Beijo Pingado
297. Beijo Pingado como esta terra que não para de lacrimejar por reverência à sua ausência ou distância, quase chorando lágrimas de saudade, olhando horas que não passam, dias que não chegam, tempos que não vêm por muito que se espere. Um beijo assim é um quase beijo piegas. Clama pela derme onde quer repousar, por fim, como quem dela depende para continuar a existir. Beijo molhado, pelo menos húmido, perdido na ansiedade louca de se fazer cumprir, de culminar entre seus lábios, seus ombros, seu pescoço ou sua face com a sensualidade escorregadia de uma lágrima que anseia tornar-se magicamente em alegria.