Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
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294. Beijo Perfeito, como aquele que se troca quando o crepúsculo anuncia a madrugada, por entre os tons quentes, suaves e afagadores, do entardecer estival perto de uma linha de água que cintila matizes de fusão e estima. Dado com um fervor que não tem igual e recebido como se entregue fosse, em uníssono, numa conjugação perfeita em que ambos repartem o mesmo que recebem, em que as mentes se fundem e se entrelaçam com as almas, os corações e as essências, dos dois seres que se transmutam num só. Beijo perfeito, uno e indivisível enquanto o existe. Beijo belo, porque perfeito.
114. Beijo Envolvente, desenvolvido numa cena de genuína sedução, numa atmosfera carregada de fantasia e rococós própria dos momentos de ultrarromantismo, em que tudo se parece conjugar como que saído de um molde cativante, imprimindo um cunho caraterístico ao local, às circunstâncias e ao tempo. Numa palavra, o cenário revela-se perfeito. Nos olhares sente-se a atração dos corpos, dos rostos e dos gostos. Inesperadamente ela sabe aquilo que a atrai nele e, como que por um inexplicável ímpeto, ele descobre tudo o que ela tem de encantador. Só então o beijo acontece. Lânguido no começar, emotivo depois do primeiro toque, vivido em plena devoção no decurso da ação, envolvente na transcendência do transporte das mentes para as sensações tépidas dos lábios, que se humedecem mutuamente, enquanto ambos se sentem conduzidos para mundos julgados impossíveis. Beijo envolvente que nascendo de um quase nada, sem um como ou um porquê, sem racionalismos ou filosofias, apenas ao serviço das cativações próprias do sentir, desagua em cenas feitas de beijar, por entre sombras vacilantes de velas, que parcas luzes emanam, entre olores lúbricos e palatos feitos quinta-essência, numa foz impetuosa lotada dos mais finos nutrientes de um amar.
85. Beijo de Cristal pela pureza, vulcânico na intensidade, profundo pelo sentimento e feliz porque se afinal para sonhar basta apenas um, já para beijar são sempre necessários dois. Um beijo é sempre um ato delicado, que requer ternura, suavidade, e, tal como o cristal que nada mais é do que um vidro sem impurezas tratado com cuidados acrescidos, este beijo, pela maneira singela e doce como deve ser dado, para ser límpido e perfeito, ganha o nome ao cristal, absorve as suas propriedades mas ultrapassa a matéria inerte em emoção, calor, sensualidade, inocência, vibração, energia, vigor e significado. Um beijo de cristal é um beijo são, sentido, vindo do âmago de um e entregue no âmago do outro. Dá-se entre seres humanos e guarda-se na cristaleira da paixão.
34. Beijo de Arte, de obra de arte, desenvolvido criativamente para poder chegar ao destino no mais puro dos estados, sem maldade ou malícia, apenas como agradecimento, depositado na face, com toda a simpatia, como um presente a ser retribuído. Porque a arte é eterna ele perpetuar-se-á na memória de quem tem a sorte ou a vontade de, sendo diferente, fazer deste engenho o caminho de cada dia, quer pela delicadeza, pela simplicidade, pela educação, quer, enfim, pelo trato dado ao interlocutor. Um beijo com arte é muito mais do que um mero ósculo que se entrega e esquece, ele tem a beleza intrínseca das obras-primas, sendo simultaneamente belo na forma, inspirador na intensidade, arrebatador na alma, apaixonante no coração, puro na conceção, divino na imagem e perfeito na essência sentimental que se dissemina por cada um dos seres envolvidos.