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Desabafos de um Vagabundo

Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU! Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite

Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU! Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite

Poemas de um Haragano: Nos Caminhos da Flor – Sem…

 

   XVI

 

"SEM..."

 

Para ser um mito

De alguém

Eu teria de existir

Antes de ser,

De ter vivido

Antes de existir,

De ser sonhado

Antes de conhecido ser...

 

Porém,

Por tudo isso...

Não passo de simples rumor

Nas gargantas

De quem nunca me imaginou...

 

Sou um Vagabundo Dos Limbos,

Sou Haragano, O Etéreo,

Condenado a não sentir

O cheiro da rosa...

 

Sem que uma pétala

Deslize entre meus dedos,

Qual torrente de um rio

Com margem certa...

 

Sem que um espinho

Me prove que o sangue

Ainda corre em minhas veias...

 

Sem que a beleza de uma flor

Me cegue de amor,

Qual rosa do rio

Que murmura segredos de infinito

Em meus ouvidos...

 

Sou um Vagabundo Dos Limbos,

Haragano, O Etéreo,

Prisioneiro do aroma suave

De uma simples flor,

Mas longe de ganhar raízes

Nas profundezas íntimas

Desse botão aberto ainda

Sem destino...

 

Nos caminhos da flor,

Qual seiva

Que alimenta a planta,

Eu continuo

Sem rumo

Meu caminho para a extinção...

 

Haragano, O Etéreo in Nos Caminhos da Flor

(Gil Saraiva)

Poemas de um Haragano: Terra de Vénus – Lilás

 

     XI

 

"LILÁS"

 

Cor mais linda, pintura de açucenas,

Ali, na noite escura, és recordar

Na boca sensual que quer amar...

Uma voz rouca... só... sorrindo apenas...

 

Imagens simples, férteis e pequenas,

Mas tudo traduzido em um olhar...

Frenética loucura de um gostar

Jamais um mar será de águas amenas...

 

Um rio de cor, reflexos de sentir,

Um só lençol de seiva, uma choupana,

Que pode um coração fazer explodir

 

Ao som de um samba sob a luz cigana...

Cor mais linda, que uns lábios faz mordaz,

És por amor, ternura, a cor lilás...

 

Haragano, O Etéreo in Terra de Vénus

(Gil Saraiva)

Poemas de um Haragano: Livro XXI – Portaló – Na Sombra…

 

         XIV

 

“NA SOMBRA”

 

Aqui o verde é terra e é um espanto,

Do rio do Inferno à fortaleza,

Da ilha da saudade, em natureza,

Até ao galeão, p’lo verde manto…

 

Aqui o azul é mar, lágrima e canto,

É porto, é farol, sempre em beleza,

Oceano cristal, vida, pureza,

É navegar na praia do encanto…

 

Aqui respiro magia e sortilégio,

No Morro de S. Paulo, em Tinharé,

Séculos de histórias, máculas e fé

 

Chegadas de um passado em tempo régio…

Na sombra de um chalé, em Portaló,

Aqui, eu escrevo… aqui jamais ‘stou só!...

 

Haragano, o Etéreo in Portaló

(Gil Saraiva)

Poemas de um Haragano: Livro XXI – Portaló – Rosa do Rio

 

 

 

            XII

 

“ROSA DO RIO”

 

Um dia, numa noite, sem esperar,

Ai, a mais bela flor, eu encontrei...

Como uma rosa, digna só de um rei,

Era como veludo ao desfolhar

 

Sem, no entanto, preciso ser tocar...

Gotas de orvalho nela vislumbrei,

Com um brilho que descrever não sei

E que então me fizeram deslumbrar...

 

Mas rosa a flor não era propriamente,

Descia à beira rio sem ter raiz,

Doava a tudo luz de tão feliz

 

Procurando aventura na corrente...

Era uma flor livre, era um sentimento,

Flor radical, pintura de um momento...

 

Haragano, o Etéreo in Portaló

(Gil Saraiva)

Poemas de um Haragano: Livro XXI – Portaló – Chalé Fernando Pessoa

 

 

                     XI

 

“CHALÉ FERNANDO PESSOA”

 

Aqui, no Portaló, em Tinharé,

Longe de Paris, Rio ou Lisboa,

A vida, qual sorriso de um bebé,

Segue calma, simples e tão boa…

 

“Tudo vale a pena”… A forma é pura,

A prosa à poesia dá frescura

Com aromas de ser e de natura,

Neste espaço feito luz e cor…

Cada chalé tem nome de poeta ou de um escritor,

Cada chalé tem um coração, tem um sentir,

Tem paz, tranquilidade e tem amor,

Tem essência, alma e existir…

A pena é verde aqui, como a mata atlântica

E a palavra é barco, galeão, canoa,

É terra que floresce de romântica…

 

Em Fernando Pessoa

Me instalei meia quinzena,

E me senti um Rei, sem ter a coroa,

De um quinto império sem arena…

Fiquei por Portaló enamorado,

E pelos versos de Pessoa eu inspirado

Entendi, então, de forma plena,

O que vale ter a alma não pequena…

 

Haragano, o Etéreo in Portaló

(Gil Saraiva)

Poemas de um Haragano: Livro XX - Sonhos de Poeta

 

"SONHOS DE POETA"

 

 

Aqui nos encontramos, os amantes,

Entre poemas não ficamos sós...

Dos versos que dizemos, somos voz,

Dos outros, que nos dizem, figurantes...

 

Somos um todo uno, por instantes,

Sorrimos e choramos, somos nós...

Afluentes de um mesmo rio, a foz,

Sensíveis... raros, somos os Atlantes

 

Em vias de extinção neste milénio...

Que os sonhos de poeta são morada

Daqueles que, ao escrever, são mago e fada...

 

Desses pra quem o verso é oxigénio...

E, se um final feliz temos por meta,

É porque temos... sonhos de Poeta...

 

 

Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor

(Gil Saraiva)

Poemas de um Haragano: Livro XX - Rosa do Rio

 

“ROSA DO RIO”

 

 

Um dia, numa noite, sem esperar,

Ai, a mais bela flor, eu encontrei...

Como uma rosa, digna só de um rei,

Era como veludo ao desfolhar

 

Sem, no entanto, preciso ser tocar...

Gotas de orvalho nela vislumbrei,

Com um brilho que descrever não sei,

E que então me fizeram deslumbrar...

 

Mas rosa a flor não era propriamente,

Descia à beira rio sem ter raiz,

Doava a tudo luz de tão feliz

 

Procurando aventura na corrente...

Era uma flor livre, era um sentimento,

Flor radical, pintura de um momento...

 

 

Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor

(Gil Saraiva)

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