Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU!
Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite
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358. Beijo de Sentimentos, pese embora o facto de os sentimentos não se resumirem ao amor e de existirem centenas, senão milhares de sensibilidades positivas aqui inerentes, o amor é porta-estandarte deste beijo. Ele vem do peito de quem beija para se instalar no peito de quem o acolhe, levando consigo oceanos de intimidade difundida em vagas de afetos. É um beijo que se desloca por ventos ciclónicos de devoção apaixonada e conivente que geram tsunamis de cumplicidade avassaladora, porque um beijo de sentimentos tem âmago, vem do cerne do hipotálamo, passando pelo canal sem mancha do coração, para desaguar nas marés vivas do ser, nuns lábios que beijam convictos, firmes, escoando, a cada beijo, a tormenta benigna de cada sentir. Beijo de sentimentos, dá-se com alma, partilha-se com o coração, sente-se no âmago do existir e funde-se nos egos reunidos.
112. Beijo Entrelaçado, entre nós, dividido por dois, porque ninguém beija sozinho a não ser no reino distante da sua própria imaginação, onde tudo pode acontecer, mas sem a força viva e sentida da realidade. Um ato somado por ambos num só enlaço que se deseja unânime no empenho, inequívoco nas intenções, aprimorado no encadeamento da pele, das bocas, dos olhares e dos sentimentos. Beijo entrelaçado, qual cruzada, na luta pelo bem maior ao qual o verbo amar não é alheio, numa partilha de algo entre dois seres que se entregam mutuamente, trocando entre eles o comando das comutações, confundindo lábios, línguas e sons, gostos e aromas. Uma trança erótica de semblantes lascivos que se enleiam em concupiscências cúmplices que advêm, de um singular adrego de frenesim conjunto, do sorrir das almas para jubilo dos corações.
107. Beijo de Empada, criado com mil mimos tépidos, que aos poucos, enquanto duram e se demoram, chegam, sem darem conta, ao enrubescer dos cinco sentidos e de todas as emoções, como se fosse possível a sua transformação numa "manduca" deliciosa feita em camadas. Primeiro os sentimentos, ascendendo que nem lava, vindos do interior da alma, constituindo o nível base de suporte de toda a fundação deste beijar, como que refogando numa combinação temperada as moléculas que despertarão hormonas e feromonas. Na camada seguinte os sentidos, numa ebulição indescritível na busca faminta do êxtase, como que servindo de acompanhamento, que nos permite apreciar o degustar, quais emanações da derme que por debaixo esconde, sem sucesso, a ânsia da carne apetitosa. Quase no cimo acomodam-se os instintos, fervendo na natureza primitiva da sua remota origem, trazendo à nossa memória os intuitos primitivos de procriação animal, onde o gozo se partilha sem que o raciocínio se preocupe com quaisquer consequências. Finalmente a cobertura desta empada feita beijo, qual massa tenra de carinhos, gestos e ternura, representando a roupagem moderna impressa pela civilização evolutiva de milénios educativos e refinados na busca da perfeição das coisas para que tudo neste beijo se gere sem saber como mas que se devore sabendo bem porquê.
93. Beijo Delicioso, provido de volúpia, inventado exclusivamente para repartir prazer pelos sentidos, ávidos de sensações plenas, dos interlocutores. Gerado entre hormonas e sentimentos este é um beijo de boca com aromas de iguarias singulares. Um daqueles em que os palatos julgam reconhecer o travo de licores celestes, temperados a chocolate fino e perfumados com odores de rosas e lilases. Beijo delicioso porque se partilha com vontade, se entrega com dedicação, e se consome recheado de alma e acontecer.
87. Beijo Cúmplice, inventado pelo querer de dois seres que o realizam por desejo, vontade e paixão simultânea. Este é um beijo que ganha asas na privacidade das alcovas, protegido por esses refúgios pouco iluminados onde a sensualidade invade as sombras e os rasgos de luz dopam as mentes, apuram os sentidos, exaltam os sentimentos num universo de prazer tornado tátil por mãos, corpos e lábios que se envolvem em exercícios viciantes, de lancinante loucura sã, que só terminam por rendição das partes bem depois da unificação de um todo feito a dois. Beijo de cumplicidade, parente rico do amor, alma gémea da felicidade.
59. Beijo Calmo, lenifico e sereno na troca de olhares entre quem beija e quem recebe, coopera e se deleita. Depois… bem, depois vem o toque quase que casual das mãos, um contacto que assenta no pulsar das paixões e das sensações. Uma proximidade que sente a existência dos corações por debaixo das vestes do tempo, entre a derme e a lava excitada de cada um dos corpos. Depois, ahhhhhhh, depois a troca de sorrisos como se ambos fossem rouxinóis já feitos companheiros cantando noite adentro. Por fim, no apogeu crescente deste acontecer, os lábios estão prontos para se fundirem felizes na serenidade matutina de um ameno despertar de verão, na perfeita singularidade exclusiva de um beijo, que se degusta lentamente no palato íntimo dos egos que transmutam, com talhe ímpar, sentidos em sentimentos.
50. Beijo na Boca, clássico, sempre romântico, absolutamente sensitivo, sensual e desejado pelas partes, pois apenas nestas circunstâncias os lábios se encontram, se cruzam e entrecruzam, na busca de sentimentos tornados sentidos, na demanda comum de uma felicidade que se sente bem perto e para a qual a solução se encontra nessa entrega simples, carinhosa e devotada, desinibida e tão evidentemente atraente. O Beijo na Boca é sempre algo bem fácil de concretizar desde que os olhares se entendam, desde que as arritmias sejam uníssonas, desde que duas bocas se transmutem numa só.
48. Beijo Bêbado, como se este fosse o produto acabado e abusado de um excelente vinho tinto "made in Portugal", de cor vermelho rubi, com bordo magenta a combinar com os lábios que o transferem. Com aromas de boa fruta, num todo bem composto, elegante e devidamente proporcionado. Aplicado aos odores singelos que se trocam na partilha e na magia das formas em questão, em que a boca confirma a elegância e a compostura com fruta sincera e expressiva, proporcionando um beijo alegre e agradável, que dá prazer. Ou, dito de outra forma, em que a boca experimenta a pele macia, o cheiro a mulher, a alegria e a vivacidade experimentada ao ponto de nos embebedar os sentidos e os sentimentos se não ficarmos por um beijo apenas e, em vez disso, nos embebedarmos nele, e nos seguintes, numa embriaguez total.
31. Beijo Ardente, excitante e excitado, aquele que provoca a inceneração figurativa dos corpos em desejo impregnado de sensualidade e sexo, de volúpia e lascívia, de prazer e deleite, de carne e luxúria, de concupiscência e ambição, ou seja, ele é o ato que alcooliza os sentimentos, que droga os sentidos, que vícia o espirito, que projeta a alma para universos paralelos onde reina a emoção e que obriga o coração a bombar sangue como se do dilúvio divino se tratasse, tal a abundância frenética de hormonas correndo maratonas, num vai e vem infernal, entre dois seres fundidos num fogo imenso que se alimenta de vida e de paixão.
13. Beijo no Altar, um beijo de consumação de um casamento, normalmente religioso na origem, machista na determinação verbalizada pelo sacerdote, tradicional na forma, antigo na prática e, quantas vezes totalmente desprovido de sentimentos de um ou dos dois interlocutores. Porém, quanto convicto e assumido pelas partes, é um beijo de consolidação absoluta, de amor, de cumplicidade, de partilha social de sentimentos e de anúncio de uma fórmula de um futuro que se espera longo, participado e íntimo até uma possível eternidade por acontecer.