Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
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351. Beijo de Saudades, aquele que se entrega vorazmente após uma ausência que nos pareceu infinitamente maior do que o que deveria ser, àquele ser a quem queremos bem. A intensidade do beijo e da saudade aumentam na mesma proporção em que esse nosso bem-querer é mais vivo, mais próximo da alma, do coração ou do amor. Beijar assim torna-se um ato explicito ao demonstrarmos claramente que não queremos mais sentir tamanha falta, que nos é preciosa a companhia, a presença e certamente toda a proximidade. Beijo de saudades, dá-se pelos sentimentos e não pelos sentidos.
91. Beijo Decorado, que tem de ser requintado, não apenas com gosto ou alguns retoques de fantasia, mas aprimorado quer para a expetativa de quem o recebe, embebido de alegria, quer pela maneira como se entrega gerando felicidade. Importa criar um algo que possa ser recordado como belo, belíssimo ou mesmo soberbo, caso contrário a decoração não faz qualquer sentido. Interessa escolher o meio envolvente para a realização do evento, seja pela presença no ar de um bálsamo suave a flores silvestres, seja pela paisagem que poderá ser crepuscular e grandiosa ou urbana e suave na escolha das luzes que tiram a cena da penumbra. O ambiente deve ser acolhedor e o beijo entregue apaixonadamente, com convicção, ao som de uma música para a eternidade, para a memória, para a saudade.
Faz hoje 130 anos que o Escultor Soares dos Reis se suicidou. O maior nome da Escultura Nacional na fase de transição entre o Romantismo e o Realismo, ceifou a sua própria vida, com 2 tiros de pistola, na cabeça, aos 41 anos de idade. Portugal perdia, nessa altura, um dos seus maiores génios de sempre no que às Belas Artes diz respeito. Considerado um dos grandes, melhores e mais geniais escultores do mundo no seu tempo, morreu com apenas 22 anos de carreira. Foi o primeiro a esculpir a Saudade em estátua. Criou o busto feminino da Flor Agreste, um rosto belo, jovem, mas vindo do povo, não composto segundo as modas da época, ou o modelo não tivesse sido uma carvoeira vizinha do escultor. Mas Soares dos Reis é também o autor da estátua em bronze de Dom Afonso Henriques, o nosso fundador.
"SEM..." . . Para ser um mito De alguém Eu teria de existir Antes de ser, De ter vivido Antes de existir, De ser sonhado Antes de conhecido ser... . Porém, Por tudo isso... Não passo de simples rumor Nas gargantas De quem nunca me imaginou... . Sou um Vagabundo Dos Limbos, Sou Haragano, O Etéreo, Condenado a não sentir O cheiro da rosa... . Sem que uma pétala Deslize entre meus dedos, Qual torrente de um rio Com margem certa... . Sem que um espinho Me prove que o sangue Ainda corre em minhas veias... . Sem que a beleza de uma flor Me cegue de amor, Qual rosa do rio Que murmura segredos de infinito Em meus ouvidos... . Sou um Vagabundo Dos Limbos, Haragano, O Etéreo, Prisioneiro do aroma suave De uma simples flor, Mas longe de ganhar raízes Nas profundezas intimas Desse botão aberto ainda Sem destino... . Nos caminhos da flor, Qual seiva Que alimenta a planta, Eu continuo Sem rumo Meu caminho para a extinção... . . Haragano, O Etéreo in Nos Caminhos da Flor
"RASTO" . . Olhar o céu E ver nas estrelas O florir da Primavera... . Sentir em cada uma O perfume de uma flor!... . Tocar o infinito Como quem toca uma quimera Na essência vaporina De um odor!... . Colher a mais perfeita, Porém... Da vista oculta, Que não do meu sentir... Que não do coração... . Sorrir só por sorrir!... . Em pétalas de amor A desfolhar... Entre meus dedos Dar-lhe a forma E um olhar... . Sentir a agitação do pólen Me viciar o corpo, Ir mais além... Que ao infinito Nunca foi ninguém!... . Regar, Essa mais linda flor, De vida, De lágrimas de sémen E saudade... E ver nascer Em folhas de prazer Um novo amor, Roubando assim à estrela A liberdade!... . Ébrio de sonhos Busco a flor oculta Olhando o céu estrelado E vasto... . Perdido de ilusão Busco de novo... Para encontrar apenas O seu rasto... . Quem quiser ver Florir a Primavera, Nas estrelas Do Universo imenso, Tem que uma oculta flor Ver brilhar Sem que um qualquer outro Possa vê-la!... . Pra poder ser minha A oculta estrela Tem de pensar o mesmo Do que eu penso, Tem de por mim sentir Um amor tão vasto... Que eu possa, Por amor, Seguir-lhe o rasto!... . . Haragano, O Etéreo in Nos Caminhos da Flor