Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
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Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
Recebi no final de 2021 uma série de mensagens privadas de utilizadores dos grupos Campo de Ourique e Bairro de Campo de Ourique, sendo que várias dessas pessoas são membros dos dois grupos, a pedirem-me para deixar de colocar os meus poemas e cartoons de Miga, a Formiga, nos grupos, onde ainda por cima sou o administrador, bem como a acabar com a Carta à Berta e até com os Desabafos de um Vagabundo.
Fiquei admirado na altura, porque nunca ouvira queixas nesse sentido e, durante dois anos e dois meses partilhara os meus processos criativos com ambos os grupos. Porém, recentemente, já este ano, tenho recebido várias mensagens a solicitar que volte a escrever como antigamente.
Dito isto não sei muito bem o que fazer e por isso peço a vossa opinião. Podem mandar mensagem privada ou comentar aqui.
Campo de Ourique parece não querer sair de moda. Embora uma grande parte dos vídeos sejam perspetivas de cidadãos estrangeiros, já começam a aparecer algumas produções nacionais. Na minha perspetiva, e como Desabafo de um Vagabundo, falta um vídeo profissional, abrangente e bem estruturado, contudo, a seu tempo esse exemplar acabará por aparecer.
Este é o meu bairro há quase catorze anos, mas já o conhecia antes de vir para cá morar. Contudo, a paixão foi avassaladora e sinto-me um privilegiado em aqui poder viver. Não sei o que acontecerá depois do metro chegar ao bairro e não apenas rondar a freguesia, porém, até lá, continua a ser uma aldeia em constante transformação, que se adapta aos novos tempos, mantendo uma personalidade que dura há mais de 140 anos. Espero que assim se mantenha. São estes os meus votos para 2022 e daí em diante.
Gil Saraiva
Para um dia recordar...
Vídeo VII
Vídeo VIII
Vídeo IX
Vídeo X
Vídeo XI
Nota: a partilha destes vídeos está sujeita a poder ser retirada pelos autores da internet em qualquer momento e deixar de ficar acessível devido a esse facto. Alguns deles incluem publicidade o que é totalmente alheio aos Desabafos de um Vagabundo. Todos os vídeos estão identificados nas hiperligações. Qualquer falta de referência aos autores (que em princípio não deverá existir) pode ser corrigida mediante mensagem para este blog ou por mensagem no Facebook. Qualquer repetição de vídeo pode acontecer por estar apresentado de maneira diferente.
Brasil - Pipa – VIII – Paisagem da Praia do Amor (Foto de autor, direitos reservados)
Registos da Memória
VIII
Brasil – Pipa – A Praia do Amor
Estamos na época alta no Brasil, o calor é uma constante agradável em todo o Nordeste brasileiro. Três meses depois do meu último apontamento sobre Pipa, aqui, nos Desabafos de um Vagabundo, é tempo de regressar à terra do Sol, da praia e das gentes simpáticas e hospitaleiras que povoam este Nordeste afortunado. O Estado do Rio Grande do Norte não tem a riqueza de outros Estados brasileiros, mas o que lhe falta em fortuna sobra em acolhimento e simpatia.
Se alguém me pergunta sobre o crime, lá respondo eu, uma vez mais, que crime existe em todo o lado onde existam duas ou mais pessoas, ou seja, não é um exclusivo dos nossos irmãos. A imagem que acompanha este apontamento é a da Praia do Amor, vista de cima, do casario. Uma paisagem maravilhosa com as palmeiras colocadas nos sítios certos para nos lembrarem um paraíso tropical.
Não se admirem de ver casas com os tijolos à vista, ainda sem acabamentos e, no entanto, já habitadas. Pipa cresce ao ritmo indolente dos dias e das carteiras dos seus cidadãos. Um conceito diferente do europeu, apenas justificado pelos dias quentes, de vinte e quatro horas de calor, e pelas necessidades permanentes de uma população afável, que tem mais o que fazer com o dinheiro do que apenas o investir na casa, que vai habitando, à medida que a mesma vai ficando pronta. No final o resultado é mais acolhedor e compensatório do que no caso do pronto a usar.
Recordar Pipa, uma terra do Município de Natal, nesta época de Festas, à beira do Natal é, no mínimo, nostálgico e romântico. Foi precisamente num Natal que esta fotografia foi tirada. Não é deste ano, infelizmente não. Mas podia ser, não andasse a algibeira tão vazia de euros e a Covid-19 tão farta em variantes. Para quem possa e queira recomendo, uma vez mais, Pipa. Aos viajantes deixo a garantia de não se virem a arrepender. Vão tomar um banho à Praia do Amor, quem sabe se o amor não acaba por, de surpresa, acontecer.
Brasil - Pipa – VI – Os Luares de Buda (Foto de autor, direitos reservados)
Registos da Memória
VII
Brasil – Pipa
Os Luares de Buda
Quem esteja em Pipa, no Nordeste do Brasil, na rua de acesso à Praia do Amor, e resolva, vindo dos lados da praia chegar à rua principal desta zona balnear, já depois da partida do crepúsculo, tem no caminho, à sua direita, a uns trinta ou quarenta metros antes de aceder à via que atravessa toda a localidade, uma pousada toda decorada ao estilo dos refúgios orientais onde buda é rei e senhor. Não importa o nome da instalação hoteleira em causa. Com a descrição que acabei de dar, amiga Berta, qualquer um encontra o lugar com facilidade.
Eu, que sou naturalmente curioso fiz uma visita ao espaço, uma vez que o jardim virado para a rua, com um buda a descansar meditativamente à beira de um pequeno lago, convida à visitação e aguça a indiscrição intrusiva, mas sem qualquer tipo de malicia.
As palmeiras, a estátua, o lago e o imenso verde e outras obras de arte oriental, tudo envolto em recantos sombrios e a solicitar mistério, denotam bom gosto, riqueza nos detalhes, estudo prévio e demorado de como o ambiente se tornará quando apreciado durante o dia, na aurora e no crepúsculo e com a chegada da noite. O interior da pousada, mais simples, porque é obrigatório que seja mais funcional, tem, todavia, mesma vertente oriental meditativa e solicita o apelo à meditação e ao relaxamento.
Ora, dá que pensar. Quem poderá optar por se instalar numa pousada assim? Julgo que apenas aqueles para quem os luares de buda sejam essenciais, ou seja, aqueles cujo stress do seu quotidiano obrigue a umas férias com menos praia e diversão e mais repouso e contemplação. É admirável todo o requinte e bom gosto do espaço, na procura da harmonia e da comunhão com o meio, sem pretensiosismos de grandeza que só destoariam. É por estas e por outras que eu recomendo Pipa aos viajantes. Na realidade este tipo de fenómeno diferente e diverso é mote em toda a estância balnear.
A Pousada da Praia do Amor tinha um custo dia de menos de metade do preço de um hotel de três estrelas em Pipa e era bem mais barata do que um qualquer outro de duas. A descoberta acontecera, por mero acaso, numa visita por mim efetuada, online, sem intensões, ao Tripadvisor, ainda em Portugal. Uma simpática turista alentejana descrevera, num português que tinha tanto de popular como o que lhe faltava de erudito, como tendo, por mero acaso, descoberto um verdadeiro achado no Nordeste do Brasil. Dizia que descobrira um lar de verdade, para férias, numa estância turística e balnear como era Pipa.
Confesso que já me esqueci do nome da simpática turista. Contudo, tendo ali passado quinze dias, sou obrigado a reconhecer que ela tinha toda a razão em afirmar estar num lar (como se fosse em sua própria casa) e não numa qualquer pousada sem grande personalidade. A razão, mais uma vez fazendo uso das suas palavras é que a beleza do local não estava apenas no nome do estabelecimento, mas no excelente bom gosto e cuidado em todos os detalhes.
O encanto dos detalhes era quente, cativante e dava, de forma plena, a sensação de estarmos em casa própria. Não sei bem quais aqueles que devo realçar em primeiro lugar. Se, por um lado, tínhamos acesso a uma pequena piscina quase artesanal, mas sempre muito limpa e cuidada, por outro lado, o telheiro amoroso, onde se tomava o pequeno-almoço, o pequeno bar de serviço à piscina coberto de telhas, as plameiras dos vasos e da vegetação envolvente da pousada ou a imensa buganvília que fazia um túnel de sombra e verde a quem subia as escadas vindo da receção, enfim, tudo nos transmitia uma inédita sensação de conforto simples e de aconchego.
O céu, que não o diabo, estava na pureza do encanto dos detalhes. Não sendo um sítio de luxos e de mordomias, a Pousada da Praia do Amor, tem genuinidade associada ao tratamento invulgarmente familiar dado pelos proprietários aos seus hospedes. A última grande vantagem foi que, graças ao preço, em vez de passar uma semana em Pipa, ali gozei dezasseis maravilhosos dias de pleno encanto. Obrigado Camila, Aldenor e Marineide, será difícil esquecer-vos.
(Brasil - Pipa – V – Recanto do Chopinho (Foto de autor, direitos reservados)
Registos da Memória
V
Brasil – Pipa
O Recanto do Chopinho
Quem sobe as escadas naturais por entre as rochas da pequena imitação de falésia que dá acesso à Praia do Amor em Pipa, no Nordeste brasileiro, pode, se ao alcançar o arvoredo denso, antes do início das habitações coloridas, não virar logo à direita, não dar por este fabuloso detalhe da paisagem urbana. Com efeito, por entre o meio do verde natural da vegetação, numa minúscula clareira, existe uma pequena mesa creme do Sol ladeada por um banco de plástico verde escuro e uma rede de pano cru presa a duas árvores.
Trata-se do recanto do chopinho ou, melhor explicando, de um poiso para qualquer veraneante que, regressado da afamada praia do romance, com uma lata de cerveja e um copo de plástico na mão, resolva descansar um pouco, por entre o verde natural, à beira de um caminho quase oculto de acesso ao centro de Pipa.
O recanto foi pensado pelos proprietários da Pousada da Praia do amor, cansados de ver, através das varandas do seu estabelecimento, do outro lado do muro que lhes limita a propriedade, os turistas sentados no chão da minúscula clareira a fazer uma pausa, que desejariam refrescante, na caminhada de regresso ao centro de Pipa.
No tronco da árvore mais próxima afixaram um aviso em A4, devidamente protegido por uma mica, onde apenas se lê, em português e inglês: “Se precisar de cerveja grite por uma.” Devo reconhecer que nunca pensei que aquilo tivesse qualquer tipo de resultado prático quando, por mero acaso, o assunto foi abordado com os donos da pousada. Porém, a prova que a realidade é bem mais rica do que muita imaginação é que fiquei a saber que o pequeno anúncio, que ainda tem uma ilustração de uma lata de cerveja precedida de um cartoon de um rosto de perfil a gritar, somado ao banco, à mesa e à rede, consegue vender um mínimo de 50 latas diariamente.
Não vem em nenhum roteiro turístico de Pipa, mas o Recanto do Chopinho tornou-se, para mim, uma das pérolas mais genuínas de Pipa.
Vi hoje, assim que me levantei, o anúncio do falecimento de Jorge Sampaio, um homem de princípios que sempre lutou por eles. Honesto, sério, franco e verdadeiramente amigo dos portugueses de quem foi Presidente durante dez anos. A sua verticalidade e frontalidade estava bem mais alta do que a sua filiação partidária. Pela defesa da liberdade e dos seus princípios foi capaz de destituir um governo.
No outono de 1995, fiz-lhe uma grande entrevista para uma rádio regional do Algarve, de 55 minutos, durante um almoço da sua campanha presidencial, em Portimão. Foi à beira-rio, por entre peixe fresco, no meio de uma multidão de comensais. Por várias vezes se emocionou na defesa daquilo em que acreditava e estava, à época, firmemente convencido que derrotaria Cavaco Silva à primeira volta (o candidato presidencial da direita, e ex-Primeiro-Ministro).
Assim aconteceu. Cavaco Silva sofreu uma estrondosa derrota que, por pouco, não o afastou da política para sempre (porém, infelizmente, este personagem sinistro viria a suceder a Sampaio, logo depois deste cumprir os seus dois mandatos consecutivos).
Os três dias de luto nacional são poucos para homenagear o antigo Presidente da Républica Portuguesa, Jorge Sampaio. Poucos porque, quer se queira quer não, ele foi o último dos Dom Quixote. Efetivamente, não houve moinho de vento, político ou lobby que o demovesse das suas convicções. A honra e a palavra dada eram, para Sampaio, quase que apelidos do seu nome. A integridade, a frontalidade, a liberdade e a honestidade eram valores tão importantes como comer ou beber, ou seja, parte integrante do seu ser, de coração fraco e alma gigante. Estes desabafos são apenas a minha singela e humilde homenagem a um dos grandes de Portugal. 25 de ABRIL SEMPRE! Até sempre Senhor Presidente, até sempre!
Regressei, impelido pela curiosidade, ao blog da Isa no Sapo, aquele denominado "Um Pássaro Sem Poiso", onde ontem estive, desta vez para poisar a minha atenção sobre o poema intitulado "Vacuidade" e, mais uma vez, comentei. Volto, em primeiro lugar, ao poema e, como fiz no último, os comentários ficam para o fim:
1 - Em primeiro lugar e antes de uma outra coisa qualquer, menina Isa, amei de coração. Excelente poema! Muito bom mesmo. Como é possível criar algo vindo, tão perfeitamente, do âmago do que somos, usando um palavrão tão feio, como é, no caso, a "vacuidade".
A tristeza profunda e sentida que esse vazio emana, gerou, em mim, uma intensa vontade de lhe oferecer colo, não porque a menina precise dele, pois já se faz acompanhar do desabafo, à tijolada, feito de palavras, mas porque a vontade inata da alma lusa, que é parte de mim (como o é de muitos de nós), me impele a ser solidário, amigo e ativo.
Note, menina, que não estou a falar da solidariedade bacoca, como aquela das petições fingidas, em que se oferece algo aos coitadinhos deste mundo, tornada moda nas redes ditas sociais. Essa visa cobrar o dízimo e oferecer a falsa sensação de salvação aos mais abonados materialmente e que preferem pagar, para aplacar a sua culpa de almas esvaziadas de qualquer sentimento verdadeiramente empático e solidário.
Aqui, onde me encontro, sentado a ler o seu poema, menina Isa, eu vi hoje passar, de perto, o vazio angustiado e profundo de uma alma à deriva que se tenta salvar no grito mudo das palavras escritas. A vontade inata é esticar o braço e agarrar a corda ou a corrente, arrastando, no ato, a âncora para terra firme, como se este vagabundo dos limbos, em que me constituo, a pudesse salvar, qual cravo em cano de espingarda, que habilmente transforma a ditadura, em plena revolução, num jardim de liberdade que se deseja firme. Porém, não sendo eu, certamente, um porto de abrigo, pelos instantes que durou a leitura e até um pouco mais além, desejei sê-lo.
Ups! A minha querida amiga, por vezes, tem este efeito em mim. Quando desperto já estou sendo arrastado, quase desde o início, pela maré do seu sentir. Mil perdões. Deixo uma quadra que fiz, tem muito tempo...
Sorria, nunca ande triste
Pelos caminhos da vida,
Que a vida, que em nós existe,
Não tem volta, só tem ida!
Gil Saraiva
2 - Voltei. Estava pela quarta vez a reler o poema (que, repito, adorei) quando reparei que cada estrofe tinha dois versos que rimavam entre si. Giríssimo. Não tinha notado. Este facto fez com que o tornasse a ler, pelo menos mais quatro ou cinco vezes. Perdi-lhe a conta. No final, cheguei à conclusão que a rima é totalmente dispensável. Explico porquê.
Cada estrofe tem uma musicalidade emprestada pela leitura que flui, em si mesma, apenas pautada pelas virgulas e pontos finais. A cadência impregna o poema, dá-lhe ritmo e vida própria. Porém, ao integrarmos as rimas na leitura (apenas dois versos em cada quatro ou seis) a musicalidade e serenidade austera da poesia é afetada e alterada pela rima pontual, realçando-a e esbatendo a força das palavras, alterando a fluidez e a musicalidade do conteúdo.
E depois... quem rima "afundando-se" com "espraiando-se"???? (Hehehe). Eu, milagrosamente, não enfatizei, nem sequer reparei na rima nas primeiras leituras, pois teria perdido, se o tivesse feito, a beleza corrente e fluida do conteúdo. Peço desculpas pela crítica, mas o poema ganha muito mais se não ligarmos à rima.
Obrigado.
Gil Saraiva
Nota: Isa respondeu-me inteligentemente a ambos os comentários, porque de outra maneira não poderia ser. Porém, se querem seguir essa novela sigam o link do blog desta minha virtual e talentosa amiga.
Li no blog do sapo denominado "Um Pássaro Sem Poiso", um poema denominado "Palavras Caladas", o qual, por sua vez, ainda remete o visitante para outro poema da mesma autora, denominado "Silêncio", esse escrito nos idos de 2019. Li e comentei. Mas vamos em primeiro lugar ao poema e, por fim, ao comentário:
O silêncio é composto de ruídos abafados e palavras caladas.
Palavras que enchem de barulho o pensamento de uma boca silenciada.
Mas também palavras serenas, que tranquilizam a mente que as guarda dentro de si.
Não é possível saber.
Quem escuta o silêncio pode senti-lo, mas o que sente está em si e não no significado do silêncio.
Isa Nascimento (em 30 / 07 / 2021)
(Imagem de Isa Nascimento)
O meu comentário:
"Quem escuta o silêncio pode senti-lo, mas o que sente está em si e não no significado do silêncio." A frase da menina Isa ajuda os mais distraídos a entenderem melhor o silêncio quando o escutam, ou não, fiquei sem ter a certeza. O verso visa orientar o leitor, ajudando-o numa reflexão mais profunda do tema.
Pensei nos meus silêncios, porque são vários. Tenho aqueles que me chegam do sentir, seja pelo amor, pelo medo, pelo pânico, pela ansiedade, saudade ou espera, esses eu sinto-os e compreendo bem o significado das palavras caladas que barafustam, internamente, desabafos pelas tascas do pensamento ou que se entregam à meditação, velada de conclusões, serena ou agitada conforme a origem ou a consequência.
Todavia, o pior e mais assustador dos meus silêncios dá pelo nome de imaginação.
Esse é um monstro terrível que muitas vezes me enche o cérebro de palavras e ruídos que se acumulam e transbordam, sem, contudo, terem para onde ir. Chego a sentir os portões da insanidade a rangerem de tão cheio que tudo se encontra no espaço limitado do meu cérebro.
Ás vezes, consigo sangrar o monstro, através de palavras mudas e de ruídos que não se escutam, nas palavras que escrevo, no mais profundo silêncio, dando alguma vazão à imaginação. Se este silêncio ganhar voz nas bocas de terceiros, não serei eu quem o desfaz, mas fico bem mais aliviado.
Minha querida amiga, às vezes a Isa leva-me tão longe, amei as suas "palavras caladas" de tal forma que vou usar quase todo este comentário num desabafo de um vagabundo próximo. Divinal este seu texto, desculpe se me estiquei em demasia.
Gil Saraiva
Nota: É evidente que o meu comentário teve resposta à altura por parte de Isa (veja no blog "Pássaro Sem Poiso")
Fez este mês cinquenta anos que morreu Jim Morrison, o vocalista da banda rock The Doors, mais propriamente no passado dia três. Por incrível que pareça eu lembro-me bem, sendo o mais novo de cinco irmãos (o mais velho dista doze anos de mim) desde muito cedo a música dos The Doors fez parte do meu universo musical e deixou marcas profundas nas minhas preferências musicais. Outros existiram e geraram o mesmo efeito, destaco, entre eles os The Beatles, os The Rolling Stones, Kim Crimson, Yes, Cat Stevens e mais uma infinidade de cantores e bandas dos anos sessenta e setenta.
Tenho a certeza que se tivesse conhecido Jim Morrison pesoalmente, este, por maior que fosse o meu esforço, jamais faria parte do meu lote de amigos. Demasiado alcoólico e drogado, demasiado anarquista e absolutamente imprevisível. Contudo, e há sempre um porém naquilo que é a nossa avaliação de alguém, isso não o impediu de ser um génio da múcica, alicerçado numa banda soberba. Um génio e um poeta. Ora, é a estas facetas que se dirige o meu tributo, cinquenta anos depois da morte de Jim Morrison, um monstro sagrado da música rock do século vinte.
Fotografia da Campa de Jim Morrison em Paris
Hoje, neste ributo deixo a minha tradução de um dos clássicos da banda, a música: Riders On The Sorm.
Riders On The Storm by The Doors
Cavaleiros na tempestade,
Cavaleiros na tempestade…
Nesta casa nascemos,
Ao mundo fomos lançados
Como um cão sem osso
Ou um ator emprestado.
Cavaleiros na tempestade…
Há um assassino na estrada,
De cérebro alterado,
Qual sapo esborrachado.
Aproveitem uma longa ponte
E deixem os seus filhos brincarem…
Porém, se deres boleia àquele homem
A tua doce família morrerá,
Sim!
Pelo assassino do asfalto.
Mulher,
Tu tens que amar o teu homem,
Mulher,
Tu tens que amar o teu homem!
Pega nele pela mão
E ajuda-o a entender…
Pois o mundo depende de ti
E para que a vossa vida não termine
Tu tens que amar o teu homem,
Isso sim!
Cavaleiros na tempestade,
Cavaleiros na tempestade…
Nesta casa nascemos,
Ao mundo fomos lançados
Como um cão sem osso
Ou um ator emprestado.
Cavaleiros na tempestade,
Cavaleiros na tempestade…
Cavaleiros na tempestade,
Cavaleiros na tempestade,
Cavaleiros na tempestade…
Compositores: John Densmore, Ray Manzarek, Robby Krieger e James Morrison: The Doors.
Tradução livre de Gil Saraiva
Riders On The Storm by The Doors
Pelo contibuto muito especial para a minha vida aqui fica a minha respeitosa homegem a este que foi um dos grandes vocalistas e criaticos do final do último milénio: Jim Morrison.