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NOS CAMINHOS DA FLOR
I
"A PALAVRA"
O bar ao fundo...
O motivo era a espera,
Uma espera com fim anunciado:
Ela não devia demorar!
Na sala cheia ninguém dava por mim,
Naquele canto destinado
A ilustres desconhecidos,
Como eu, aliás...
A multidão falava de quotidiano,
Falava de tudo,
Mesmo sem muito conseguir acrescentar...
Na minha mente
Uma só palavra parecia bailar
Entre a ponta da língua
E a garganta seca da cerveja
Já extinta no copo da imperial,
Havia algum tempo...
O bar ao fundo...
Uma só palavra...
E ela que tardava...
Pela milionésima primeira vez
Consultei o relógio,
Era verdade:
Os segundos continuavam a passar
No ritmo incontrolável
Do Tempo...
Levantei o olhar...
Ela sorriu para mim
Uma vez mais,
Como mil e uma vezes o fizera
Anteriormente...
E a palavra ganhou forma de novo,
E o Tempo parou,
E o bar pareceu vazio,
E a garganta húmida
Ganhou voz e lançou a palavra,
Pela milionésima segunda vez,
Pela ponta da língua:
Amo-te!
Haragano, O Etéreo in Nos Caminhos Da Flor
(Gil Saraiva)
"ERA UMA VEZ..."
Era uma vez,
Não sei bem onde,
Não sei bem quando...
Mas sei que era uma vez:
A minha vez!
(Talvez...)
Corri depressa e não cheguei mais cedo,
Afinal a culpa era do tempo...
Desse Cronos que nos faz
Andar a horas.
Cheguei tarde,
Tarde demais...
Quem sabe?!...
Apenas por ter o relógio
Atrasado no Tempo,
Num tempo que não espera
Mesmo quando o relógio pára!
Mas cheguei,
Ah, sim, cheguei!...
Cheguei a onde era uma vez...
Lá fora,
Cá dentro,
Dentro de mim, que mais importa?
Cheguei e pronto!
Estou aqui,
Para quem o tempo não conta
Por mais que passe,
Para quem corre o risco
De chegar tarde
Mas corre na mesma,
A ver se dessa vez é a que importa!
Era uma vez,
Um relógio parado no Tempo,
Perdido de funções,
Um sem sentido,
Que apenas existe e não se explica,
Mas lindo,
Divinamente belo,
Aos olhares que nele buscam um Tempo,
Que ali parou sem explicação,
E ficam por instantes,
Que por breves,
A revelar que o Tempo não é tudo
E que talvez o relógio não tivesse
Vocação para dar horas,
Marcar um Tempo,
Farto de ser marcado sem sentido,
Porque a Eternidade não tem Tempo
Mas o Tempo dura eternidades!
Era uma vez...
Haragano, O Etéreo in Memórias Da Terra
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