Poemas de um Haragano: Livro XXI - Verde e Ouro
III
“VERDE E OURO”
Quem não queria poder ver mais além?
Se olhar a Bahia na chegada, lá do ar,
Nos faz sorrir, tremer, e mais, sonhar,
Ao descer encontramos outro bem
Ao continuar ainda mais mirando,
Ao vermos, por fim também, focando
As torrentes cristalinas de água
Agora desabando
Em chuva tépida, lágrimas sem mágoa,
Que nos mostram as ilhas na paisagem,
Frente à Bahia, quase uma miragem,
Como gotas puras, meigas, generosas,
Quais gemas saindo preciosas
Do Atlântico que lhes presta vassalagem…
As mornas chuvas tropicais vão lavando
Nas ilhas o verde e o ouro naturais
E em instantes, minutos, vão limpando
Os tons de jade puro e de cristais,
Por caminhos tornados aquedutos,
Onde as águas escorrem cristalinas,
Onde chapinham rapazes e meninas…
A natureza parece estar sorrindo,
Banhada de alegria ao Sol fugindo
Qual corcel, que por ravina,
Ao vento correndo dá à crina…
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)