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Desabafos de um Vagabundo

Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU! Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite

Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU! Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite

Beijo Sem Tempo

356 - sem tempo.jpg356. Beijo Sem Tempo, intemporal em absoluto, praticado a cada mera troca simpática de olhares, a cada sorriso, a cada gesto de amizade, ou entre quem se quer bem, quem se gosta ou quem se ama. Beijo diferente a cada instante, sem nunca colidir com amarguras ou desgostos. Beijo em harmonia, numa conjugação perfeita entre o dador e recetor. Beijo que não usa relógio, que até mesmo renega Cronos por se achar superior, não tem horas, nem minutos, para ser dado ou recebido apenas momentos, instantes deliciosos em que se desvenda e pratica porque apetece, porque sabe bem, porque se quer.

 

 

 

Beijo Envolvente

113 - envolvente.jpg

114. Beijo Envolvente, desenvolvido numa cena de genuína sedução, numa atmosfera carregada de fantasia e rococós própria dos momentos de ultrarromantismo, em que tudo se parece conjugar como que saído de um molde cativante, imprimindo um cunho caraterístico ao local, às circunstâncias e ao tempo. Numa palavra, o cenário revela-se perfeito. Nos olhares sente-se a atração dos corpos, dos rostos e dos gostos. Inesperadamente ela sabe aquilo que a atrai nele e, como que por um inexplicável ímpeto, ele descobre tudo o que ela tem de encantador. Só então o beijo acontece. Lânguido no começar, emotivo depois do primeiro toque, vivido em plena devoção no decurso da ação, envolvente na transcendência do transporte das mentes para as sensações tépidas dos lábios, que se humedecem mutuamente, enquanto ambos se sentem conduzidos para mundos julgados impossíveis. Beijo envolvente que nascendo de um quase nada, sem um como ou um porquê, sem racionalismos ou filosofias, apenas ao serviço das cativações próprias do sentir, desagua em cenas feitas de beijar, por entre sombras vacilantes de velas, que parcas luzes emanam, entre olores lúbricos e palatos feitos quinta-essência, numa foz impetuosa lotada dos mais finos nutrientes de um amar.

Beijo Encantado

102 - encantado.jpg103. Beijo Encantado, qual profecia com três mil anos, que vem de boca a boca sendo contada pelas anciãs. O milagre acontece sempre e de cada vez que o evento tem lugar, mas apenas ocorre nas devidas circunstâncias. É preciso estar em tempo de Lua Cheia, mesmo no ponto máximo do crescendo das marés, ter como fundo um universo limpo de estrelas se perdendo até onde a vista alcança, conseguir chegar ao ponto mais elevado de todo o espaço circundante junto à natureza, seja floresta, serra ou pico apenas, vestir de branco ou negro e, abraçando a dama desejada, cruzar as cabeças, fundindo lábios nos lábios num momento que tem de instante tanto como de infinito. Por fim o sapo vira príncipe, a bela acorda sem saber que esteve adormecida, o bem vence e o amor triunfa…

Beijo Complicado

078 - complicado.jpg

79. Beijo Complicado, um daqueles que estranha o nunca. Que se concebe sem buscar um só porquê. Que se indaga ignorando o como. Que se lega sem um simples como, mas que se transmite mesmo sem se saber onde. Que se planeia sem ter tempo ou qualquer quando. Que se forja sem pensar em se… Que se consagra sem precisar de um e… ou de um e se… que se sente sem um odor sequer. Que se reparte sem se chegar lá. Que se devora sem se ter um fim. Que nos avassala sem sentirmos um, porém. Que se corporaliza porque o queremos dar sabendo a quem, a quem, a quem… beijo complicado, sabemos a quem o queremos facultar e isso chega.

Poemas de um Haragano: Nos Caminhos da Flor – A Palavra

 

 

NOS CAMINHOS DA FLOR

 

           I

 

"A PALAVRA"

 

O bar ao fundo...

O motivo era a espera,

Uma espera com fim anunciado:

Ela não devia demorar!

 

Na sala cheia ninguém dava por mim,

Naquele canto destinado

A ilustres desconhecidos,

Como eu, aliás...

A multidão falava de quotidiano,

Falava de tudo,

Mesmo sem muito conseguir acrescentar...

 

Na minha mente

Uma só palavra parecia bailar

Entre a ponta da língua

E a garganta seca da cerveja

Já extinta no copo da imperial,

Havia algum tempo...

 

O bar ao fundo...

Uma só palavra...

E ela que tardava...

 

Pela milionésima primeira vez

Consultei o relógio,

Era verdade:

Os segundos continuavam a passar

No ritmo incontrolável

Do Tempo...

 

Levantei o olhar...

Ela sorriu para mim

Uma vez mais,

Como mil e uma vezes o fizera

Anteriormente...

 

E a palavra ganhou forma de novo,

E o Tempo parou,

E o bar pareceu vazio,

E a garganta húmida

Ganhou voz e lançou a palavra,

Pela milionésima segunda vez,

Pela ponta da língua:

 

Amo-te!

 

Haragano, O Etéreo in Nos Caminhos Da Flor

(Gil Saraiva)

Poemas de um Haragano: Achas de um Vagabundo – Um Copo

 

 

        XV

 

"UM COPO"

 

Um copo de cerveja e um cigarro...

E a música apalpando toda a gente...

Um copo de cerveja e um cigarro...

E gente sentindo o corpo quente...

 

Um corpo que deseja e mais um charro...

E o álcool subindo calmamente...

Um corpo que deseja e mais um charro...

E outro corpo aquecendo lentamente...

 

Um litro se despeja zarpa o carro...

E o leito se aproxima ardentemente...

Um litro se despeja, zarpa o carro...

E zarpa o sangue no corpo da gente...

 

Um fogo que se inveja, coze o barro

E unindo dois corpos fortemente:

É movimento, ritmo, ternura,

É febre, suspiros e loucura;

É infinito num tempo finito,

No segundo louco da expansão...

 

Um grito se solta e é bizarro...

É suor, saliva e sucos de emoção...

Um grito se solta, coze o barro

No exato momento da fusão!...

 

É já... ainda não... e mais... agora!...

É vem... amor... é dia dos sentidos,

É noite, ardor, é dentro e fora,

É grito que se quebra em mil gemidos!...

 

Haragano, O Etéreo in Achas para um Vagabundo

(Gil Saraiva)

Poemas de um Haragano: Terra de Vénus – Bastou

 

        V

 

"BASTOU..."

 

Nos braços de mulheres, vezes sem conta,

Caí durante um tempo que não sei...

E nos seus ventres foi meu ceptro rei,

Vassalo, escravo, prémio e mesmo afronta...

 

E nos seus lábios minha boca pronta

Bebeu todo um amor que eu não provei...

E porque tudo tive... nada dei,

Apenas saciei-me em carne tonta...

 

Em braços, por mulheres, meu ego andou,

Vampiresco animal por emoções...

Eu fui o outro lado do que sou

 

Somando caras, ventres, erecções...

Mas me perdeu um dia Lúcifer,

Bastou um só olhar de ti... mulher!...

 

Haragano, O Etéreo in Terra de Vénus

(Gil Saraiva)

Poemas de um Haragano: Livro XXI – Portaló – D. Quixote

 

           X

 

"D. QUIXOTE"

 

Um sorriso do olhar... simples, mais nada...

Fazer parar o tempo nessa hora,

Saber morrer de amores, p’la vida fora,

Apenas p’lo teu ar de apaixonada...

 

E, então, te ver brilhar, de alma encantada,

Nesse crepuscular que a serra adora...

Sentir-te, à luz da vela acesa, agora,

A cintilar de vida, porque amada

 

Te sentes hoje, pra sempre, meu amor,

Vida, que me cativa e prende enfim...

Ah! Como é bom ser teu e ter em mim

 

Tudo o que sou, pra dar-me em mais furor...

E se me és Dulcineia, verso, mote:

Faz, por amor, de mim teu D. Quixote!...

 

Haragano, o Etéreo in Portaló

(Gil Saraiva)

Poemas de um Haragano: Livro XX - D. Quixote

 

"D. QUIXOTE"

 

 

Um sorriso do olhar... simples, mais nada...

Fazer parar o tempo nessa hora,

Saber morrer de amores, pla vida fora,

Apenas plo teu ar de apaixonada...

 

E, então, te ver brilhar, de alma encantada,

Nesse crepuscular que a serra adora...

Sentir-te, à luz da vela acesa, agora,

A cintilar de vida, porque amada

 

Te sentes hoje, pra sempre, meu amor,

Vida, que me cativa e prende enfim...

Ah! Como é bom ser teu e ter em mim

 

Tudo o que sou, pra dar-me em mais furor...

E se me és Dulcineia, verso, mote:

Faz, por amor, de mim teu D. Quixote!...

 

 

Haragano, O Etéreo in Livro de Um Amor

(Gil Saraiva)

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