XV
"RASTO"
Olhar o céu
E ver nas estrelas
O florir da Primavera...
Sentir em cada uma
O perfume de uma flor!...
Tocar o infinito
Como quem toca uma quimera
Na essência vaporina
De um odor!...
Colher a mais perfeita,
Porém...
Da vista oculta,
Que não do meu sentir...
Que não do coração...
Sorrir só por sorrir!...
Em pétalas de amor
A desfolhar...
Entre meus dedos
Dar-lhe a forma
E um olhar...
Sentir a agitação do pólen
Me viciar o corpo,
Ir mais além...
Que ao infinito
Nunca foi ninguém!...
Regar,
Essa mais linda flor,
De vida,
De lágrimas de sémen
E saudade...
E ver nascer
Em folhas de prazer
Um novo amor,
Roubando assim à estrela
A liberdade!...
Ébrio de sonhos
Busco a flor oculta
Olhando o céu estrelado
E vasto...
Perdido de ilusão
Busco de novo...
Para encontrar apenas
O seu rasto...
Quem quiser ver
Florir a Primavera,
Nas estrelas
Do Universo imenso,
Tem que uma oculta flor
Ver brilhar
Sem que um qualquer outro
Possa vê-la!...
Pra poder ser minha
A oculta estrela
Tem de pensar o mesmo
Do que eu penso,
Tem de por mim sentir
Um amor tão vasto...
Que eu possa,
Por amor,
Seguir-lhe o rasto!...
Haragano, O Etéreo in Nos Caminhos da Flor
(Gil Saraiva)
XIV
"POR MAIS..."
Por mais
Que o encanto
Pareça estar quebrado...
Por mais
Que o sonho
Tenha dado lugar ao Sol
Depois de um raiar irritante
E nublado da aurora...
Por mais
Que o cotidiano
Me tente chamar à razão,
Qual despertador enervante,
Repetitivo,
Monótono
E incansável...
Por mais
Que a flor
Se encontre oculta...
Por mais
Que tudo...
Nada vai parar
Quem sonha
Com o que sabe querer,
Por mais
Que o sonho
Demore a chegar...
Por mais que o sonho
Demore
A sonhar...
Haragano, O Etéreo in Nos Caminhos da Flor
(Gil Saraiva)
VI
"BORBOLETA"
Na imensa planície de meu ser
A madrugada traz, de novo, as flores...
Desabrocha suave em meu viver
A alma, o coração, risos e cores...
Desabrocha o sentir, o amar e o ver,
De mim sedentos todos, quais credores,
Cobrando o toque, o gosto, o poder ter
Meu cheiro, meu olhar e meus amores...
Na imensa planície a madrugada
Desabrocha por fim meu existir
E a borboleta vem, enfeitiçada,
Em mim beber o néctar do sentir...
Na imensa planície oculta flor
À borboleta dá suave amor...
Haragano, O Etéreo in Terra de Vénus
(Gil Saraiva)
"PERDIDO..." Contigo quero ter o sexo porno, Lascivo, sado, louco, inconcebível... Contigo quero ter indescritível Noite de amor, ao rubro, como um forno... Contigo quero ser metal no torno, Pronto pra ver moldado de impossível Meu aço, às tuas mãos, inconcebível... Contigo quero ter o beijo morno, Dado pelos amantes imortais, Em noites, plos poetas, não sonhadas... Contigo quero ver as madrugadas Plenas de nós e amor, entre teus ais... Contigo quero amar... louco, varrido.... E dentro do teu ser dar-me perdido!... Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)