78. Beijo Clitoriano , cantado e aclamado por poetas e musas ou com a descrição tímida ou da meramente figurativa, lembro Paulo Gonzo em Jardins Proibidos "… nesses recantos, onde tu andas sozinha sem mim, ardo em ciúme desse jardim, onde só vai quem tu quiseres, onde és Senhora de um tempo sem fim…". Ou chegando até à descrição sensual, erótica e lasciva de um Harold Robbins nos seus romances escritos no último quartel do século passado. Beijo clitoriano… lábios com lábios… depois de uma suave descida pelo ventre até se desaparecer entre coxas, enquanto a língua procura ávida humores de prazer em cada caricia, numa busca insana de murmúrios perdidos na eternidade que transformam um só momento numa razão de existir.
X
"INFINITO"
Um astro brilha lá no firmamento;
Um ponto que me aponta o infinito;
Um cometa indicando um velho mito,
Formado há muito já no pensamento
Por não caber no nosso entendimento,
Como não coube no do antigo Egito,
E, nem nessa Índia velha do sânscrito
Ou mesmo até no Novo Testamento...
Tantos sonhos pra lá da estratosfera;
Lendas de deuses, Deus, de Lúcifer;
Materialismos, carne... só mister!
Ah! Pobres humanos quem vos dera
Poder, como eu, viver qualquer quimera,
No infinito amor desta mulher!
Haragano, O Etéreo in Terra de Vénus
(Gil Saraiva)
VIII
"DOCE PECADO"
Com a aurora chega o Sol Nascente,
Sobe no céu, com rumo já traçado,
Vem dando vida ao mundo iluminado
P’ra se esconder depois lá pra Poente...
E parece cumprir, de forma crente,
Uma homenagem viva, devotado
A quem tem no olhar brilho encantado
E vive e mora mais a Ocidente...
Parece o Sol seguir-te ó estrela bela,
Tu que a Oeste moras, qual princesa,
De origem e de raça a beleza
Por quem o Astro Rei amor revela...
Pudesse eu ser o Sol apaixonado
P’ra cometer em ti doce pecado!...
Haragano, O Etéreo in Terra de Vénus
(Gil Saraiva)
XIII
"LUAR DE SONHOS"
Chegou hoje branca a noite de luar
Com farrapos de sonhos no horizonte
Envolvendo a serra, monte a monte,
Humedecendo as almas de invulgar
Ambiente de oculto secular...
Chegou hoje branca a noite em alva fonte,
Entre luz e mistério sendo a ponte,
Que a Lua não nos diz como alcançar...
Chegou hoje branca a noite... quase trágica,
Translúcida de seres e sentimentos...
Chegou hoje branca a noite e por momentos
Raiou, em sensual passo de mágica,
Poisando branca em teus olhos tristonhos
E os transformando num luar de sonhos...
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
XI
"FLOR DA PELE"
Sentir, à flor da pele, o verbo amar,
Amar, de corpo e alma, com furor...
Sentir, vibrar, viver e pressupor
Que o ser humano tem num só olhar:
A força e a vontade de lutar,
A garra e o poder de sobrepor
A tudo e todos a palavra amor,
Por mais que essa palavra vá custar!...
Sentir, à flor da pele, toda uma vida,
No prazer divinal de um só orgasmo...
Viver de gosto, em pleno entusiasmo,
Amar sem fronteiras, foragida...
Assim sempre tu és... e, apaixonada
Amas-me à flor da pele... da pele suada!...
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
VIII
"PERDIDO..."
Contigo quero ter o sexo porno,
Lascivo, sado, louco, inconcebível...
Contigo quero ter indescritível
Noite de amor, ao rubro, como um forno...
Contigo quero ser metal no torno,
Pronto pra ver moldado de impossível
Meu aço, às tuas mãos, inconcebível...
Contigo quero ter o beijo morno,
Dado pelos amantes imortais,
Em noites, p’los poetas, não sonhadas...
Contigo quero ver as madrugadas
Plenas de nós e amor, entre teus ais...
Contigo quero amar... louco, varrido...
E dentro do teu ser dar-me perdido!...
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
VI
"NAVEGAR"
Na frescura da derme acetinada
Se reflectem odores de sangue quente...
Reveste-lhe esse corpo a alma ardente,
Que no brilho do olhar se vê espelhada...
Génese de uma vida, de uma estrada,
Que apenas é trilhada por quem sente
O ser selvagem, por detrás da mente,
Que no sorriso parece tudo e nada...
É morno o toque, doce o paladar,
Fervente o cerne, corpo já sem mágoa,
Que parece nesta hora ir navegar
Em taças de luar, em rios d' água,
Onde apenas navega uma certeza:
A chama que o amor mantém acesa!...
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
V
“BRAÇOS ABERTOS”
Quando os braços abriste para mim
E me deste teu meigo e doce colo,
Não sei eu se segui o protocolo,
Mas sei que me senti mui’ bem assim
Entre teus braços… Abraço sem fim
Junto ao teu peito meigo em que me enrolo,
Por esse teu carinho um novo Apolo
Me fizeste sentir… Num folhetim
Daqueles de cordel, com muito mel,
Apaixonado e vivo uma vez mais.
Quando os braços abriste fui jamais,
Fui nunca, garanhão, eu fui corcel
Cavalgando por ti, fui haragano,
No abrir dos teus braços… oceano!
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
IV
“VERMELHA MALA”
O brilho dos teus olhos deste a mim,
O rubro dessa boca me ofertaste,
No calor de teus seios me amparaste,
Em teus braços… de mata fui jardim…
Um bom abrigo foste tu, enfim…
Com tuas ternas mãos me massajaste,
Com as pontas dos dedos me coçaste,
No fundo do teu ser fui Mandarim…
Agora te dou algo onde guardei
O tão forte bater do meu sentir,
O meu amar, o meu por ti sorrir,
O meu ser, porque a ti amor me dei…
Guarda-a bem amor, porque ela embala
Meu coração, esta vermelha mala…
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)
III
“APOGEU”
Sua teu corpo amor e sua o meu
Até a vista nos ficar nublada,
Da fusão do contacto à pele suada
Sexo de fogo a noite desprendeu…
Seguindo unidos… Já amanheceu…
No Portaló um céu de trovoada
Parecia cantar, em alvorada,
A noite que entre nós aconteceu…
Veio a luz da manhã, se fez esplendor,
Brilhou como cristal a água azul,
Atracou um barco mais pra Sul
E buzinou pra nós o nosso amor…
Suou teu corpo amor, suou o meu,
De gota em gota… até ao apogeu!...
Haragano, o Etéreo in Portaló
(Gil Saraiva)