Beijo Entregue
111. Beijo Entregue em qualquer circunstância, ambiente ou idade. Pode ser dado nas noites frias de inverno onde o calor de uma face quente tem no conforto ameno um refúgio seguro. Pode chegar em pleno outono dum passeio tardio, por entre tapetes de plátanos e árvores coradas pelas vestes seminuas que por ora envergam e onde o encostar dos lábios a um rosto tem semelhanças de aconchego e de abrigo. Pode nascer numa manhã chilreante de primavera, por entre os matizes verdes dos jardins pincelados de mil cores pelas flores que acolhem insetos e aves num convite explicito à polinização, em que beijar alguém nos faz sonhar com futuros dias de felicidade. Pode desaguar em pleno verão, à sombra de uma sombrinha, toldo ou guarda-sol, com uma bebida refrescante numa mão e um sorriso no semblante, em que o beijo desferido transpira desejo, anseia colo e inventa loucuras. Afinal apenas importa, seja onde for, seja como for, que o beijo entregue cumpra o ciclo, transfira o sentimento, apague o desejo e se instale triunfante no seio vulcânico dos corações que por ele batem a vida inteira.