288. Beijo de Pecado , com requintes de masoquismo ou de sadismo, dependendo dos gostos de quem se beija. Beijo de pecado, porque a culpa está na desobediência àquilo que apreendemos como certo, seja no que nos dita a religião ou a sociedade. Pecar é ultrapassar limites, ir mais além, às vezes muito mais longe do que nos foi ditado durante a vida na aprendizagem que fizemos no decurso do nosso existir. Um beijo de pecado pede líbido e exige transgressão, mas nem sempre implica culpa, remorso ou falha. Beijo de pecado, se partilhado por ambos, estamos perante as planícies do êxtase, as margens do arrebatamento, os vales da concupiscência, as encostas do delírio e os picos mais altos do prazer.
IV
"ELA..."
Ela
Não podia estar ali...
Talvez...
Nos confins do pensamento,
Longe de tudo...
Não de todos!...
Um rosto jovem no sorrir...
Um rosto,
Com raios de Sol
Caindo nos ombros,
Em cabelos de um ouro
Que brilha no escuro...
O azul do mar
Repousando nas pálpebras,
De uns olhos castanhos
Que brilham também...
Um doce poente
Poisado nos lábios,
De uma boca que arde
E cheira a pecado...
Um luar de prata
Em seu meigo rosto,
De uma Lua Cheia
Que ilumina a serra...
Os traços de Vénus
Moldados num corpo,
Que Gaia quis tão fértil
Como sensual...
O entardecer
Descendo no ventre,
Qual crepúsculo
Anunciando a plenitude...
O sabor a sal
Colando-lhe as coxas,
Húmidas de ansiedade,
De ante prazer...
O toque da seda
Envolvendo os seios,
Tentando esconder
A derme perfeita...
O amor perdido
Em seu terno olhar,
Que busca sedento
Outro olhar igual...
E um ar de oásis
Cobrindo-lhe a pele,
Qual neblina ténue
Desejando Sol...
Ela...
Não podia estar ali...
Talvez...
Perto de alguém,
Imaginário ninguém,
A quem esperava,
Um dia,
Vir a encontrar!...
Ela
Não podia estar ali...!
Não!...
Não existe tal paisagem,
Pois as quimeras
Nunca são reais!
Mas...
Se por força
De acasos impensáveis,
A paisagem
Não for mera miragem...
Se o ocaso
Realmente for poente
Que chega ante meus olhos
Suspensos na exceção,
Então... então...
Então tudo eu dou
Pela paisagem!...
O que sou,
O que fui
E o que serei,
O que tenho
E o que possa vir a ter...
Tudo!...
Porque tudo é pouco
Se puder na paisagem
Meu ser eu colocar...
Num canto,
Ali...
Mas enquadrado...
Ela
Não podia estar ali...
Haragano, O Etéreo in Achas para um Vagabundo
(Gil Saraiva)
VIII
"DOCE PECADO"
Com a aurora chega o Sol Nascente,
Sobe no céu, com rumo já traçado,
Vem dando vida ao mundo iluminado
P’ra se esconder depois lá pra Poente...
E parece cumprir, de forma crente,
Uma homenagem viva, devotado
A quem tem no olhar brilho encantado
E vive e mora mais a Ocidente...
Parece o Sol seguir-te ó estrela bela,
Tu que a Oeste moras, qual princesa,
De origem e de raça a beleza
Por quem o Astro Rei amor revela...
Pudesse eu ser o Sol apaixonado
P’ra cometer em ti doce pecado!...
Haragano, O Etéreo in Terra de Vénus
(Gil Saraiva)
"FLOR COLHIDA..."
Ter no sentir o brilho do poente,
Ter o olhar profundo, inconformado,
Que mais parece ser o resultado
Do espelho que da alma é transparente...
Ter no sorriso a luz de um branco quente,
Num cativar exclusivo, arrebatado,
Que tem de simpatia e de pecado
Tanto como de vida e de inocente...
E ser sereia e mar na Internet
Ou flor crescendo em bruto na colina...
Ter tudo, enfim, e ser adrenalina
De quem num só olhar se compromete...
Ser simples como a flor que, ao ser colhida,
Descobre quem por ela dá a vida...
Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)
"DOCE PECADO"
Com a aurora chega o Sol Nascente,
Sobe no céu, com rumo já traçado,
Vem dando vida ao mundo iluminado
Pra se esconder depois lá pra Poente...
E parece cumprir, de forma crente,
Uma homenagem viva, devotado
A quem tem no olhar brilho encantado
E vive e mora mais a Ocidente...
Parece o Sol seguir-te ó estrela bela,
Tu que a Oeste moras, qual princesa,
De origem e de raça a beleza
Por quem o Astro Rei amor revela...
Pudesse eu ser o Sol apaixonado
Pra cometer em ti doce pecado!...
Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor
(Gil Saraiva)
"DOCE PECADO" Com a aurora chega o Sol Nascente, Sobe no céu, com rumo já traçado, Vem dando vida ao mundo iluminado Pra se esconder depois lá pra Poente... E parece cumprir, de forma crente, Uma homenagem viva, devotado A quem tem no olhar brilho encantado E vive e mora mais a Ocidente... Parece o Sol seguir-te ó estrela bela, Tu que a Oeste moras, qual princesa, De origem e de raça a beleza Por quem o Astro Rei amor revela... Podesse eu ser o Sol apaixonado Pra cometer em ti doce pecado!... Haragano, O Etéreo in Folhas de Outono, Flores de Primavera