Desabafos de um Vagabundo: Mais 2 Tristes Recordes para a Pandemia no Mundo
Gil Saraiva
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Gil Saraiva
95. Beijo Desportivo, significando que tem de haver uma troca. Devendo ser partilhado entre risos, gargalhadas, e porque não durante uma bebida enquanto se assiste a um jogo da Liga dos Campeões, uma Copa do Mundo, ou uma simples troca de bola na rua, com muito palavreado pelo meio. É um beijo que carece de assistência, entregue com todo o carinho possível, completamente sincero e com um significado inabalavelmente puro no que concerne à raiz das intenções. Um beijo que festeja sempre a alegria, com desportivismo, mas principalmente pela vitória. Dado num dia onde o que desperta em Lisboa acorda em Madrid, o que se passa em S. Paulo desagua em Lisboa, o que acontece no mundo corre no cerne de nós mesmos, sem complicações, com verdade, perto das gentes, entre a multidão. Beijo desportivo, saudável, aplaudido, um eco da dama no âmago de um homem feito atleta.
XI
"O FIO..."
Que o meu grito aos astros
Se oiça nos confins do firmamento...
E que o seu eco se espalhe
Pelo infinito mundo das mensagens...
Que eu seja entendido
Ao menos uma vez...
Minhas palavras
São lágrimas de limbos
Que para se entenderem
Têm de ser sentidas
Por quem, como eu,
Chora o deserto para que nele
Uma flor possa nascer...
Se eu choro lágrimas de vagabundo
É porque estou condenado
A procurar um fim prá solidão...
Porque a solidão
Tem saída neste labirinto...
Mas quantos encontram
O caminho certo?
Quantos conhecem
O homem solitário,
Este ser que existe nas memórias
De quem com ele,
Um dia,
Foi feliz...
Vem amor, vem,
Juntos descobriremos o fio
Que nos conduz
À luz dos sentimentos,
Ao fim da sentença eterna
De vaguearmos perdidos pelos limbos...
Vem amor, vem,
Que o fio da vida
Pode a qualquer hora terminar...
Haragano, O Etéreo in Nos Caminhos da Flor
(Gil Saraiva)
III
"BIUNIVOCAMENTE..."
Tu és o aroma
Que meus passos
Adoram percorrer,
O sorriso que ilumina
O fundo da minha alma,
A vida pela qual
Eu acabo por descobrir
Que tudo valeu a pena...
Mais do que a flor
És a essência,
A coerência,
A relação adequada
Entre o sentir
Que te transmito
Pelo conhecimento do que és
E o amor que me difundes
No cerne desse mundo
Que te constitui...
A essência...
A verdade...
A pureza dos princípios,
A lógica ordenada
De nossos olhares,
A ordem afrodisíaca
De uma linguagem mista,
Linguisticamente pura,
Absolutamente articulada,
Interativa...
Onde o discurso de incoerente
Desagua em ideias
Plenas de subjetividade,
De nuances incompreensíveis,
Em que tudo se resume
Àquilo que o coração
Chama de Amor...
Tu és o aroma,
O texto sagrado
De uma religião paranormal
Porque transcendente da razão...
Tu és o acontecimento,
A situação e mais ainda,
A equívoca equação
Que não se anula
Mas se traduz no íntimo
Deste teu interlocutor...
A falta de univocidade
Pode transformar nossas palavras
Num lugar indefinido
Que nenhum de nós
Consegue controlar...
Mas controlar para quê?
Importa sim sentir...
Sim... sentir...
O aroma
Que meus passos adoram percorrer,
O discurso de ideias
Plenas de subjetividade,
O texto sagrado
De uma religião paranormal,
A equívoca equação
Que não se anula,
O lugar indefinido,
Sem norma, sem razão,
Sem leis, sem regras,
Em que biunivocamente
Nos amamos!...
Haragano, O Etéreo in Nos Caminhos Da Flor
(Gil Saraiva)
IX
"NÃO POR MIM..."
Às vezes acho-me um ser híbrido...
Não importa se o sou
Mas o que penso...
É como se metade do que me constitui
Fosse sentir
E só a outra parte de mim
Fosse homem nato...
Sou, tal como o dia tem na noite
Uma outra face,
Um ser ambidestro
No que toca à mística
Representada pelo coração...
Um quase ser criança
Entre pudores que,
Nesta idade que tenho,
Já extintos deveriam estar.
Mas corre-me nas veias o devir...
A sensação última de atingir
A plenitude das coisas
Simples e pequenas
Que permanecem fiéis à memória
De quem realmente as viveu
Com existência.
Mas para que falo eu isto?
Que importância tem?
Ahhhhhhh...
Importa refletir,
Sentado nas escadas alvas e frias
Do mármore que edifica e marca
Cada registo do que sou,
Tentando sempre
Ir mais longe no pensar...
O que me move?
Ou, talvez, o que me comove?
Ou, ainda, o que me demove...?
É delicioso poder concluir que,
Em cada caso,
A chave é sempre a mesma:
Sentimentos!
Vindos de dentro,
Da arca radioativa de amor
À qual chamamos alma...
Sentimentos,
Desempacotados pelo espírito
Que nos torna humanos,
Postos a render
Para que possamos desfrutar,
A cada pegada impressa
No caminho da vida,
A realização do que deveríamos ser
Para que o existir tenha um propósito:
Sermos Felizes...
A demanda pela verdade
É um falso caminho se no final da linha
Não encontrarmos o amor!
É pela sensualidade dos corpos
Que a alma,
Feita espírito inventivo,
Nos mostra a excelência de uma espécie
Com milénios de existir:
O Ser Humano.
Um ser que não se reproduz apenas,
Mas que se funde em harmonia
Sempre que a longa busca pela alma gémea
Se conclui com êxito.
Ser sensual é ser-se humano
E ter com isso a esperança
De perpetuar a espécie
Por forma a poder gritar bem alto,
Aos quatro ventos:
É amor!...
Às vezes acho-me um ser híbrido...
Não pelo que sou
Mas pelo que os meus olhos captam
Do mundo a que chamamos evoluído...
Onde sensualidade
Se confunde com pornografia,
Tal como o bem se confunde com o mal...
Às vezes
Acho-me um ser híbrido,
Mas não por mim...
Não por mim...
Haragano, O Etéreo in Achas para um Vagabundo
(Gil Saraiva)
VII
"JÁ SE VAI..."
Vem
Voar comigo entre palavras...
A volta ao mundo daremos
Em segundos pela net...
Vem!
Temos a riqueza suprema
Dos chats que trocamos,
Em letras que tudo dizem
Nas frases que em conjunto
Constituem...
Vamos
Sentir o vento
Nos acentos das palavras...
O mar em cada til
Salgado de emoção...
Vem!!!
Vamos provar
As nossas bocas
Nos símbolos simples
Das chavetas...
Ah!
Vem!...
Que net é lenta ainda
Mas a noite é curta
E já se vai...
Haragano, O Etéreo in Achas para um Vagabundo
(Gil Saraiva)
ACHAS DE UM VAGABUNDO
I
"ADORMECER..."
Quero ver o brilho de teus olhos
Refletir o gozo do teu ventre...
Quero...
Porque tu,
Fronteira marginal de meu prazer,
Fonte viciada onde me banho,
És rochedo que se ergue
Junto à praia,
És terramoto,
Epicentro de mim e tudo o mais...
Quero ser a maré
Que sobe à tua volta
E que volta a descer
Suavemente
Ou com a fúria das vagas,
Que na Adraga,
Moldam a seu belo prazer
A dura rocha....
Quero poder provar o sal
Das tuas ondas;
Escondendo-me à força e,
À vontade,
Explodir dentro de ti
Nascente natural do meu querer,
Fonte viciada onde me venho
Pra regressar, um dia,
Não sei quando...!
E quero poder olhar para o mundo
Sem o ver;
Sentir a multidão
Sem a sentir;
Falar com a vida
Sem falar;
Pois sei que apenas quero ter
A tua companhia e saber ir
Para onde contigo
Possa estar...
Quero ainda
Que os nossos pensamentos
Se envolvam
Conforme os movimentos!...
Eu quero tudo amor
E tudo é pouco,
Porque o tudo é nada
Sem te ter...
Mas o que é tudo?
(Por um momento o espaço
Fica mudo
Para em seguida,
A minha voz, dizer...):
- É o rever teu rosto de mar
A cada amanhecer
E já, indo alta a noite,
Voltar a vê-lo adormecer...
Haragano, O Etéreo in Achas para um Vagabundo
(Gil Saraiva)
VIII
"DOCE PECADO"
Com a aurora chega o Sol Nascente,
Sobe no céu, com rumo já traçado,
Vem dando vida ao mundo iluminado
P’ra se esconder depois lá pra Poente...
E parece cumprir, de forma crente,
Uma homenagem viva, devotado
A quem tem no olhar brilho encantado
E vive e mora mais a Ocidente...
Parece o Sol seguir-te ó estrela bela,
Tu que a Oeste moras, qual princesa,
De origem e de raça a beleza
Por quem o Astro Rei amor revela...
Pudesse eu ser o Sol apaixonado
P’ra cometer em ti doce pecado!...
Haragano, O Etéreo in Terra de Vénus
(Gil Saraiva)
"QUEM..."
Ah! Quem nos olhos trás a Primavera...?
Quem no sorriso tem a branca neve...?
Quem dança como pena, ao vento, leve...?
Quem pode ser humana e ser tão fera...?
Quem faz parar o mundo quando espera...?
A quem a poesia tudo deve...?
Por quem se torna a vida uma hora breve...?
Pra quem nasceu tão meiga esta quimera...?
E quem tem a frescura de uma brisa?
Quem tem traços mais brandos que aguarela?
Quem faz ferver as águas do Tamisa?
É quem o alto Olimpo inveja ao vê-la...
Não se compara a Héstia ou Artemisa...
És tu... que brilhas mais do que uma estrela!
Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)
"DOCE PECADO"
Com a aurora chega o Sol Nascente,
Sobe no céu, com rumo já traçado,
Vem dando vida ao mundo iluminado
Pra se esconder depois lá pra Poente...
E parece cumprir, de forma crente,
Uma homenagem viva, devotado
A quem tem no olhar brilho encantado
E vive e mora mais a Ocidente...
Parece o Sol seguir-te ó estrela bela,
Tu que a Oeste moras, qual princesa,
De origem e de raça a beleza
Por quem o Astro Rei amor revela...
Pudesse eu ser o Sol apaixonado
Pra cometer em ti doce pecado!...
Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)
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