Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
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320. Beijo de Querer, habitualmente embalado pela apetência íntima de uma consonância a dois. Beijo criado pela reciprocidade das vontades em dividir, entre eles, uma profusão desgovernada de sentidos embriagados por impulsos tornados desejos, pelo alinhamento das emoções numa sintonia determinada, objetiva e voraz, que desagua deliciada numa maré viva de aspirações e lubricidades ansiadas desde esse momento sem volta, retorno ou marcha atrás. Beijo de querer, onde a volúpia parece habitar na companhia de uma luxúria libidinosa no sorrir, concupiscente no cintilar dos olhos e imperativamente lasciva no beijar.
258. Beijo de Namorados, obrigatoriamente um beijo envolvente, arrebatador nas intensões límpidas de renunciar a qualquer resistência, disposto ao abandono passivo da entrega, emocional e apaixonado no desejo ímpar da comunhão do ato. Um beijo sensual e quase lascivo pela volúpia imaginada de lábios que se tocam, cruzam, fundem, proporcionando a comunicação direta das línguas, o acesso a uma conversa sem palavras nem recurso a dicionário. Beijo de namorados, universalmente conhecido, conduzindo, a dada altura, à erosão dos sentimentos numa metamorfose em que estes se transformam em sentidos que se deixam conduzir pelo instinto fecundo da união, num querer tão forte que lhe chamam amor, mas que pode não passar de paixão.
99. Beijo Digno, aquele que nasce sempre que existe consentimento, verdade, sentimento, razão de ser, atração biunívoca, concordância, harmonia, vontade e querer. Um beijo que implica total respeito entre os intervenientes, porém, e pese embora que neste sentido lato possam existir imensos beijos enquadráveis na categoria, o beijo digno é, por excelência, um beijo vindo do cerne de quem beija e dado no âmago de quem o recebe. Tem o entusiasmo da primeira vez, nem que seja a milésima ocasião em que se entrega. Normalmente, segue a via inequívoca do amor, e, ao lado deste, é capaz de partilhar toda uma existência sem vacilar.
96. Beijo Desejado, almejado, querido, cobiçado e pretendido com ânsias de fome e apetites de vontade pela menina feita mulher, pela mulher de novo menina. Um beijo que, partindo da iniciativa masculina, transporta com ele a arte mágica da fêmea que deliberadamente nos cativou o espírito e nos conduziu durante todo o trajeto até à conclusão de tal beijar. Invadindo-nos primeiro os sentidos pela presença, pelo toque, pelo cheiro, pelo murmurar de sereia feiticeira, pelo sabor que antecipamos sem antes o termos sentido, e, depois, no final do cerco, já durante o ato, aprisionando-nos o coração e corpo num querer que termina num beijo, que se torna recíproco e irreversivelmente apaixonado.
87. Beijo Cúmplice, inventado pelo querer de dois seres que o realizam por desejo, vontade e paixão simultânea. Este é um beijo que ganha asas na privacidade das alcovas, protegido por esses refúgios pouco iluminados onde a sensualidade invade as sombras e os rasgos de luz dopam as mentes, apuram os sentidos, exaltam os sentimentos num universo de prazer tornado tátil por mãos, corpos e lábios que se envolvem em exercícios viciantes, de lancinante loucura sã, que só terminam por rendição das partes bem depois da unificação de um todo feito a dois. Beijo de cumplicidade, parente rico do amor, alma gémea da felicidade.