XIV
"TOCA-ME..."
Quando aquela mão
Se estende decidida e sensual,
Num caminho seguro,
Até tocar suave
Um membro adormecido,
Despertamos nós...
Desperta o príncipe
Com coaxares de sapo,
Porque a magia
Se fez vida
E gozo último...
Quantos de nós, homens,
Antropófagos do sentir,
Não atingimos o céu
Antes do tempo
E tudo por um toque apenas?
Ahhhhhh...
Isto é vida!
Nada se compara
Ao arrepio da derme
Perante um deslizar
De dedos ao acaso.
Nada é mais intenso
Do que sentirmos a mão,
A nossa mão,
Navegar serena,
Pela derme de outro alguém,
Procurando o calor ameno
De um Trópico de Câncer
Ou Capricórnio...
Pra mergulhar ardente
Num vulcão de amor
E nos fazer arder
Sem febre alguma
Que não aquela
A que chamamos de paixão...
Partir do que é geral
Para o mais específico,
Intimo, privado e particular...
Sentir a preocupação das formas,
Das cores, do brilho,
Do estado hipnótico de um toque,
Em impressões tácteis
De impensáveis sensações
De loucura frenética e absoluta...
Depois...
Procurar uma ordenação táctil
Dos elementos do percurso
E projetá-los em cenas
De luxuria conseguida e integral...
Por fim...
Gritar em êxtase:
Toca-me de novo meu amor!!!
A Mulher,
Mais do que ser humano,
É arte viva,
Sente
Como nenhum outro espécime
À face do planeta...
E faz sentir...
Chegamos ao infinito
Num só toque...
E de lá voltamos para podermos,
Também nós,
Tocar e atingir assim
O despertar de uma aurora
Que nasce pura de êxtase
E plena de prazer!...
A Mulher
Faz uivar bem lá no fundo
Aquele ser esquecido,
De ser gente,
De ler vida,
De ter voz...
E provoca do intimo
A alma ansiosa de sentir,
Perdida de sentido,
De momento,
Já faz muito e muito tempo,
Para gritar, por fim,
Em pleno êxtase:
Toca-me de novo meu amor!!!
Haragano, O Etéreo in Achas para um Vagabundo
(Gil Saraiva)
VI
"NAVEGAR"
Na frescura da derme acetinada
Se reflectem odores de sangue quente...
Reveste-lhe esse corpo a alma ardente,
Que no brilho do olhar se vê espelhada...
Génese de uma vida, de uma estrada,
Que apenas é trilhada por quem sente
O ser selvagem, por detrás da mente,
Que no sorriso parece tudo e nada...
É morno o toque, doce o paladar,
Fervente o cerne, corpo já sem mágoa,
Que parece nesta hora ir navegar
Em taças de luar, em rios d' água,
Onde apenas navega uma certeza:
A chama que o amor mantém acesa!...
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
XII
“DESPEDIDA”
No Hotel Portaló o ser se reparte
Qual afago, festa ou cafuné,
De chalé em chalé
Cultura é baluarte
Que à natureza se mistura
Com engenho…
Quem chega,
Chega a um mundo à parte;
Quem parte
Não esquece o desempenho
De quem
O acolheu naquele hotel,
De quem
Lhe deu guarida,
Deu quartel,
Deu nova vida…
Portaló não é porta,
É como um véu,
Passar por ele só importa
Para quem quer ficar perto do céu…
Quem parte
Leva natura e arte
Quem chega
Tem saudades quando parte…
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
"NAVEGAR"
Na frescura da derme acetinada
Se reflectem odores de sangue quente...
Reveste-lhe esse corpo a alma ardente,
Que no brilho do olhar se vê espelhada...
Génese de uma vida, de uma estrada,
Que apenas é trilhada por quem sente
O ser selvagem, por detrás da mente,
Que no sorrir parece tudo e nada...
É morno o toque, doce o paladar,
Fervente o cerne, corpo já sem mágoa,
Que parece nesta hora ir navegar
Em taças de luar, em rios de água,
Onde apenas navega uma certeza:
A chama que o amor mantém acesa!...
Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)
"NAVEGAR" Na frescura da derme acetinada Se refletem odores de sangue quente... Reveste-lhe esse corpo a alma ardente, Que no brilho do olhar se vê espelhada... Génese de uma vida, de uma estrada, Que apenas é trilhada por quem sente O ser selvagem, por detrás da mente, Que no sorriso parece tudo e nada... É morno o toque, doce o paladar, Fervente o cerne desse corpo em mágoa, Que parece nesta hora ir naufragar Em lágrimas de mar, em rios d' água, Onde apenas navega uma certeza: A chama que o amor mantém acesa!... Haragano, O Etéreo in Século XXI