Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
258. Beijo de Namorados, obrigatoriamente um beijo envolvente, arrebatador nas intensões límpidas de renunciar a qualquer resistência, disposto ao abandono passivo da entrega, emocional e apaixonado no desejo ímpar da comunhão do ato. Um beijo sensual e quase lascivo pela volúpia imaginada de lábios que se tocam, cruzam, fundem, proporcionando a comunicação direta das línguas, o acesso a uma conversa sem palavras nem recurso a dicionário. Beijo de namorados, universalmente conhecido, conduzindo, a dada altura, à erosão dos sentimentos numa metamorfose em que estes se transformam em sentidos que se deixam conduzir pelo instinto fecundo da união, num querer tão forte que lhe chamam amor, mas que pode não passar de paixão.
87. Beijo Cúmplice, inventado pelo querer de dois seres que o realizam por desejo, vontade e paixão simultânea. Este é um beijo que ganha asas na privacidade das alcovas, protegido por esses refúgios pouco iluminados onde a sensualidade invade as sombras e os rasgos de luz dopam as mentes, apuram os sentidos, exaltam os sentimentos num universo de prazer tornado tátil por mãos, corpos e lábios que se envolvem em exercícios viciantes, de lancinante loucura sã, que só terminam por rendição das partes bem depois da unificação de um todo feito a dois. Beijo de cumplicidade, parente rico do amor, alma gémea da felicidade.
85. Beijo de Cristal pela pureza, vulcânico na intensidade, profundo pelo sentimento e feliz porque se afinal para sonhar basta apenas um, já para beijar são sempre necessários dois. Um beijo é sempre um ato delicado, que requer ternura, suavidade, e, tal como o cristal que nada mais é do que um vidro sem impurezas tratado com cuidados acrescidos, este beijo, pela maneira singela e doce como deve ser dado, para ser límpido e perfeito, ganha o nome ao cristal, absorve as suas propriedades mas ultrapassa a matéria inerte em emoção, calor, sensualidade, inocência, vibração, energia, vigor e significado. Um beijo de cristal é um beijo são, sentido, vindo do âmago de um e entregue no âmago do outro. Dá-se entre seres humanos e guarda-se na cristaleira da paixão.
71. Beijo Certeiro, dado sem tabus ou sem receios, destemidamente, com frontalidade, alegria, vida e paixão. Um daqueles que se dá com confiança, com a noção exata do que se quer e do que se espera, porque julgamos saber que a face a que se destina será por certo uma graciosa anfitriã. Para o darmos a alguém, e enquanto ato voluntário, temos de ter a certeza de que, do outro lado, existem pelo menos sinais de empatia e afeição. Este pode tornar-se num beijo surpreendente de conquista atingindo uma dimensão única de verdade. Tudo num caminho evolutivo que se avalia como sem regresso. Só assim se provoca a fusão de almas, o inflamar dos corpos, a plenitude dos seres, a busca do apocalipse dos sentidos, a divina glória do êxtase na vulcânica explosão de mil orgasmos...
31. Beijo Ardente, excitante e excitado, aquele que provoca a inceneração figurativa dos corpos em desejo impregnado de sensualidade e sexo, de volúpia e lascívia, de prazer e deleite, de carne e luxúria, de concupiscência e ambição, ou seja, ele é o ato que alcooliza os sentimentos, que droga os sentidos, que vícia o espirito, que projeta a alma para universos paralelos onde reina a emoção e que obriga o coração a bombar sangue como se do dilúvio divino se tratasse, tal a abundância frenética de hormonas correndo maratonas, num vai e vem infernal, entre dois seres fundidos num fogo imenso que se alimenta de vida e de paixão.
24. Beijo de Antologia, descrito através dos séculos pelos historiadores, narrado em páginas sem fim por escribas, plumitivos e escritores, cantado nos coros populares com a graça simples do que vem do povo, entoado por bandas, cantores e trovadores nos quatro cantos do mundo em canções sentidas, emocionadas e arrebatadoras. Beijo declamado por poetas embevecidos pela beleza mágica de um gesto de amor que se fez eterno e repetido no tempo em milénios de história, de gentes e de quereres, tornado intemporal, imortal e repetido sempre que entre humanos há amor.
21.Beijo Ansioso, desesperando por chegar ao destino com o calor inalterado, sem mudança de textura, sabor ou intenção, porque leva com ele a alegria solidária de pequenos momentos partilhados num quotidiano etéreo, mas não menos verdadeiro ou sentido. Um beijo fortalecido pela amizade que se desenvolveu sem prévios laços de conhecimento físico, sem olhos nos olhos, sem corpo a corpo, mas que, mesmo assim, não deixa de ter força, vida e vontade própria entre quem se gosta, respeita e admira mutuamente em cada dia. Beijo ansioso de ser recebido qual café que se toma pela manhã para que o novo dia recomece revigorado, energético, pleno de intenções, planos e vontade de viver. Porque o beijo importa, acrescenta valor, é dedicado, companheiro, amigo e confidente, e, mais do que tudo, é só nosso, uma vez entregue, depois de consumado.
21. Beijo de Ano Novo, antes de mais trata-se de um ato feliz, de partilha de uma passagem entre o que acaba para um novo ciclo que se inicia. Será sempre um beijo entregue entre borbulhas de champanhe, ao som de foguetes eclodindo pelos céus distribuindo figuras, imagens e cores garridas que tornam humilde o mais imponente arco-íris. A dado instante, por entre toda a gente que festeja, procuramos com o olhar ávido a quem queremos bem, brindamos, cumprimos os rituais e trocamos um beijo intenso, seguro, absoluto e decidido como poucos outros, é o mais perfeito rito de cumplicidade, de entrega e de certeza, sendo igualmente perfeito quer na amizade como no amor. Beijo a dois, entre mil, beijo de Ano Novo.
20. BeijoAnimal, envolvente, quente e muito protetor, mas também, felino, selvagem, instintivo, quase bruto porque entregue em bruto, mas absolutamente natural, vindo das entranhas, furtivo, predador, sedento na intensidade, sensual pelo desejo último da posse, lascivo na luxúria impregnada na ação, sexual nos cheiros, na conduta, na franqueza espontânea do agir, tomado de assalto sem ser dado, pedido ou consentido, porque o corpo de um sente previamente o anuir da outra parte, sem falas, conversas ou combinações, sempre noturno, oculto e realizado na surpresa única da caça ou da conquista, entre macho e fêmea que se fundem num beijo que apenas existe num caminho tornado imperativo.
18. Beijo de Anil em noite purpura, porque todos temos o nosso dia misterioso, gótico nos apetites, atrevido nas tentações, que foge do habitual espetro dos tons românticos, entre o rosa e o encarnado, para uma outra banda de desejos ocultos, escondidos no ego, aguardando a oportunidade para ganharem forma e cor, como se naquele momento fossemos personagens que arriscam entrar num novo horizonte, uma paisagem nunca antes devidamente explorada, completamente fora da habitual zona de conforto. Não sendo negro nem tétrico é um beijar que provoca arrepios, cria sensações estranhas no estômago e ânsia no coração.