Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
114. Beijo Envolvente, desenvolvido numa cena de genuína sedução, numa atmosfera carregada de fantasia e rococós própria dos momentos de ultrarromantismo, em que tudo se parece conjugar como que saído de um molde cativante, imprimindo um cunho caraterístico ao local, às circunstâncias e ao tempo. Numa palavra, o cenário revela-se perfeito. Nos olhares sente-se a atração dos corpos, dos rostos e dos gostos. Inesperadamente ela sabe aquilo que a atrai nele e, como que por um inexplicável ímpeto, ele descobre tudo o que ela tem de encantador. Só então o beijo acontece. Lânguido no começar, emotivo depois do primeiro toque, vivido em plena devoção no decurso da ação, envolvente na transcendência do transporte das mentes para as sensações tépidas dos lábios, que se humedecem mutuamente, enquanto ambos se sentem conduzidos para mundos julgados impossíveis. Beijo envolvente que nascendo de um quase nada, sem um como ou um porquê, sem racionalismos ou filosofias, apenas ao serviço das cativações próprias do sentir, desagua em cenas feitas de beijar, por entre sombras vacilantes de velas, que parcas luzes emanam, entre olores lúbricos e palatos feitos quinta-essência, numa foz impetuosa lotada dos mais finos nutrientes de um amar.
O bar ao fundo... O motivo era a espera, Uma espera com fim anunciado: Ela não devia demorar!
Na sala cheia Ninguém dava por mim, Naquele canto destinado A ilustres desconhecidos, Como eu, aliás... A multidão falava de quotidiano, Falava de tudo, Mesmo sem muito conseguir acrescentar...
Na minha mente Uma só palavra parecia bailar Entre a ponta da língua E a garganta seca da cerveja Já extinta no copo da imperial, Havia algum tempo...
O bar ao fundo... Uma só palavra... E ela que tardava...
Pela milionésima primeira vez Consultei o relógio, Era verdade: Os segundos continuavam a passar No ritmo incontrolável Do Tempo...
Levantei o olhar... Ela sorriu para mim Uma vez mais, Como mil e uma vezes o fizera Anteriormente...
E a palavra ganhou forma de novo, E o Tempo parou, E o bar pareceu vazio, E a garganta húmida Ganhou voz e lançou a palavra, Pela milionésima segunda vez, Pela ponta da língua: