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Desabafos de um Vagabundo

Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU! Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite

Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU! Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite

Registos da Memória - X - Cabo Verde, Ilha do Sal, Cidade de Santa Maria - Mulheres

Sal RM 10.JPG

(Cabo Verde, Ilha do Sal, Cidade de Santa Maria – Mulheres - X - Foto de autor, direitos reservados)

Registos da Memória

X

Mulheres de Santa Maria

 

Na azafama de mais um dia em Cabo Verde, a ida ao mercado de ar livre na cidade de Santa Maria, ali, na Ilha do Sal, faz parte dos hábitos de todos os dias. Depois é preciso levar as compras para casa antes de tratar do almoço. Hospitaleiros, afáveis e de uma simpatia contagiosa, os habitantes, homens e mulheres, gostam da interação com quem os visita.

Uns 15 minutos depois desta fotografia estive à conversa com estas cinco ilustres representantes do sexo feminino. Foi uma conversa de quase um quarto de hora e não mais porque as damas estavam com alguma urgência em regressar a casa. Da esquerda para a direita conversei com Melissa e Kiara (presa pelo pano vivo de azul às costas da mãe), e também com Eliane, Luana (ainda na barriga da mãe e a quem desejei um feliz nascimento) e Mayara, a pequenina que completava o grupo.

Fui inclusivamente convidado para o almoço, que declinei, por já ter marcado refeição num dos restaurantes da artéria principal da cidade. A simpatia chegou ao ponto de me informarem que o local que eu havia escolhido não era grande coisa e era caro, sendo mais um sítio para explorar turistas burros. Agradeci os elogios e elas riram todas com gosto. Depois deram-me os nomes das casas onde poderia comer bem, por menos de metade do preço, e seguiram na sua rotina habitual.

Como diria Cesária Évora: Saudades…

Gil Saraiva

 

 

 

Beijo de Saudades

351 - saudades.jpg351. Beijo de Saudades, aquele que se entrega vorazmente após uma ausência que nos pareceu infinitamente maior do que o que deveria ser, àquele ser a quem queremos bem. A intensidade do beijo e da saudade aumentam na mesma proporção em que esse nosso bem-querer é mais vivo, mais próximo da alma, do coração ou do amor. Beijar assim torna-se um ato explicito ao demonstrarmos claramente que não queremos mais sentir tamanha falta, que nos é preciosa a companhia, a presença e certamente toda a proximidade. Beijo de saudades, dá-se pelos sentimentos e não pelos sentidos.

 

 

 

Beijo de Boas-Vindas

051 - boas-vindas.jpg

52. Beijo de Boas-vindas, este é um dos gestos mais comuns em qualquer encontro, novo conhecimento ou reencontro. Antes de mais trata-se de um cumprimento tão banal como o passou-bem, a conhecida troca do aperto de mãos, ou o mero olá, mencionado ao ver alguém pela primeira vez ao fim um dado tempo. Os brasileiros chamam-lhe beijo boca de siri, porque os lábios não se abrem no momento da entrega. Em resumo é um bom-dia, boa-tarde ou boa-noite traduzido na forma de beijo, porém ganha especial relevância quando associado à saudade, ao regresso pródigo de alguém de quem se sente a falta na alma e em cada dia, e torna-se a manifestação intensa de um carinho reprimido, por um tempo sentido como excessivo, que finalmente termina com um final feliz, como nas histórias que escutámos na infância das nossas vidas.

Poemas de um Haragano: Livro XXI – Morro de S. Paulo

 

                   V

 

“MORRO DE S. PAULO”

 

Ao olhar

Ressalta já o Morro de S. Paulo;

Ao recordar

Um Morro de reis, de glórias

E de escravos;

Morro de histórias,

Fantasmas e de bravos;

Morro de saudade,

No tempo perdido,

Onde um minuto vale a eternidade,

Onde cada segundo tem sentido…

 

Aqui, no Morro de S. Paulo,

Das águas feitas de cristal,

Se elevando

O sonho ganha corpo, rosto, forma,

É natural…

E o sorriso vai edificando,

Em cada instante,

Uma outra plataforma,

Feita de natureza cativante

Como que esculpindo nova Atenas…

Mais do que bonito

O Morro de S. Paulo

É belo apenas!

 

Haragano, o Etéreo in Portaló

(Gil Saraiva)

Saudades

Saudades

"SAUDADES"

Saudades
Choro de um riso antigo
Hoje recordado...

Saudades
Vou deixando
Aqui, além...
Recordações eu guardo do meus passos:
Daquele alguém que um dia olhou pra mim
E me chamou de amigo...
E num olhar
Disse poder guardar de mim memória
E registar bem fundo o meu sorriso...

Saudades
Vou guardando, conformado,
Daqui, de além e de todo o lado
Onde há um abraço de amizade;
Onde a Humanidade for humana;
Onde a Paz existir na Natureza
E onde a Liberdade for amada...

Saudades,
Nostalogias, lembranças, emoções
E outros sentimentos pouco claros
Que vão ficando em nós
E que nos tornam
Produtos inventados pela mente
De quem a nosso lado já viveu
E guardou para si a nossa imagem...

Saudades
De outrora... de uma hora,
Daquele momento exacto,
Inesquecível,
Daquele instante louco, fugidio,
Em que a flor abriu, desabrochou...
Ou de outro que não conto por pudor,
Mas que por certo falava de Amor...

Saudades,
Momentos presentes do Passado
Que o Futuro não pode apagar;
Vivências de uma vida,
Lágrimas de dor, felicidade,
Desejos e gritos já vividos;
Anos de sonho e de saudades
E dias que são claras ilusões...

Saudades
Vou guardando, vou deixando
Aqui, ali, além, por todo o lado
Onde a lágrima seja borboleta
Ou onde a eternidade iluminada
Se reduza breve, num segundo,
A gotas de orvalho e de saudade...

Saudades
Choro de um riso antigo
Hoje, uma vez mais,
Já recordado
Ou novamente,
Até que enfim, reencontrado!...

Haragano, O Etéreo in O Próximo Homem

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