Desabafos de Um Vagabundo: As Palavras Caladas de Isa
Li no blog do sapo denominado "Um Pássaro Sem Poiso", um poema denominado "Palavras Caladas", o qual, por sua vez, ainda remete o visitante para outro poema da mesma autora, denominado "Silêncio", esse escrito nos idos de 2019. Li e comentei. Mas vamos em primeiro lugar ao poema e, por fim, ao comentário:
Palavras caladas: por Isa Nascimento - (https://isanascimento.blogs.sapo.pt/palavras-caladas-105073)
Palavras Caladas
A verdade é que o silêncio não tem significado.
Não significa ausência de crítica nem aceitação.
Não significa compreensão nem escuta.
Não é poesia.
É nada.
É apenas ausência de verbalização e de som.
O silêncio é composto de ruídos abafados e palavras caladas.
Palavras que enchem de barulho o pensamento de uma boca silenciada.
Mas também palavras serenas, que tranquilizam a mente que as guarda dentro de si.
Não é possível saber.
Quem escuta o silêncio pode senti-lo, mas o que sente está em si e não no significado do silêncio.
Isa Nascimento (em 30 / 07 / 2021)
(Imagem de Isa Nascimento)
O meu comentário:
"Quem escuta o silêncio pode senti-lo, mas o que sente está em si e não no significado do silêncio." A frase da menina Isa ajuda os mais distraídos a entenderem melhor o silêncio quando o escutam, ou não, fiquei sem ter a certeza. O verso visa orientar o leitor, ajudando-o numa reflexão mais profunda do tema.
Pensei nos meus silêncios, porque são vários. Tenho aqueles que me chegam do sentir, seja pelo amor, pelo medo, pelo pânico, pela ansiedade, saudade ou espera, esses eu sinto-os e compreendo bem o significado das palavras caladas que barafustam, internamente, desabafos pelas tascas do pensamento ou que se entregam à meditação, velada de conclusões, serena ou agitada conforme a origem ou a consequência.
Todavia, o pior e mais assustador dos meus silêncios dá pelo nome de imaginação.
Esse é um monstro terrível que muitas vezes me enche o cérebro de palavras e ruídos que se acumulam e transbordam, sem, contudo, terem para onde ir. Chego a sentir os portões da insanidade a rangerem de tão cheio que tudo se encontra no espaço limitado do meu cérebro.
Ás vezes, consigo sangrar o monstro, através de palavras mudas e de ruídos que não se escutam, nas palavras que escrevo, no mais profundo silêncio, dando alguma vazão à imaginação. Se este silêncio ganhar voz nas bocas de terceiros, não serei eu quem o desfaz, mas fico bem mais aliviado.
Minha querida amiga, às vezes a Isa leva-me tão longe, amei as suas "palavras caladas" de tal forma que vou usar quase todo este comentário num desabafo de um vagabundo próximo. Divinal este seu texto, desculpe se me estiquei em demasia.
Gil Saraiva
Nota: É evidente que o meu comentário teve resposta à altura por parte de Isa (veja no blog "Pássaro Sem Poiso")
Gil Saraiva