II
"ALGUÉM"
Vagabundo dos Limbos...
Haragano, o Etéreo...
Jangada de palavras
Que flutuam pela net
Sem um rumo certo...
Sou
Aquilo que sempre fui:
Um sonhador!...
Sinto todas as lágrimas
Que choro em gotas de bits
E cascatas de bytes
Sem destino...
Sou
Um Vagabundo dos Limbos...
Sou
Haragano, o Etéreo...
Que mais posso almejar
Do reino das palavras?
Quero a verdade!
E isso é muito?
Rindo de mim mesmo
Vou ficando...
Quem verdade fala
A um haragano?
Quem, na jangada,
Tem rumo, destino?
Ah!...
Tem de haver alguém...
Haragano, O Etéreo in Achas para um Vagabundo
(Gil Saraiva)
VI
“A VIGÍLIA”
O sonho parece não ter fim…
Criando praiazinhas graciosas
O mar banha os despontares de areia,
Com flores de espuma, qual jardim,
Regado a gotas de oceano, preciosas,
Pérolas de mar na maré cheia…
De forma suave, harmoniosa,
Chegam as águas fluidas à muralha,
E a meiga ondulação vai radiosa
Penteando as pedras sem batalha,
Numa paz cúmplice que enleia
As margens por onde serpenteia…
Na piscina do hotel a queda de água
Trauteia indolente a voz da vida,
Sem sinas, tristeza ou sequer mágoa,
Apenas porque a vida lhe é querida…
Ao fundo um colorido bar molhado,
Servido por morena no sorrir garrida,
Refresca, por dentro e fora,
O mais acalorado convidado,
P’ra quem as cervejinhas, canapés
Ajudam a ficar mais relaxado,
Sobre a vigília plácida dos chalés….
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
III
“VERDE E OURO”
Quem não queria poder ver mais além?
Se olhar a Bahia na chegada, lá do ar,
Nos faz sorrir, tremer, e mais, sonhar,
Ao descer encontramos outro bem
Ao continuar ainda mais mirando,
Ao vermos, por fim também, focando
As torrentes cristalinas de água
Agora desabando
Em chuva tépida, lágrimas sem mágoa,
Que nos mostram as ilhas na paisagem,
Frente à Bahia, quase uma miragem,
Como gotas puras, meigas, generosas,
Quais gemas saindo preciosas
Do Atlântico que lhes presta vassalagem…
As mornas chuvas tropicais vão lavando
Nas ilhas o verde e o ouro naturais
E em instantes, minutos, vão limpando
Os tons de jade puro e de cristais,
Por caminhos tornados aquedutos,
Onde as águas escorrem cristalinas,
Onde chapinham rapazes e meninas…
A natureza parece estar sorrindo,
Banhada de alegria ao Sol fugindo
Qual corcel, que por ravina,
Ao vento correndo dá à crina…
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
"GOTAS DE ORVALHO"
A Primavera está para ficar, Meu coração, por fim, se torna leve, Derrete nele a branca e pura neve Em lágrimas de amor, um rio pró mar... Agora com o Inverno a hibernar Deixa meu existir a hora breve... Novas palavras minha pena escreve, Puras gotas de orvalho a alimentar A flor de cardo que em minha alma existe... Agora a Primavera conspirou... Até ser dia a noite me beijou E o dia me sorriu... porque sorriste... Gota a gota subiu em arco um véu, Nosso arco-íris de amor subiu no céu... Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)