas do acasalamento festivo por entre o verde que se torna rubro de uma natureza que se renova intensamente nesta época melódica. Clave de Sol, na sensualidade das suas curvas, se convida a um beijo prenhe de esperanças…