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Desabafos de um Vagabundo

Serve este local para tornar visível o pensamento do último dos vagabundos que conheço: EU! Aqui ficarão registados pensamentos, crónicas, poemas, piadas, quadros, enfim, tudo o que a imaginação me permite

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Poemas de um Haragano: Terra de Vénus – Flor da Pele

 

             IX

 

"FLOR DA PELE"

 

Sentir à flor da pele o verbo amar,

Amar de corpo e alma, com furor...

Sentir, vibrar, viver e pressupor

Que o ser humano tem num só olhar:

 

A força e a vontade de lutar,

A garra e o poder de sobrepor

A tudo e todos a palavra amor,

Por mais que essa palavra vá custar!...

 

Sentir, à flor da pele toda uma vida

No prazer divinal de um só orgasmo...

Viver de gosto em pleno entusiasmo,

 

Amar sem fronteiras, foragida...

Assim sempre tu és e apaixonada

Amas-me à flor da pele... da pele suada!...

 

Haragano, O Etéreo in Terra de Vénus

(Gil Saraiva)

Todos Conhecem a Terra... 01/02

Todos Conhecem a Terra

"TODOS CONHECEM A TERRA..."

("A GUERRA DOS TÊS " Ou "Lembrando Gedeão...")

Todos conhecem a Terra,
Que vem dos confins do Tempo,
Vem de um talvez contratempo,
É testemunha afinal;
Vem de tochas e de fráguas,
Tem o timbre dos cantores,
Tédios tranquilos vapores
No transparente das águas,
Tem temporal de báguas
Em temores de rostos mil,
Tem tempestade viril
Na transcendência do Ser...

Todos conhecem a Terra,
Tradição, trigo, ternura,
Um terreno de bravura
A transbordar tatuagens,
Qual talismã de miragens
De uma tarde ainda futura...

Todos conhecem a Terra,
Texto, terreiro, trabalho,
Trato, taxa ou espantalho,
Trégua em tratado tardio...
Taciturna por um fio;
Território, telegrama,
Transitório trunfo, trama
A transbordar de tensão...

Tabuleiro de tornado,
Turno de turma, pecado,
O tardar da televisão
Que é sinal de tempestade;
Tomar tarefa, torpedo,
Trincheira cheia de medo,
Trânsito, tiro de verdade,
Telemóvel e brinquedo;
Transtornada tentação,
Terramoto, temperatura,
Tiquetaque de rotura,
Tromba-d'água, tubarão;
Talhar de teima, temer,
Tecer truque tenebroso,
Testemunho que odioso
Nos faz tombar e torcer...

Todos conhecem a Terra,
Que é trampolim da comédia
E que num truque se encerra,
De transpirar sem recibo
Em tirania e tragédia
Na traição de uma tribo...

Todos conhecem a Terra,
Telefone de trovão
Que tosse como um tufão
Tóxicos traumas da guerra,
Que não pára, não tem termo,
Não tem fim, é um tormento...
Tantas toupeiras num ermo,
Quais tanques em movimento,
Três, treze e quantas mais...?
Vão cavar túmulos fatais...

Todos conhecem a Terra,
Onde até o topo erra,
Que é como um túnel, tesouro,
Termómetro e tenebroso
Tráfico feito sem ouro,
Por um bandido tinhoso,
Que trafica à tonelada,
Sem táctica ter traçada...
Tráfego, tranca, tarado,
Testículo abandonado
Por um traidor que merecia
Não um trono, mas torrado,
Ser em turbina de azia,
Sem eles morrer castrado...

Todos conhecem a Terra,
Técnica, troféu total,
Tímpano, trauma, torneio,
Transporte e tribunal,
Tanto trilho, transfusão,
Tentáculo de traiçoeiro,
Travessia terminal
Da trincheira de um tumor...
Troco, turista, terror,
Tratamento pra tirar
Tudo o que houver que depor,
Sem a tropa a tripular...

Todos conhecem a Terra...
E se houver uma Terceira
Guerra de trevas final,
Começada à terça-feira
Por um taliban fatal...?
Temível, totalitário,
Louco querendo trucidar
Um trémulo mundo ao contrário
Que não sabe ripostar...
Da tristeza à transfusão,
Com um terço em cada mão,
Vamos todos esperar
Que em bem possa terminar
Esta luta dita santa
Por quem tem cérebro de anta,
Que as torres fez desabar!...

Mas nada disto adianta,
Todos conhecem a Terra:
Havendo homens no mundo,
Num segundo travar guerra
É tara, filosofia,
Sonho tornado magia
Que vem dos confins do Tempo,
Vem de um talvez contratempo,
Testemunho que entre mil
Nos faz tombar e torcer
Em tempestade viril
Na transcendência do Ser...

Haragano, O Etéreo in Memórias Da Terra

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