Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
105. Beijo Egípcio, dado de perfil, sob a tutela do rei dos deuses do Egito fundido com o deus do Sol, Ámon-Rá. Um beijar de olhos quase fechados, num rasgar que apenas nos deixa ver contornes, apelando aos outros sentidos, onde o olfato ganha força, o tato, dimensão e o paladar significado. Beijo entregue a 38 graus à sombra, num calor que vem de dentro, mas que nos refresca e bem dispõe, qual oásis, no meio da densa areia do nosso imenso, infindável e piramidal quotidiano. Um ato que se arquiva no sarcófago sagrado da memória, para sempre mumificado com fragrâncias de oxalá, suspiros de souvenir e contactos recriados em cada recordar. Beijo de abrigo onde ganhamos a energia necessária para prosseguir antes de continuarmos essa viagem única a que chamamos vida.
72. Beijo Cigano, roubado em noite sem Lua pelas raias da vida, cabelos ao vento brandindo florestas ocultas no breu. Beijo apanhado, quase ilegal, escondido de todos, família ou lar… Nada mais importa do que esse beijar. Beijar vagabundo de um haragano, que alazão selvagem não se deixa domar. Beijar cegamente num beijo profundo, que vem do instinto, que vem do amar. Beijo apropriado feito destino à luz da fogueira por entre sombras ocultas. Uma só maneira de chegar primeiro ao beijo que a alma parece cantar. Beijo lançado por cartas sem rumo que traçam destinos sem os traçar. Beijo feito de sinais de fumo que um beijo assim é de contrabando, é forte, é intenso, é de recordar, pode ser meigo, mas não é brando, pode ser vida, mas pode matar...