Desabafos de um Vagabundo: Férias
(Os Desabafos de um Vagabundo Regressam em Setembro)
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(Os Desabafos de um Vagabundo Regressam em Setembro)
A INSPIRAÇÃO DE
ISA NASCIMENTO
Os Desabafos de um Vagabundo têm na sua essência uma coisa excelente: Não estão sujeitos a tema. Para além disso, também não obedecem a formas, conteúdos ou algo que não venha da mais pura inspiração do momento. Mais uma vez, e para que não se pense que só elogio, ou quase, a poetisa Isa Nascimento, passo para este espaço a última critica que escrevi a propósito de um poema de Isa chamado “Inspiração”. (O poema pode ser visto e lido no blog em: https://isanascimento.blogs.sapo.pt/inspiracao-109612). A poetisa dá nos seus versos uma definição de inspiração com a qual eu não encontro concordância.
Passemos ao poema da autora, depois à imagem com que ilustra o mesmo, também de sua autoria e finalmente poderão ler a minha análise.
“Inspiração
A inspiração é um assomo
Uma larva que trepa pelo corpo acima
Tomando conta num ímpeto
Assumindo o controlo
Até brotar numa qualquer criação
A inspiração é um alento
Uma força motriz que te impele à força
Levando-te para sítios que desconhecias
Fazendo sair das tuas mãos
Algo que nem sabias que existia
A inspiração é um oásis
Uma fugaz miragem que rápido se desfaz
Tão rápido que já lá vai
Às vezes sem um ato criador
Um traço, uma palavra
Um grito ou uma gargalhada
Sem nada deixar para trás
A inspiração é uma joia
Rara e preciosa
Tem dias que brilha transbordante
Noutros uma mera utopia
Julho de 2021 – Isa Nascimento” (foto de Isa Nascimento)
Comentar ou não comentar? Heis a questão.
Comentar, pois a minha amiga Isa prefere que eu comente. Contudo, de que vale um comentário? Nunca sei muito bem. Se é um elogio afaga o ego de quem lê, mas sendo, no meu entender, tem de ser sincero, pois inversamente não passa de pura hipocrisia. Se é uma crítica... bem, vale o que vale, quer dizer que se fosse feito por nós seria diferente. Nem sequer significa que é mau, mesmo que o achemos péssimo. Afinal, essa é apenas a opinião de quem lê e de apenas de um leitor.
No caso de hoje senti-me exatamente quando, por engano, vejo um filme com cenas de operações passadas na mesa do bloco operatório: fico nervoso, irritadiço e muito apreensivo. É evidente que quando pensei em "Inspiração" não me passou sequer pela cabeça o ato de respirar, mas mais valia que tivesse passado. Todavia, transportei-me para o meu estro e dai, quase de imediato, para o estro do meu plectro. Foi nesta viagem e associação que o choque se tornou profundo. Eu explico:
1) "assomo" é uma palavra que significa aparecimento, é verdade, mas normalmente um surgimento negativo, quase que irritado e normalmente carregado de desconfiança. Ligá-lo à inspiração colocou-me de imediato em alerta.
2) "Uma larva que trepa pelo corpo acima". Jesus, Maria José! (diria a minha mãe, querendo apenas dizer "Credo!"). Odeio lagartas, mas larvas, então, fazem parte do meu imaginário de cenas que sempre envolvem momentos terror.
3) "Uma força motriz que te impele à força", Foi o mesmo que tivesse lido «uma força motriz que me impele à forca», Nunca senti que a inspiração, a minha, está claro, me obrigasse a fosse o que fosse, ainda por cima contra vontade, e isso, colocou-me, uma vez mais, em luta com o poema.
4) "A inspiração é um oásis
Uma fugaz miragem que rápido se desfaz
Tão rápido que já lá vai
Às vezes sem um ato criador
Um traço, uma palavra
Um grito ou uma gargalhada
Sem nada deixar para trás" (excerto do poema de Isa Nascimento)
Sobre a presente estrofe só me apetece dizer: só se for a sua, menina Isa, porque a minha inspiração, quando vem, pode até ser um oásis, mas dos reais, sem miragens, pelo que não desaparece sem que o ato criativo seja nato. É impossível concebê-la e pensar que possa não deixar nada para trás.
5) "utopia", o fecho não é mais carinhoso que o começo. Utopia? Como utopia? Se é inspiração produz sempre um ato criativo, nem que eu seja o único a gostar dele, e por criativo eu quero dizer rico de conteúdo e significado. O meu estro não tem nada de utópico mesmo que imagine uma utopia.
Em resumo, minha querida amiga Isa, aqui no entender deste leitor faltou inspiração para falar na dita cuja. Apesar de tudo, se acha que não tenho razão, provavelmente está certa e eu errado, só que, mesmo que assim seja, mantenho a minha opinião.
Gil Saraiva
O que se passa em Campo de Ourique
Entrevistas à Mesa do Café
Inicia-se, durante este mês de junho, uma nova rubrica anunciada aqui nos Desabafos de um Vagabundo, mas que terá seguimento na Carta à Berta. Tratam-se das “Entrevistas à Mesa do Café”, todas sobre quaisquer temas, pessoas, lojas, restaurantes, monumentos ou pontos de interesse do Bairro de Campo de Ourique.
Para além de entrevistas sobre temas ou pessoas que, por algum motivo, me chamem à atenção enquanto contador de histórias do nosso bairro, estas entrevistas estão abertas a todos os que tenham uma qualquer situação de interesse a partilhar com todo o bairro. Dou um exemplo; uma geladaria do nosso bairro enfrenta sérias dificuldades para conseguir sobreviver à pandemia e corre o risco de fechar. Por intermédio de uma cliente do espaço chegou ao meu conhecimento a difícil situação que atravessa. Assim, com o acordo dos proprietários, marquei aquela que será uma das primeiras entrevistas desta rubrica.
Todos os interessados que têm algo para partilhar, mas que precisam de uma ajuda para expor uma situação, que tem obrigatoriamente de se situar dentro das fronteiras do bairro de Campo de Ourique, podem solicitar uma entrevista para o meu email: saraiva.gil@gmail.com e deixar o seu número de telemóvel para posterior contacto da minha parte. Se eu considerar que o assunto merece divulgação marcarei posteriormente uma entrevista com a pessoa para que o possa divulgar.
Não imagino sequer se esta rubrica terá muitos capítulos, mas terá os que forem precisos. Serão pelo menos duas cartas. Conforme as adesões, a rubrica terá ou não seguimento. Agradeço a todos os grupos de Campo de Ourique a divulgação destas entrevistas. A tentativa é dar voz a quem não tem tempo ou queda para pôr por escrito o que tem para contar aos outros. Obrigado.
Gil Saraiva,
Carteira Profissional de Jornalista 5003 A
Videos da Memória de Campo de Ourique.
Para um dia recordar...
III - A perspetiva do Market Canal - Tunga TV - Abril de 2015
IV - A perspetiva de Joana Balaguer - Julho de 2017
V - A perspetiva do Propagando Vlog - Janeiro de 2021
Rolê por Campo de Ourique. Conheça uma das melhores freguesias de Lisboa.
VI - A perspetiva da TVI - Novembro de 2015
Nota: a partilha destes vídeos está sujeita a poder ser retirada pelos autores da internet em qualquer momento e deixar de ficar acessível devido a esse facto. Alguns deles incluem publicidade o que é totalmente alheio aos Desabafos de um Vagabundo. A sequência dos vídeos da memória de Campo de Ourique irá intercalar os "Registos da Memória" atualmente em curso nos Desabafos.
Videos da Memória de Campo de Ourique.
Para um dia recordar...
II - A perspetiva inglesa do Bairro de Campo de Ourique em abril de 2019
Nota: a partilha destes vídeos está sujeita a poder ser retirada pelos autores da internet em qualquer momento e deixar de ficar acessível devido a esse facto. Alguns deles incluem publicidade o que é totalmente alheio aos Desabafos de um Vagabundo. A sequência dos vídeos da memória de Campo de Ourique irá intercalar os "Registos da Memória" atualmente em curso nos Desabafos.
Videos da Memória de Campo de Ourique.
Para um dia recordar...
I - A perspetiva brasileira do Bairro de Campo de Ourique em Novembro de 2020
Nota: a partilha destes vídeos está sujeita a poder ser retirada pelos autores da internet em qualquer momento e deixar de ficar acessível a partir desse facto. Alguns deles incluem publicidade o que é totalmente alheio aos Desabafos de um Vagabundo. A sequencia dos vídeos da memória de Campo de Ourique irá intercalar os "Registos da Memória" atualmente em curso nos Desabafos.
Gil Saraiva
(Brasil - Pipa – I – A Rocha da Pipa - Foto de autor, direitos reservados)
Registos da Memória
I
Brasil – Pipa
A Rocha da Pipa
Tendo, dois anos antes, visitado Pipa de passagem, regressei ao Nordeste do Brasil e, desta vez, focado em Pipa. Trata-se de um destino turístico de classe média, ou média-baixa, em que a imaginação e alma fazem mais pela terra, do que o progresso e a tecnologia. Todo o meio urbano lembra uma favela reciclada e vestida com roupagens de vila antiga, dedicada à praia e ao turismo. Os investimentos fracassados ombreiam, lado a lado, com os que, por sorte ou solidez de investimento vingaram e prosperam.
Cedo descobri de onde vinha o nome da estância balnear. Porém, metade dos residentes não sabe o porquê, o que para um lusitano parece estranho. Ora, na baia onde Pipa recebe o Atlântico há uma pequena rocha cilíndrica, com mais de quinhentos anos de história, mesmo na ponta do cabo. É essa rocha (dizem-me que já foi maior e mais circular) que dá o nome à estância. Pipa chama-se Pipa, porque, por altura dos descobrimentos, à chegada à pequena baía, os marinheiros portugueses acharam que a rocha se assemelhava a uma pipa. Encontrado o nome de forma tão natural, não houve capitão ou comandante com coragem para escolher outro (normalmente com nome de santo católico ou, pelo menos, de índole religiosa).
Gaviões, águias e urubus, guardam, segundo reza a lenda, a afamada pipa (conforme pude inclusivamente fotografar), porque, algures ali perto, se esconde, há centenas de anos, um tesouro imenso, fruto dos primeiros saques feitos na região. Teve de ser escondido pois o mar revolto não deixou as embarcações saírem da baía e zarparem oceano adentro depois dos roubos. A fortuna enterrada teria sido coberta por uma carapaça de uma tartaruga gigante que servira de alimento aos oficiais encarregues da missão.
Diz ainda a lenda que o espírito da tartaruga fez com que os humanos se esquecessem do local exato do tesouro, como castigo pelo saque e pela morte da centenária tartaruga. Segundo os velhos anciãos, enquanto a carapaça cobrir o tesouro, ele jamais será encontrado…
Gil Saraiva
Dia 5 explico porquê. Esteja atento(a). Para quem já sabe por favor não estraguem a surpresa. Basta comentarem: "Eu já sabia." A todos o meu muito obrigado. Celebraremos, pelo menos por aqui, um aniverário de um bairro tão nosso e tão único. Pode ser que um dia o poder político reconheça a data. Nunca se sabe.
E, mais uma vez, obrigado.
Gil Saraiva
72. Beijo Cigano, roubado em noite sem Lua pelas raias da vida, cabelos ao vento brandindo florestas ocultas no breu. Beijo apanhado, quase ilegal, escondido de todos, família ou lar… Nada mais importa do que esse beijar. Beijar vagabundo de um haragano, que alazão selvagem não se deixa domar. Beijar cegamente num beijo profundo, que vem do instinto, que vem do amar. Beijo apropriado feito destino à luz da fogueira por entre sombras ocultas. Uma só maneira de chegar primeiro ao beijo que a alma parece cantar. Beijo lançado por cartas sem rumo que traçam destinos sem os traçar. Beijo feito de sinais de fumo que um beijo assim é de contrabando, é forte, é intenso, é de recordar, pode ser meigo, mas não é brando, pode ser vida, mas pode matar...
XVI
"SEM..."
Para ser um mito
De alguém
Eu teria de existir
Antes de ser,
De ter vivido
Antes de existir,
De ser sonhado
Antes de conhecido ser...
Porém,
Por tudo isso...
Não passo de simples rumor
Nas gargantas
De quem nunca me imaginou...
Sou um Vagabundo Dos Limbos,
Sou Haragano, O Etéreo,
Condenado a não sentir
O cheiro da rosa...
Sem que uma pétala
Deslize entre meus dedos,
Qual torrente de um rio
Com margem certa...
Sem que um espinho
Me prove que o sangue
Ainda corre em minhas veias...
Sem que a beleza de uma flor
Me cegue de amor,
Qual rosa do rio
Que murmura segredos de infinito
Em meus ouvidos...
Sou um Vagabundo Dos Limbos,
Haragano, O Etéreo,
Prisioneiro do aroma suave
De uma simples flor,
Mas longe de ganhar raízes
Nas profundezas íntimas
Desse botão aberto ainda
Sem destino...
Nos caminhos da flor,
Qual seiva
Que alimenta a planta,
Eu continuo
Sem rumo
Meu caminho para a extinção...
Haragano, O Etéreo in Nos Caminhos da Flor
(Gil Saraiva)
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